Levantamento aponta que Porto Velho é segundo maior emissor de gases de efeito estufa do Brasil

Capital rondoniense era a 4ª maior poluente em 2021 e agora ocupa a segunda posição no ranking. Desmatamento e a agropecuária são os principais emissores, segundo a pesquisa.

Porto Velho (RO) é o segundo município do país que mais emitiu gases do efeito estufa em 2022, os causadores do aquecimento global. O setor de “alterações de uso da terra”, que inclui o desmatamento e as queimadas, foi o grande vilão das emissões.

Os dados são do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG), uma iniciativa do Observatório do Clima que compreende a produção de estimativas anuais das emissões de gases de efeito estufa (GEE) no Brasil.

Segundo a pesquisa, a capital de Rondônia emitiu mais de 25 milhões toneladas de MtCO2e (unidade de medida que reúne todos gases, incluindo dióxido de carbono, metano e óxido nitroso) em 2022.

Caso seja feita uma comparação em relação a anos anteriores, há uma redução pouco significativa na emissão de gases em Porto Velho. Enquanto isso, outros municípios apresentam uma diminuição bem mais significativa e descem no ranking de municípios poluentes.

Em 2021, Porto Velho ocupava a 4ª posição no ranking. No ano seguinte, em 2022, mesmo com uma pequena redução na emissão, a capital passou a ser o segundo mais poluente entre as cidades do Brasil. Isso porque os demais municípios apresentaram uma redução bem maior.

Fotos: Rosinaldo Machado/Arquivo SECOM RO

O biólogo especialista na área ambiental, Mauro Guimarães, explica que muitos gases são causando por atividades humana e que contribuem para o efeito estufa. Os principais são:

– Gás Carbônico (CO2), contribui cerca de 60% para o efeito estufa e é proveniente da queima de combustíveis fósseis e desmatamentos;
– Metano (CH4), presente em gás natural, produzido por gado e atividades humanas; e
– Óxido Nitroso N2O, gerado por microrganismos, fertilizantes e queima de biomassa, contribuindo para o aquecimento global.

Desmatamento: o vilão do efeito estufa

Os dados do SEEG classifica cinco “setores” responsáveis pela emissão dos gases do efeito estufa no país: mudanças de uso da terra, agropecuária, energia, resíduos e processos industriais.

O setor de “mudança de uso da terra”, que está diretamente relacionado ao desmatamento e as queimadas, foi responsável por 23,1 milhões toneladas de MtCO2e. As “alterações de uso da terra” representaram 108,9% das emissões de gases nessa categoria em 2022, de acordo com o a plataforma.

Segundo dados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), no mesmo ano, Porto Velho desmatou 551,19 km², uma das maiores taxas desde o início da medição em 2008.

Essa marca ficou abaixo apenas do acumulado de 2021, quando foram registrados 619,34 km² de desmatamento, de acordo com o Prodes.

Segundo Mauro Guimarães, quando uma árvore morre, seja por decomposição ou queima, ela libera carbono. Além disso, a floresta derrubada também emite outros gases, como o metano (CH4), equivalente a toneladas de CO2, e o óxido nitroso (N2O).

Agropecuária

O especialista Mauro Guimarães explica que setor agropecuário é uma das principais causas do desmatamento. Isso porque, para o manejo das pastagens, são feitas queimadas anuais para renovar o pasto, entre outras alterações.

“A pecuária praticada aqui [Rondônia] é predominantemente extensiva e focada na expansão de terras para o gado pastar livre. A expansão dessas pastagens sobre as florestas, através do uso do fogo, converte o carbono armazenado nas árvores em dióxido de carbono (CO2) e o libera na atmosfera”, ressalta.

De acordo com os dados da SEEG, a agropecuária é o segundo setor responsável pela alta quantidade de gases emitidos na capital e que impactam o efeito estufa. Dentro desse setor, a fermentação entérica representa 78% das emissões.

Segundo o biólogo, o gado emite metano (CH4) como parte do seu processo digestivo durante a ruminação. Essa emissão de metano, é conhecida como ‘fermentação entérica’, que ocorre quando microorganismos no sistema digestivo dos animais degradam os alimentos, resultando na produção desse gás, um dos causadores do aquecimento global.

*Por Emily Costa, g1 RO 

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