Os pets foram fotografados em um ensaio à fantasia para chamar atenção do público para a adoção consciente.
Já pensou em encontrar o amor através de fotografias? Essa é a proposta de uma iniciativa que busca incentivar a adoção de animais resgatados que vivem em um abrigo de Macapá, no Amapá. Os pets foram fotografados em um ensaio à fantasia para chamar a atenção do público para a adoção consciente.
O termo, “adoção consciente”, é o nome dado à tutela responsável de animais, já que os cuidados vão muito além de apenas abrigar e alimentar. A adoção consciente inclui: fornecer auxílio veterinário, imunização, lazer, espaço adequado, além de muito carinho e atenção.
Para que a voluntária possa continuar os resgates e também consiga ajudar outros animais, é necessário que os tutelados sejam adotados, para abrir espaço a novos peludos. Mas além da dificuldade com as despesas, o abrigo também enfrenta a baixa procura de adotantes interessados.
“A maioria dos animais resgatados que vivem no abrigo são vira-latas, cada um com a sua história, e todos precisam de um lar. São bichos que saíram da rua em condições ruins e hoje vivem conosco. Eles são alimentados, cuidados, recebem vacina e estão disponíveis para adoção responsável”, explicou a titular do abrigo, conhecida como “Mamys”.
A mulher de 54 anos conta que vários animais já foram adotados e devolvidos. Em casa, Mamys convive com 11 animais, incluindo uma de suas primeiras adoções, a cachorrinha ‘Linda’, que tem 7 anos.
“Me tornei protetora porque fui fazer uma doação de ração e me encantei pelos animais. Deixei a comida e trouxe uma cadela, que inclusive é deficiente, a ‘Linda’, ela foi atropelada e não tem as patas traseiras, mas vive muito bem comigo”,
relembrou.
A voluntária estima que nos sete anos em que trabalha com resgate, cerca de mil animais já foram salvos das ruas, entre os que vivem no abrigo e os que já foram adotados.
“Esse ensaio ficou muito bonito, mas infelizmente nenhum animal foi adotado ainda. Quase todos eles já estão castrados, então conseguimos doá-los com mais responsabilidade, porque sabemos que eles não vão procriar”, lamentou.
Por conta da quantidade de animais, a protetora compartilhou que tem problemas constantes com o vizinho pelo barulho dos latidos. Por isso, os resgates foram suspensos e hoje ela apenas mantém os cuidados com os animais que já estão sob responsabilidade do abrigo.
Olhar e afeto
A fotógrafa Clarice Dantas foi a responsável pelos registros dos animais do abrigo. A jovem de 23 anos conta que sempre gostou e conviveu muito com pets e por isso o ensaio foi divertido e especial. “A ideia foi um presente que um amigo meu quis dar para a mãe dele. Eu já tinha um pouco de experiência em fazer fotos de animais em eventos de ONGs, mas cada ensaio é sempre único”, afirmou Clarice.
A jovem iniciou os registros de animais com ajuda da própria cachorra de estimação, uma bulldog inglesa de nome “Lola”. A modelo foi base para os primeiros testes da fotógrafa e auxiliou no treinamento de cliques mais espontâneos, o que contribuiu para sessão no abrigo.
“Não teve uma preparação, fui na expectativa de que fosse muito espontâneo, porque a minha fotografia tem esse teor de ser baseada no afeto do momento, nunca gostei de nada muito ensaiado. Então, eu jurava que ia fotografar os animais, a interação deles com a mãe do meu amigo, e quando eu cheguei lá vi que eram muitos deles e topei na hora. Foi incrível!”, contou com alegria.
Os olhares expressivos dos animais deram um tom ainda mais emocionante ao ensaio. Mesmo com adereços e roupas diferentes, eles ainda conseguiram se destacar sem precisar de muita ajuda. As poses e caretas engraçadas foram um show à parte e ajudaram a descontrair o clima no ambiente.
“Todas as minhas experiências com animais me mudaram, tudo sempre acaba acrescentando algo na minha visão e me dá mais vontade ainda de trabalhar dessa forma”, contou a fotógrafa emocionada.
As fotos circularam pelas redes sociais e chamaram a atenção de quem é apaixonado por animais, e até quem nunca adotou ficou encantado pelos registros dos peludos. O objetivo é que a mobilização possa atrair adotantes para mudar o destino dos bichos que vivem ali.
Os cachorros que passam mais tempo nos abrigos costumam ser os mais velhos. A situação é ainda pior se o pet tiver alguma necessidade especial ou deficiência, o que afasta os adotantes e aumenta a possibilidade de que ele viva os últimos dias sem conhecer uma família.
“Ah, os velhos não vão… os velhos e os deficientes são os mais difíceis. Entre os dois, costumam adotar mais os deficientes do que os idosos. Dos que vivem no abrigo, nenhum [idoso] foi adotado”, lamentou a voluntária.
Os pelos grisalhos e os dentes quase inexistentes não diminuem o carinho e a ternura dos animais idosos. Por já estarem mais cansados, costumam ser mais calmos e dóceis, por isso não levam muito tempo para se adaptar ao novo lar, mesmo assim, não são os preferidos de quem busca uma adoção.
Os interessados em adotar podem entrar em contato com a voluntária através do perfil criado exclusivamente para o contato com os adotantes.