Novo teatro dedicado à cultura popular em Belém: uma homenagem para Nazareno Tourinho

Considerado um dos mais renomados autores e dramaturgos paraenses, Nazareno Tourinho foi jornalista, dramaturgo, teatrólogo e escritor espírita. Faleceu em 2018, de câncer.

Só as quadrilhas juninas de Belém, no Pará, envolvem todos os anos mais de 100 mil jovens, sobretudo dos bairros periféricos. São milhares os artistas – atores, pintores, peformadores, escultores – e as manifestações culturais (como os grupos de pássaros e os de boi-bumbá) ansiosos por palcos e salas relevantes para apresentar as obras. 

Para valorizar os artistas que buscam espaço para apresentarem suas obras, a cidade passa a contar com o Teatro Popular Nazareno Tourinho, inaugurado em 6 de dezembro. O novo espaço cultural, no Largo do Carmo (bairro da Cidade Velha) funcionará como um centro de artes e cultura para toda a cidade, principalmente para as comunidades que produzem intensamente, mas não têm como mostrar os trabalhos.

O homenageado, Nazareno Tourinho, é considerado um dos mais renomados autores e dramaturgos paraenses. Foi jornalista, dramaturgo, teatrólogo e escritor espírita, e faleceu em 2018, de câncer. Também foi membro da Academia Paraense de Letras (APL), publicou quase 30 obras (algumas em outros idiomas), reconhecidas por destacar a relação do homem com a cidade e as diferenças sociais. Não à toa a data de inauguração do teatro é emblemática: é a data de nascimento do teatrólogo, que neste ano completaria 88 anos de idade.

Nasceu em 1934, em Belém, filho de Aristóbulo da Costa Tourinho e Jarina Bastos Tourinho. Foi casado com Miryan Zagury Tourinho e teve três filhos: a arquiteta Helena Lúcia Zagury Tourinho, o psicólogo Emmanuel Zagury Tourinho e a psicóloga Tânia Regina Zagury Tourinho.

Foto: Divulgação

Suas peças teatrais chegaram inclusive a serem encenadas no Rio de Janeiro e em São Paulo, como ‘Nó de Quatro Pernas’ e ‘Fogo Cruel em Lua-de-Mel’. Fundou o centro espírita Casa de Nazareno, em Belém, tema sobre o qual também escreveu diversos livros, como ‘Gotas de Espiritismo’, A Dramaturgia Espírita’, ‘O Trabalho dos Mortos e a Tolice dos Vivos’ e ‘Kardec, Jesus e a Filosofia Espírita’.

O atual reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA), Emmanuel Tourinho, filho de Nazareno, emocionou-se em poder ver inaugurado o teatro popular com o nome do pai.

“Nazareno Tourinho era uma pessoa do povo, que gostava de escrever as coisas do povo do Pará e sobre as grandes questões que afligem as pessoas mais pobres do nosso Estado. Ele sempre desejou muito construir um teatro popular. Esse sonho dele se realiza com esse teatro implantado pela Prefeitura de Belém. É uma homenagem muito bonita”,

afirma Emmanuel.

O novo espaço também valoriza, ainda mais, um dos centros culturais e de lazer de toda a Belém, a Cidade Velha e o Largo do Carmo, tradicionalmente pontos de encontro de toda a cidade, palcos para algumas das manifestações culturais mais abrangentes de Belém.

Uma caricatura de Nazareno Tourinho produzida pelo cartunista paraense JBosco está exposta no segundo andar do prédio. Uma leitura dramática da peça inédita deixada por Nazareno Tourinho, ‘Ângela do Céo Perdida na Terra’, foi apresentada pelos artistas Ângela do Céo e Fernando Matos.

Além disso, também está em exposição no teatro a mostra ‘I´de – Nasã, O Povo das Águas’, com imagens do acervo do Museu de Arte de Belém (Mabe).

Teatro Popular Nazareno Tourinho foi inaugurado nesta terça-feira, 6, pela Prefeitura de Belém, no Largo do Carmo, na Cidade Velha. Foto: Mácio Ferreira/Agência Belém

Fomento à cultura popular

O Teatro Nazareno Tourinho vai oferecer programações gratuitas para a população e fomentar, por meio de editais, o trabalho de artistas em um espaço versátil para receber peças teatrais, exposições e outras manifestações culturais. O prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, lembrou que o dramaturgo Nazareno Tourinho escrevia as coisas pelas quais lutava, que expressavam a coerência da sua vida, como a luta todos dias por uma sociedade sem fome, sem nenhum tipo de exploração e opressão. “Ele era um homem do futuro”, afirmou. 

*Com informações da Agência Pará e da página Família Tourinho no Facebook

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