Com 120 anos completados em 2016, o Teatro Amazonas recebe, a partir deste domingo (7), apresentações do XX Festival Amazonas de Ópera. Até o dia 4 de junho, o cartão postal de Manaus divide com o Teatro da Instalação e o Centro Cultural Palácio da Justiça, todos localizados no Centro da cidade, a recepção de 22 apresentações, além de uma programação acadêmica.
Na abertura da 20ª edição do FAO, na noite deste domingo (7), foi possível notar que o público tem se transformado ano após ano, com a presença de muitos jovens, que têm descoberto na música clássica uma nova paixão. “Espero me impressionar, emocionar e encantar muito como ocorreu na edição do ano passado. O que me trouxe esse ano foi o fato da minha mãe estar visitando Manaus pela primeira vez, então acredito que é uma oportunidade de apresentar para ela, além de ver a nova edição”, contou a engenheira florestal Letícia Corbeiro.
Não é à toa que uma das novidades deste ano no festival é a ópera-fantasia ‘Onde Vivem os Monstros’, de Oliver Knussen. Especialmente para as crianças, a montagem é uma produção do Theatro São Pedro, de São Paulo, com direção musical e regência do maestro Marcelo de Jesus, da Amazonas Filarmônica, e do maestro Pedro Messias, do Theatro São Pedro.
“O festival se encerra com uma ópera completamente voltada ao público infantil. Isso dá um novo fôlego ao festival, que estimula as crianças, para que daqui a mais 20 anos elas possam assistir a ópera e lembrar desta obra”, afirmou o maestro Marcelo de Jesus. “O público amazonense é muito querido e querem a novidade sempre, por isso o festival cresceu junto com eles e creio que continuará crescendo, porque somos muito gratos à toda essa receptividade”, completou.
20 anos
O espetáculo de abertura foi o ‘Concerto Bradesco I’, em comemoração aos 20 anos do FAO, com a Amazonas Filarmônica e Coral do Amazonas e com a participação do tenor Thiago Arancam e da soprano Dhijana Nobre. O público pode ouvir novamente trechos de óperas como ‘O Guarani’, de Carlos Gomes e ‘Turandot’, de Giacomo Puccini, ambas já apresentadas em edições anteriores do festival.
Há 10 anos integrante do festival, Dhijana revela que ainda sente o ‘frio na barriga’ com a ansiedade de subir no palco. “Eu acho que o nervosismo é bom porque mostra que a gente se importa com esse trabalho, que busca fazer bem feito. Eu acho que uma dose de nervosismo é recomendável. Até porque o nosso trabalho além de fazer arte, é o de educar para a arte. São dez anos no festival e vemos como o público está mais presente e isso, para mim, que represento meu Estado, é uma oportunidade maravilhosa e sou muito agradecida”, contou ao Portal Amazônia.
A regência e direção musical da abertura do festival foram de Luiz Fernando Malheiros. Diretor artístico do evento, o maestro ressalta que o principal êxito do festival é ter conseguido completar 20 anos. “As manifestações culturais no Brasil normalmente não superam quatro ou cinco anos e o Amazonas dá uma lição de como fazer cultura, como entender a cultura como integração social”, destacou. Segundo Malheiros, as dificuldades atuais não se comparam às iniciais. “Não tínhamos experiência com eventos tão grandes. Mas hoje a Filarmônica, que também completa 20 anos, o coral, os corpos artísticos, todos que se especializaram, tem uma capacidade técnica enorme. Temos entre músicos e técnicos atualmente umas 300 pessoas, quando no início tínhamos muito menos”, disse. Veja alguns momentos de destaque da abertura do evento:
Tannhäuser
Nesta edição, uma das montagens mais esperadas é a ópera ‘Tannhäuser’, de Richard Wagner. Trata-se de uma ópera em três atos, que teve estreia em 1845 em Dresden, na Alemanha, que conta a história de Tannhäuser, um menestrel que foi seduzido pela deusa Vênus e parte em uma saga em busca de perdão. As apresentações acontecem dias 14, 17 e 20 de maio.
“Tannhäuser é de Richard Wagner, um compositor que marcou muito a história do festival. Em 2005 fizemos a tetralogia de ‘O anel de Nibelungo’, que são 16 horas de música, que é dificílimo de montar e a nossa montagem foi a primeira feita no Brasil. Essa montagem foi um divisor de águas para nós, porque dali para frente o festival ganhou uma notoriedade muito grande. Depois fizemos ‘Tristão e Isolda’ e mais algumas obras dele. Chegamos ao vigésimo festival achando que valeria a pena fazer mais uma dele”, explicou o maestro Malheiros.
