Relembre o caso da sanguessuga capaz de viver na narina humana

Causadoras de pavor ou nojo, as sanguessugas já foram utilizadas na medicina natural por séculos e cientistas ainda buscam por muitas respostas.

Causadoras de pavor ou nojo, as sanguessugas são vermes hematófagos, ou seja, que se alimentam de sangue, e pertencem ao filo das minhocas (anelídeos). Por milênios, as sanguessugas eram utilizadas na medicina para resolver problemas como dores de cabeça e até hemorroidas. Em meados do século 19, os hospitais de Paris, na França, usavam até seis milhões de sanguessugas que retiravam cerca de 300 mil litros de sangue por ano dos pacientes.

Por se acreditar que estes problemas estavam associados à concentração de sangue, utilizava-se o verme para chupar o sangue de seus hospedeiros sem causar desconforto – isso porque a saliva do animal contém substâncias que anestesiam a área da ferida. Contudo, também é preciso ter cuidado com as sanguessugas, pois podem transmitir parasitas como o Trypanosoma evansi, responsável pelo ‘Mal de Cadeiras’, doença que atinge cavalos.

Em 2007, uma espécie de sanguessuga despertou a curiosidade da comunidade científica. Um exemplar foi retirado do nariz de uma menina que se banhava em um rio no Peru, país que faz parte da Amazônia Internacional

Logo, pesquisas foram realizadas e descobriu-se que se tratava de uma nova espécie, batizada de Tyrannobdella rex, que significa “sanguessuga rainha tirana”.

Foto: Reprodução/Science Info

As sanguessugas são animais podem ser encontrados tanto em ambientes terrestres quanto aquáticos. Algumas são capazes de  entrar nos orifícios do corpo de pessoas e animais e aderir às membranas mucosas. No caso da Tyrannobdella rex, a espécie conseguiu aderir à narina e, de acordo com a líder do estudo publicado na revista científica PLoS One, Anna Phillips, acreditava-se na época que a espécie era próxima de outra, que tem o costume de entrar na boca de gado no México. 

Ainda de acordo com o estudo da equipe de Anna Phillips, ao contrário das sanguessugas descritas anteriormente, esta possuía uma única mandíbula com oito grandes dentes desproporcionais ao seu tamanho, característica que deu origem ao seu nome. Além disso, uma análise de DNA revelou uma relação evolucionária entre sanguessugas que vivem em regiões distintas.

A conclusão do estudo ponderou:

“Esta nova espécie, encontrada alimentando-se do trato respiratório superior de humanos no Peru, esclarece uma expansão da família Praobdellidae para incluir a nova espécie Tyrannobdella rex n. geração n.sp., juntamente com outros dos gêneros Dinobdella, Myxobdella, Praobdella e Pintobdella. Além disso, os resultados esclarecem uma única origem evolutiva de um grupo de sanguessugas especializado em membranas mucosas, representando uma ameaça distinta à saúde humana”.

Trecho do estudo ‘Tyrannobdella rex N. Gen. N. Sp. e as origens evolutivas das infestações de sanguessugas mucosas’, de 2010.

Sanguessungas de regiões diferentes no globo possuem ancestrais comuns. Foto: Divulgação/Governo do Peru

Mark Siddall, do Museu Americano de História Natural de Nova York, foi quem reconheceu que esta se tratava de uma nova espécie. De acordo com ele, “as espécies mais antigas desta família de sanguessugas compartilhavam a Terra com os dinossauros, há cerca de 200 milhões de anos”Os cientistas acreditam que podem existir mais de 10 mil espécies do verme, porém, apenas cerca de 700 foram encontradas. Ainda não se sabe o que possibilitou a vivência em narinas humanas e de animais.

Hirudoterapia

O tratamento em que as sanguessugas são usadas se chama Hirudoterapia – são usadas as sanguessugas da espécie Hirudo medicinalis, a mais famosa – e é um tratamento médico alternativo que consiste na aplicação de sanguessugas em determinados locais do corpo humano para prevenção e tratamento de algumas doenças. Sua importância na medicina ainda não é cientificamente comprovada e, atualmente, poucos estudos são feitos em língua portuguesa.

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