De acordo com Artaxo, que é pesquisador da Universidade de São Paulo (USP), nesta fase, prevista para começar em abril deste ano, será dado o início dos trabalhos de medidas de fluxo de carbono, de aerossóis, de propriedades da vegetação, dentre outros estudos, e começar a usar a torre como instrumento de pesquisa para entender o bioma amazônico como um todo.
Artaxo comenta que durante a construção da torre de 325 metros (fase 1) foram realizadas medidas nas torres menores e com esses resultados foram produzidos um grande número de artigos. “Estamos felizes com a ciência que foi feita na Torre Atto, avançando com o conhecimento da interação entre a floresta, a atmosfera e o clima da região amazônica”, comemora o pesquisador. “Agora, estamos nos preparando para entrar na fase 2, quando a torre estará completamente instrumentalizada e pronta para operação”, destaca.
Em maio deste ano está programado um encontro científico da Torre Atto com pesquisadores do Brasil e da Alemanha, no Inpa. São esperados cerca de cem estudiosos e colaboradores. O evento será aberto ao público e na oportunidade será apresentada a fase 2 da Torre Atto, quando os coordenadores tentarão atrair mais parceiros brasileiros para o projeto.
O encontro reúne até na manhã desta quinta-feira (9) pesquisadores que participaram da campanha para que possam trocar informações sobre os resultados coletados. Participam do encontro, além de pesquisadores do Inpa, estudiosos da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Instituto Max Planck, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Universidade Federal do Paraná (UFPR). “A Torre Atto é um laboratório nacional e deve ser aberto para vários pesquisadores, independente de suas instituições”, disse o gerente do Comitê Científico do LBA.
A nova coordenadora do projeto Atto pelo lado alemão, a pesquisadora Susan Trumbore, que assumirá o cargo em maio, também participa do encontro e comenta que o desafio maior foi construir a torre no meio da floresta, mas agora é preciso fazer pesquisas com mais impacto. Ela explica que na fase 2 há projetos para se utilizar toda a estrutura da torre, como medição do fluxo de CO2 da base da floresta amazônica. “A Torre é alta e é possível ver a influência de uma área mais ampla”, diz.
De acordo com o gerente operacional pelo lado alemão, o pesquisador Stefan Wolff, nos últimos 6 anos, cerca de 60 a 70 pessoas, vêm trabalhando na Torre Atto. “São pessoas que estão indo e vindo, participando fortemente dos grupos de pesquisas. Não há um número fixo e depende muito da época do ano”, diz.
Sobre a Torre Atto
O Observatório de Torre Alta da Amazônia (Atto, na sigla em inglês) é a maior torre de estudos climáticos do mundo e é também maior que a torre Eiffel, em Paris. Com 325 metros de altura, a torre está localizada no meio da maior floresta tropical contínua do planeta, na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã, a 150 quilômetros em linha reta de Manaus (AM), no município de São Sebastião do Uatumã.
Inaugurada em agosto de 2015, a Torre Atto é um consórcio entre o governo brasileiro e alemão, executado pelo Inpa, Unidade de Pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações (MCTIC); o Instituto Max Planck de Química e de Biogeoquímica e a Universidade do Estado do Amazonas (UEA). O investimento foi na ordem de R$ 26 milhões, rateados em 50% para cada governo.
Instalada numa área livre de qualquer tipo de poluição, a torre vai monitorar o clima na região amazônica, por um período de 20 a 30 anos, a partir da coleta de dados sobre os processos de troca e transporte de gases entre a floresta e a atmosfera. A floresta tropical da Amazônia é um dos ecossistemas mais sensíveis do planeta, que desempenha papel importante na estabilização do clima.
Além do Inpa e UEA, participam do Projeto Atto: Cena-USP, Instituto Federal do Pará (IF-PA), Instituto de Física da USP, Inpe, Ipen, Ufam, Ufopa, UFPRR, UFSM, UFU, UnB e Unifesp.