O Festival é realizado pelo Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e do Fundo de Promoção Social, com o apoio da Agência Amazonense de Desenvolvimento Cultural. A edição deste ano é a primeira realizada apenas com recursos da iniciativa privada, com o patrocínio de: Bradesco Prime, Companhia de Gás do Amazonas e Ambev. Conta ainda com a parceria do Theatro São Pedro, de São Paulo.
Para o secretário de Cultura Robério Braga, chegar à vigésima edição é colocar o Amazonas em destaque nternacionalmente na área artística. “Sobretudo com óperas desafiadoras de Wagner. Depois também pelo fato de estarmos no meio da floresta amazônica com um corpo artístico amazonense ou que atua no Amazonas há bastante tempo. Também com referenciais significativos, porque é uma atividade intensa, que supera as marcas da música erudita no Brasil, porque é muito raro um evento artístico-cultural atingir uma marca como essa, ao chegar aos 20 anos”, destacou.
Os ingressos variam entre R$ 2,50 (meia-entrada) a R$ 60 (inteira), de acordo com a localização do assento, para espetáculos no Teatro Amazonas. As demais apresentações são gratuitas e o público é livre. Além das 22 apresentações, o festival também oferece uma programação acadêmica com palestras e workshops. Confira a programação:
Programação musical
Concerto Bradesco I – Comemorativo aos 20 anos do FAO
Quando: 7 de maio, às 19h
Onde: Teatro Amazonas
Recital Ambev I – CollaVoce
Quando: 10 de maio, às 19h
Onde: Teatro da Instalação
Recital Ambev II – Transcriões de Ópera para Violino e Piano
Quando: 13 de maio, às 19h
Onde: Teatro da Instalação
Concerto Bradesco II – Especial do Dia das Mães
Quando: 14 de maio, às 11h
Onde: Teatro Amazonas
Ópera Bradesco – Tannhäuser, de Richard Wagner – Ópera em três atos (1845)
Quando: 14 e 20 de maio, às 19h; e 17 de maio, às 20h
Onde: Teatro Amazonas
Recital Ambev III – O Espião do Coração
Quando: 15 de maio, às 19h
Onde: Teatro da Instalação
Concerto Bradesco III – O Rei Davi, de Arthur Honegger – Salmo sinfônico em três partes (1923)
Quando: 18 de maio, às 20h; e 21 de maio, às 19h
Onde: Teatro Amazonas
Concerto Bradesco IV – O Triunfo da Voz ou A Extravagância da Arte, Música dedicada a Farinelli
Quando: 19 de maio, às 20h
Onde: Teatro Amazonas
Recital Ambev IV – Canções de Ninar
Quando: 22 de maio, às 19h
Onde: Teatro da Instalação
Ópera Studio da UEA – Trechos da ópera Don Pasquale – Gaetano Donizetti
Quando: dia 25 de maio, às 19h
Onde: Teatro da Instalação
Quando: dia 30 de maio, às 20h
Onde: Teatro Amazonas
Ópera Bradesco – Onde Vivem os Monstros, de Oliver Knussen – Ópera fantasia em um ato, op. 20 (1983)
Quando: 27 de maio, às 11h; e 28 de maio, às 17h
Onde: Teatro Amazonas
Recital Ambev V – Violino Lírico
Quando: 29 de maio, às 19h
Onde: Teatro da Instalação
Recital – Classe de Canto do professor Juremir Vieira
Quando: 30 de maio, às 19h
Onde: Teatro da Instalação
Recital Ambev VI – Je Suis Paris
Quando: 1° de junho, às 20h
Onde: Teatro da Instalação
Recital – Classe de Canto da professora Natalia Sakouro
Quando: 2 de junho, às 19h
Onde: Teatro da Instalação
Programação Acadêmica
Palestra – 20 anos do Festival Amazonas de Ópera
Quando: 8 de maio, às 18h
Onde: Centro Cultural Palácio da Justiça
Facilitador: Robério Braga – Secretário de Estado de Cultura
Workshop – A Voz na Canção Erudita
Quando: 11 de maio, das 14 às 17h
Onde: Centro Cultural Palácio da Justiça
Facilitadores: Homero Velho (Barítono) e Pedro Panilha (Pianista)
Workshop – Técnica Vocal – Ópera e Musicais
Quando: 17 de maio, das 14 às 17h
Onde: Centro Cultural Palácio da Justiça
Facilitadores: Luísa Francesconi (Mezzosoprano) e Pedro Panilha (Pianista)
Workshop – Cenografia e Figurinos
Quando: 24 de maio, das 14 às 17h
Onde: Central Técnica de Produção Marcos Apolo Muniz
Facilitador: Giorgia Massetani (Cenógrafa)