Aos 65 anos, multiartista amapaense se inspira na cultura quilombola para escrever livros infantis

Moradora do região do Curiaú, em Macapá, Dona Esmeraldina concluiu o curso superior de pedagogia há dois anos, mesmo enfrentando um câncer de mama.

Moradora da região quilombola do Curiaú, em Macapá, Esmeraldina dos Santos é uma das grandes personagens amapaenses. Aos 65 anos, ela se inspira no marabaixo, manifestação que virou patrimônio cultural imaterial do Brasil, para escrever livros infantis, além de registrar a história e cultura do povo que representa.

É por meio das obras literárias que a mulher conta de forma lúdica acontecimentos do Curiaú e transmite aos mais novos as memórias e ensinamentos dos quilombolas amapaenses.

Mas superação é a palavra que define Esmeraldina. Há dois anos, ela concluiu o curso de pedagogia mesmo enfrentando um câncer de mama. No Trabalho de Conclusão de Curso, como não podia ser diferente, o tema foi o batuque, outro ritmo musical tradicional no Amapá.

“Em 2018 eu não sabia se fazia estágio [da faculdade], se me preocupava com a doença. Foi uma situação muito complicada na minha vida. Mas graças à Deus estou aqui para contar essa história”,

relatou.

Esmeraldina Ramos, escritora nascida no quilombo do Curiaú, no Amapá. Foto: Jorge Junior/Rede Amazônica AP

Além de escritora, Esmeraldina é compositora, marabaixeira e artesã de uma família tradicional do Curiaú. Ela também cuida de um espaço que se tornou atração na comunidade: o Malocão da Tia Chiquinha, uma das figuras mais importantes do marabaixo, que era a mãe da Dona Esmeraldina.

No Malocão, que já virou ponto turístico na região quilombola localizada na Zona Norte de Macapá, o visitante encontra os livros publicados e artesanatos produzidos por Esmeraldina.

Esmeraldina se dedica a escrever histórias infantis. Foto: Jorge Junior/Rede Amazônica AP

Hoje curada da doença, a multiartista lembra quando descobriu o câncer e, com a certeza de que venceria a enfermidade, escreveu uma história onde a protagonista tinha o sonho de escrever um livro.

“Quando veio a doença eu disse: ‘amanhã vai passar o câncer, porque eu sempre acreditei, esta pandemia vai passar, e eu vou olhar para atrás e perguntar o que foi que eu fiz nesses dois anos’. Eu não consegui fazer nada da vida. Aí eu fui escrever. Aí coloquei o sonho da menina fazer o livro”, disse.

*Por Núbia Pacheco  

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