Na competência de órgãos públicos municipal e estadual, prédios históricos de Manaus possuem algumas curiosidades e detalhes minuciosos que, muitas vezes, não tem a devida atenção a sua importância sob o ponto de vista histórico e cultural da cidade.
Sob a competência da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (ManausCult), o Paço da Liberdade, o Les Artistes Café Teatro e a Biblioteca Pública João Bosco Evangelista, todos localizados no Centro Histórico da cidade, são alguns desses prédios que têm suas arquiteturas mais apreciadas por turistas e até moradores que lá visitam.
E para manter todos os prédios e obras revitalizados, o diretor de Cultura da Fundação, Márcio Braz, disse que em 2013 a Prefeitura de Manaus foi contemplada pelo governo federal com o projeto PAC Cidades Históricas. “Esse projeto prevê investimentos de 30 milhões para 11 espaços de Manaus (incluindo prédios e praças). Atualmente o Governo está atualizando as planilhas orçamentárias, uma vez que foi sinalizada, por parte deles, a retomada das obras”, explica ele.
Na competência do governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (SEC), o Teatro Amazonas, o Teatro Usina Chaminé e o Museu Casa Eduardo Ribeiro também são alguns dos prédios da cidade que exibem sua estrutura interna e externa de forma exuberante.
Conheça seis prédios históricos da capital amazonense:
Café Teatro
O Café Teatro é um espaço multiuso localizado na Avenida Sete de Setembro, n°. 377, no Centro, e conta com uma área de 600 m². O prédio histórico teve seu restauro iniciado em 2009 e conservou as suas características originais como os tijolos e o teto, além de sua estrutura com madeiras aparentes. O imóvel pertenceu a Joaquim Gonçalves Araújo, um abastado comerciante português que ficou mais conhecido como o Comendador J. G. Araújo.
Atualmente o espaço abriga uma sala de espetáculos com capacidade para cerca de 150 pessoas, um salão de exposições de 65 m², além de receber shows e outros eventos culturais.
Paço da Liberdade
Outra obra de uma arquitetura suntuosa é o Paço da Liberdade, que foi criado pelo prefeito João de Mendonça Furtado em 17 de junho de 1982. O prédio tem arquitetura neoclássica, um dos primeiros nesse estilo em Manaus, apresentando uma fachada frontal simétrica, com frontão, platibanda e colunas em estilo neoclássico.
Os anexos construídos foram demolidos, os pisos em tabuado de madeira e mármore travertino foram restaurados, os forros ornamentados reconstruídos e as fachadas reparadas. Todo o sistema elétrico, de circuito interno e de combate a incêndio, foi adequado e substituído, além do sistema de climatização instalado por todo o edifício, que fica localizado na rua Gabriel Salgado, em frente à praça Dom Pedro II.
Biblioteca Municipal João Bosco Pantoja Evangelista
Criada no dia 2 de janeiro de 1967, a Biblioteca Municipal João Bosco Pantoja Evangelista foi sancionada pelo Decreto 27, de 12 de março de 1975. Após várias mudanças de endereço, passou a funcionar na rua da Instalação, onde permaneceu até 1997, quando foi transferida para a sua atual sede, na rua Monsenhor Coutinho, s/n°, também no Centro, próximo à praça Antônio Bittencourt (ou do Congresso).
O patrimônio atual dessa Biblioteca é formado por mais de treze mil exemplares, entre documentos sobre a Amazônia, jornais, revistas, CD-ROM com documentários e enciclopédias e fitas VHS.
Em meado da década de 90, o prédio passou por uma grande reforma, sendo adaptado para a modernização, inclusive parte de sua fachada foi descaracterizada, com a extensão do pátio e varanda, onde se faz uma alusão aos elementos arquitetônicos da fachada, para dar continuidade à extensão. Esse tipo de característica em imitar peças antigas é muito comum pois muitas vezes, era tratada como “falsismo histórico”, que são elementos que não faziam parte da construção original.
Atualmente está fechada aguardando recursos dos PACs Cidades Históricas para reforma e funciona provisoriamente na rua Costa Azevedo, n°.216, no Largo São Sebastião, de 9h às 17h.
