Chega o final do ano e a solidariedade aflora em muitos corações. Pela cidade, pessoas e grupos de pessoas buscam proporcionar um Natal melhor aos seus semelhantes que, pelos mais diversos motivos, não tiveram e não têm muito o que comemorar.
Desde 2003 o técnico em informática Robson Cunha e o metalúrgico Wanderson Rocha organizam, no final do ano, o ‘Jogo das Estrelas’ (eles sempre chamam alguma personalidade, como jogadores profissionais, este ano compositores do Garantido e Caprichoso, para participar do jogo) na Vila da Prata. Em 2014 os amigos resolveram mudar o foco da confraternização e passaram a arrecadar alimentos para o abrigo “O Coração do Pai”, que atualmente atende a cerca de 40 crianças resgatadas de alguma situação de risco.
“Fui fazer um trabalho na instituição e me comovi com a situação das crianças. Foi quando tive a ideia de integrar o nosso futebol a uma ação social. Procurei o Wanderson e o restante dos amigos que costumam jogar conosco, e eles me deram todo o apoio. Desde então, todo fim de ano, nós procuramos o abrigo dois meses antes de acontecer o jogo para saber qual está sendo a necessidade daquele momento, do que mais estão precisando”, explicou Robson.
Fundado em 2012, pelo norte-americano Barry Hall e sua esposa Vânia Hall, o abrigo ‘O Coração do Pai’ funcionava na então residência do casal, no Japiim, e ofertava abrigo para crianças indígenas abandonadas. Atualmente a instituição oferece abrigo imediato às crianças resgatadas em situação de alto risco através de denúncias feitas ao Conselho Tutelar e posteriormente levadas para a instituição através de ordem judicial, onde aguardam encerrar todo o processo na justiça. Enquanto isso os assistentes sociais e psicólogos avaliam as crianças e a situação das famílias, buscando soluções para os problemas.
O ‘Jogo das Estrelas’ aconteceu na noite desta quinta-feira (22), no complexo esportivo da Vila da Prata, na rua Voluntários da Pátria, e toda doação de alimentos arrecadadas serão encaminhadas para o abrigo ‘Coração do Pai’.
Vestidos a caráter
Os ‘Duendes do Noel’ surgiram em 2009 e, desde então, a cada Natal eles voltam para entregar brinquedos para crianças carentes em algum lugar pré-determinado na cidade. “Eu comecei sozinho, em 2009, comprando brinquedos e entregando para crianças carentes, aí postei as fotos nas redes sociais. Vários amigos viram e quiseram participar. No Natal seguinte eu não estava mais sozinho nesse ‘trabalho’ de entregar brinquedos”, falou o professor Silvinho Cruz, coordenador do projeto.
Hoje os ‘Duendes do Noel’ são 23 amigos, “e ainda temos mais seis colaboradores. Os duendes são aqueles que trabalham o ano inteiro pelo projeto e os colaboradores são aqueles que aparecem na hora querendo ajudar, mas, geralmente, no ano seguinte, se tornam duendes”, disse.
Jeferson Oliveira começou como colaborador e hoje é um duende. “Cada ano escolhemos uma comunidade de Manaus aonde vamos entregar os brinquedos. A comunidade nos ajuda informando quantas crianças devem ganhar os brinquedos, então entregamos senhas e no dia 25 fazemos as entregas. No ano passado foram 3.500 brinquedos no Nova Vitória. Este ano serão 2.000, distribuídos em três comunidades do Santa Etelvina”, falou.
A característica dos “Duendes do Noel” é que eles vão vestidos a caráter. “Como somos duendes, entregamos os brinquedos para aquelas crianças que o Papai Noel não teve tempo de visitar. Por isso chegamos sempre no dia 25”, explicou.
Cerca de 80% dos brinquedos são comprados pelos próprios “duendes” e 20% são doados pelos colaboradores. “E quem quiser nos ajudar, seja de que maneira for, estamos sempre aceitando novos amigos”. Os “Duendes do Noel” chegam ao Santa Etelvina às 10h do dia 25 de dezembro.
Papai Noel encharcado
Há 27 anos os Correios promovem o ‘Papai Noel nos Correios’, promoção onde as crianças depositam nas agências da empresa, suas cartinhas para o bom velhinho. “Este ano fizemos diferente. Direcionamos a promoção somente para instituições tipo creches, abrigos e escolas públicas de bairros carentes. Recebemos mais ou menos três mil cartas”, falou Antonia Rebouças, coordenadora do “Papai Noel nos Correios” em Manaus.
“A Semed (Secretaria Municipal de Educação) listou 12 instituições na área urbana e quatro na área rural de Manaus. Além delas, também incluímos as crianças da Associação de Apoio às Pessoas Portadoras de Necessidades Especiais e da Associação de Moradores Agroextrativistas. Esta segunda, na comunidade Canaã, no rio Negro, a mais de duas horas, de voadeira, de Manaus. Pegamos um temporal na viagem e o Papai Noel chegou todo molhado, mas chegou”, riu.
Nas duas associações dois empresários adotaram as cartas das 67 crianças da primeira e das 59 crianças da segunda. Teve uma criança que pediu uma cadeira de rodas. Todos choramos quando ela recebeu a cadeira com a maior alegria”, recordou.
“Das quase três mil cartas recebidas em Manaus, de 70% a 80% vão ser atendidas, ou seja, ainda temos umas 500 crianças aguardando para receber seus presentes de Natal. Já encerramos a entrega das cartinhas para quem queria adotar uma, mas se até a última hora aparecer alguém querendo tornar feliz uma criança, não vamos recusar. Pode nos ligar”, adiantou.