Por que as friagens não chegam em cidades como Manaus e Belém?

Quem quiser sentir um friozinho pode enfrentar algumas dificuldades, principalmente nas grandes capitais

Muita gente se animou com as notícias de que uma frente fria chegaria ao Amazonas. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as temperaturas poderiam cair de 6 a 8 °C em algumas partes do estado.

O meteorologista e mestre em Clima e Ambiente, Willy Hagi, idealizador da empresa Meteonorte, lembra que a região amazônica tem dimensões continentais. “A Amazônia é muito grande e existe também uma diversidade climática muito grande”, pontua.

Sem a friagem prometida, restou aos manauaras brincar com a situação. Foto: Reprodução/Twitter

Os moradores dos estados do Acre, Mato Grosso, Rondônia e da região sul do Amazonas já estão mais acostumados com temperaturas mais baixas. O meteorologista explica que essas regiões estão na rota das ondas de frio.

“Essas massas de ar polar entram na América do Sul e, quando elas são muito fortes, sobem um pouquinho o continente e passam como se fosse uma onda por essas regiões”

Willy Hagi, meteorologista

Mas não se anime tanto. Willy ressalta que quem mora em outras cidades, como Manaus e Belém, acaba pegando só o “restinho” das friagens. “Esses fenômenos operam de formas diferentes em regiões distintas”, lembra.

Quem quiser sentir um friozinho pode enfrentar algumas dificuldades, principalmente fora das regiões já acostumadas com as friagens. É que o crescimento das cidades acaba provocando um efeito que os cientistas chamam de ilha de calor urbana.

“A área urbana é mais quente que a área de vegetação nativa. Então, a temperatura nesses locais acaba crescendo muito além do que deveria ser”, explica Willy.

Para vencer as ilhas de calor, as massas de ar frio têm que ser muito mais fortes. “Além das limitações geográficas, a gente tá falando de um bloco de concreto imenso e que esquenta muito”, acrescentou o meteorologista.

Além do crescimento urbano, o desmatamento e as queimadas na Amazônia também afetam o clima, alterando desde a ocorrência de chuvas até os períodos de chuva e seca nas cidades. “Isso não é projeção. Isso já é observado na nossa região”, conclui.

Mas para quem ainda tem esperança de tirar mais uma vez o casaco do armário, Willy lembra que você não precisa ir muito longe. “Pode ir para o Acre ou Rondônia, que certamente vai sentir mais frio”, brinca o especialista.

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