Teatro Amazonas
Uma das arquiteturas mais apreciadas por turistas que visitam Manaus é, sem dúvida, o Teatro Amazonas. Sua cor rosa, com detalhes branco, dourado, azul e verde, redesenhando as cores da Bandeira do Brasil em sua cúpula, com peças de escamas em cerâmica esmaltada e telhas vitrificadas, vindas da Alsácia são admiradas mundialmente.
A ideia inicial de construção do Teatro surgiu em 1881 pelo deputado Antônio José Fernandes. Orçada inicialmente em 250 contos de réis, o projeto arquitetônico foi desenvolvido pelo Gabinete Português de Engenharia e Arquitetura de Lisboa.
A estrutura é toda em ferro fundido e sua área útil total do palco é de 123,29m2. Na sala de espetáculos há três andares de camarotes. Do teto pende um lustre em bronze com cristais importados de Veneza.
O pano de boca do espaço descreve o encontro das águas entre os rios Negro e Solimões. Com 120 anos, o Teatro Amazonas é o principal cartão postal da cidade de Manaus e está localizado em frente à Praça São Sebastião, no Centro.
Teatro Usina Chaminé
Em seu contexto histórico o edifício da Usina Chaminé foi construído em 1910 pela empresa inglesa Manaos Improviments para abrigar o serviço de saneamento do esgoto da cidade. Em 1913, o sistema de tratamento de esgotos ainda não havia começado a funcionar quando, revoltada contra as altas taxas cobradas, a população destruiu o escritório da empresa.
Com características neorrenascentistas, o prédio possui, ao lado direito, uma chaminé de 24 metros, construída com tijolos compactos refratários, coroada por um chapeló em ferro moldado. Por isso, ficou conhecido como Chaminé. Tombado como Monumento Histórico do Amazonas em 1988, a edificação só foi reformada em 1993 como Centro de Artes Chaminé para abrigar a Pinacoteca do Estado. O prédio está localizado na avenida Lorenço da Silva Braga, Centro de Manaus.
Museu Casa Eduardo Ribeiro
Já o Museu Casa Eduardo Ribeiro, apresenta a mistura de vários estilos arquitetônicos, característicos do ecletismo. Possui dois pavimentos sobre um porão alto cujas paredes supõe-se que sejam em pedras, devido apresentarem espessuras em torno de 50cm. O 1º e 2º pavimentos são em alvenaria de tijolo maciço, sendo as divisões internas não estruturais em taipa.
Em vários compartimentos do imóvel ainda encontramos vestígios de pisos, forros e pinturas originais, como: pisos em ladrilho hidráulico, assoalho de madeira em acapú, pau amarelo e pinho de riga, forros em estuque liso e decorados, e ainda pintura decorativa em estêncil com motivos florais e geométricos.
Sua escada interna era toda em madeira em três lances, começando no porão e terminando no segundo pavimento. Esquadrias em madeira de lei em duas, três e quatro folhas de abrir, com verga em arco abatido ou reto, ornamentadas por almofadas e venezianas apresentam bandeiras em madeira com vidros transparentes e/ou coloridos. A estrutura do telhado em madeira é coberta por telhas de barro do tipo portuguesa (fabricação Lisboa-Palenca) em 16 águas, com descidas de água embutidas na alvenaria.
O coroamento do palacete é composto por cimalha, platibanda e frontão. Sobre a cornija simples, ergue-se uma platibanda vazada por óculos interrompida por um frontão cimbrado, no qual, em registro fotográfico podemos ver que haviam duas guirlandas provavelmente de flores ou frutas que já não existem mais, assim como os ornamentos tridimensionais de cima da platibanda que ficaram indefinidos se eram pinhas ou vasos.
Sua fachada tem em torno de 15m de altura revestida em argamassa de areia, barro e cal onde ainda identificamos as cores originais como paredes em terra-cota, amarelo ocre para as molduras e ornatos, esquadrias em creme e os gradis e elementos em ferro em verde musgo claro. O museu está localizado na rua José Clemente, n°.322, Centro.