Banho de rio, nadar com botos, visita a aldeia indígena dos Tatuyos, visita ao museu do seringal e às ruínas do Paricatuba. Essas e outras atividades fazem parte do passeio fotográfico Jaraclick, realizado mensalmente pelos rios de Manaus. O projeto, idealizado pelo fotógrafo Elias Moraes, conta ainda com um bate-papo-fotográfico com Zamith Filho, dicas de fotografia de paisagem com Jorge Herrán, entre outros momentos como sorteios e um almoço.Ao Portal Amazônia, o idealizador contou que a ideia surgiu ainda em 2013, com um grupo de amigos. “Todos deram suas ideias, porém, como já tinha experiências com turismo há cinco anos na época, propus um passeio de barco. Todos concordaram e acharam muito bom. Contudo não tive apoio como esperava ter dos demais companheiros. Acabei saindo da grupo. Mas o passeio aconteceu”, explicou.Apesar de acreditar que os amigos continuariam com o projeto, não aconteceu bem assim. “Não fizeram. E a ideia ainda a ser aperfeiçoada, ficou “congelada”. Então fiz uma viagem no ano seguinte, 2014, pela Amazônia Expeditions, da qual eu trabalho hoje, de Manaus/Tabatinga. Foram 45 dias, quando adquiri experiência necessária para acrescentar a ideia que tive do passeio. Falei com um amigo designer para fazer a logo para colocar no banner do passeio que agora, estava surgindo”, contou. Após diversas tentativas, surgiu o Jaraclick.Assim, em 2015, o primeiro passeio fotográfico do grupo foi realizado. “Durante esses anos somente um mês não fiz o passeio. Exceto mês de dezembro e janeiro. Desde então, o passeio foi ganhando visibilidade, pelo formato que ele oferece, um passeio completamente diferente de todos os outros. E com a paixão que eu tenho. Fotografia. Veio a parceria com Jorge Herrán e Zamith. E o sonho se tornou realidade. Um sonho que se sonha só, é só um sonho, mas sonho que se sonha junto, é realidade”, afirmou.Para o fotógrafo Zamith Filho, que acompanha o ex-aluno de fotografia desde o início do projeto, o passeio é para dar mais visibilidade à arte da fotografia. “Há três ou quatro edições fui como convidado. Elias tinha sido meu aluno de fotografia e disse para ele que essa era uma das ideias que eu tinha para os meus cursos de fotografia na Fazz Art e como ele estava fazendo procurei unir o útil ao agradável. Por isso entrei como apoio”, comentou.Desde a primeira saída, em julho de 2015, Zamith comenta que o passeio começou com um roteiro mais modesto que o atual. “Com o tempo o passeio foi granhando corpo, foi se adequando à um roteiro e hoje segue uma linha, saindo do píer do Tropical”, comentou.
A saída de outubro está marcada para o dia 23, das 8h30 às 18h. O local de partida é o Píer do Tropical Hotel Manaus. Para participar o valor por pessoa é R$ 80, sem a inclusão das taxa para nadar com botos e visitas à aldeia indígena e ao museu do seringal. Crianças até cinco anos não pagam e até 12 pagam meia. Para mais informações: (92) 992746397.
Um dos participantes, Alex Borja, gosta do passeio pela experiência de trocar ideias com outros fotógrafos. “É possível curtir muitos pontos turísticos do Amazonas e desfrutar de um almoço e café da tarde regionais. Acho válido porque lá terá a presença do fotógrafo Zamith que sempre ajuda de alguma forma. Não é um curso para iniciantes, porém a experiência que se adquire é, ao meu ver, mais importante que em sala de aula. Você aprende na prática com fotógrafos mais experientes”, assegurou.
Parceria
Para outubro, membros do Fotoclube Lentes da Amazônia e do grupo Fotografia Manaus (no Facebook), unem-se ao Jaraclick, para promover a saída oficial do grupo deste mês. Segundo o presidente do Fotoclube Lentes da Amazônia (FCLA), Anderson Yamada, o evento é uma oportunidade de reaproximar os participantes. “Sempre tivemos nossas saídas no Grupo pela cidade, mas estávamos meio afastados. Então resolvemos fazer novamente uma saída de barco, a última foi há uns quatro anos. Muitas pessoas não conhecem o Amazonas nem o que ele tem, então como o Elias é membro do fotoclube, resolvemos unir o que ele faz com a nossa ideia para essa saída”, contou o fotógrafo.
Francisco Tote, que também faz parte do FCLA, afirma que é um passeio oportuno. “O Fotoclube Lentes da Amazônia existe há seis anos, formado por um grupo de amigos que se reúne para colocar prática essa arte, que é fotografar. Hoje possuímos em média 25 associados, pessoas com renome nacional e procuramos movimentar a cidade no que diz respeito à fotografia. […] A saída com o Jaraclick vai proporcionar uma interação entre fotógrafos amadores, experientes e profissionais. Essa é a intenção, reunir a turma para trocar experiências e fazer belas fotografias”, destacou.
Quem concorda é o peruano Jorge Herrán. Especialista em fotografia de natureza, Herrán é o responsável por dar dicas aos participantes do Jaraclick. “O Elias, desde o início, me convidou para fazer parte porque a maioria das pessoas que vão são iniciantes e eu disse que a única forma de partcipar era dar dicas de fotografia, tentar ensinar a sentir a fotografia”, afirmou ao Portal Amazônia.
Não basta “clicar”, segundo Herrán. “Não é só fazer o clique, é sentir antes que a cena se forme e ver todas as possibilidades disponíveis de acordo com algumas regras de ouro da fotografia. Busco abrir o olhar dos iniciantes”, afirmou.OrgulhoPara Zamith, o passeio ainda tem pouco tempo para se notar uma mudança na fotografia local. “Mas é uma opção muito interessante para quem gosta de fotografia. Porque ele não é turístico, o motivo dele é fotografia. E também não é a fotografia no modo de uma câmera de excelência, mas pelo celular, compacta, semi-profissional e se não quiser nem precisa fotografar. O que procuramos fazer é conversar sobre a fotografia”, afirmou.
No entanto, um dos pontos principais para medir o sucesso do passeio fotográfico é perceber a participação mais intensa dos próprios amazonenses, segundo Jorge Herrán. Para ele, esse é um fator primordial, que mostra que a própria população sente mais “orgulho” da cidade. “Está crescendo assustadoramente [o passeio] e o principal é uma coisa que luto há 30 anos, que é o manauara ir nesses passeios. A maioria não conhece a própria cidade, não conhece o interior e nunca foi em uma aldeia indígena. O passeio tem conseguido mudar isso, é bastante econômico e todo mundo pode, tirar um domingo para conhecer novas pessoas, fotografar. O resultado a gente vê nas fotografias”, defendeu Herrán. Confira alguns registros dos entrevistados: