Imperatriz Leopoldinense defende terra indígena do Xingu e respeito à biodiversidade

O desfile das escolas de samba do grupo especial do Rio de Janeiro começa neste domingo (26) e a terceira escola a desfilar na Marques de Sapucaí é a Imperatriz Leopoldinense, que homenageia os 55 anos do Parque Nacional do Xingu, no Mato Grosso. Com o tema ‘Xingu – o clamor que vem da floresta’ e uma homenagem também ao cacique Raoni, a escola defende a responsabilidade social após a polêmica da escolha do tema. 

Foto: Reprodução/Facebook-Grêmio Recreativo Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense
O entrave teve início depois da divulgação do enredo, em janeiro, e reúne ataques aos sambistas e o racismo contra os povos indígenas, principalmente da parte de ruralistas. Nas redes sociais comentários surgiram afirmando que a escola iria criticar o modelo de agronegócio e, por isso, produtores rurais passaram a reclamar da escolha.

Na publicação em seu site oficial, assinada pelo presidente da agremiação, Luiz Pacheco Drumond, a escola defende a ideia de levar para o público todos os aspectos da cultura brasileira. Segundo Drumond, o enredo busca lembrar a rica contribuição dos povos indígenas do Xingu à cultura brasileira “e ao mesmo tempo construir uma mensagem de preservação e respeito à natureza e à biodiversidade”. Para isso, defende, a escola usa a atenção gerada em torno da festividade carnavalesca para fortalecer seu compromisso social.

Após a pressão, que tomou proporção maior que a esperada, a Escola mudou o nome da ala ‘Os Fazendeiros e Seus Agrotóxicos’ para ‘Uso Indevido dos Agrotóxicos’. O senador Cidinho Santos (PR-MT), em discurso no Plenário, conforma a Agência Senado, defendeu o agronegócio brasileiro e disse que se surpreendeu com escola de samba. “Não podemos enviar para o mundo uma mensagem errada de que o agronegócio é o vilão. Trata-se do alicerce da economia, respeitado em todo mundo pela eficiência, preservação ambiental e tecnologia”, afirmou.

O parlamentar lembrou que agricultura e pecuária representam 48% das exportações brasileiras e um quarto do PIB do país. “Sou a favor da homenagem aos povos indígenas do Xingu, mas que se faça essa homenagem sem ofensa a um setor que tanto contribui para o país”, defendeu.

“Após a divulgação de nossas fantasias, algumas delas denunciando o uso irresponsável de agrotóxicos, fomos alvo de uma intensa campanha difamatória. Embora não seja nossa intenção generalizar, importantes pesquisas científicas apontam os diversos males que o agrotóxico traz para o solo, para o alimento e consequentemente para a saúde de quem o consome. Este é apenas um aspecto do nosso rico e imenso enredo, mas desde então temos recebido críticas e inúmeras notas de repúdio dos mais diversos setores do agronegócio”, destaca Drumond.

E esclarece: “No trecho de nosso samba ‘o Belo Monstro rouba a terra de seus filhos, destrói a mata e seca os rios’, estamos nos juntando às populações ribeirinhas, às etnias indígenas ameaçadas, aos ambientalistas e importantes setores da sociedade que se posicionaram contra a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte. Não é uma referência, portanto, ao agronegócio, como alguns difundiram. Os impactos negativos desta obra ao meio ambiente serão imensuráveis, estão constantemente nas pautas de debates, são temas de discussões recorrentes em audiências públicas e foram amplamente divulgados pela imprensa nacional e estrangeira”.

A agremiação conta com a participação do cacique Raoni e de indígenas do Xingu na apresentação desta noite. Ouça o samba-enredo ‘O clamor que vem da floresta’:

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