Companhia de humor Escalafobéticos encerra apresentações de 10 anos em Manaus

Seguir a arte de Molière, Martins Pena e Ariano Suassuna, ou seja, fazer uma dramaturgia voltada para o riso, não é das tarefas mais fáceis no teatro, mas foi o caminho escolhido por uma das mais atuantes companhias de teatro amazonense da última década, a Cia de Atores Escalafobéticos. As apresentações caíram no gosto popular em Manaus por meio de uma das figuras mais marcantes do humor local contemporâneo, Maroca Pipoca, interpretada pelo ator e humorista Wallace Abreu, que hoje coordena os trabalhos da companhia.

Para fechar a programação do ano em que a companhia completa 10 anos, os Escalafobéticos preparam um show inédito para este sábado (17), no Teatro Gebes Medeiros, localizado na Avenida Eduardo Ribeiro (Ideal Clube), no Centro. A entrada é R$10 (preço único-meia) e a classificação indicativa é de 14 anos.

Foto: Tamiris Lima

“A Maroca é a principal carta que temos hoje. Nosso principal fruto. Ela não existia antes da criação da companhia e hoje ela tem uma vida independente que vai muito além dos palcos dos teatros, fazendo participações e animações em festas e eventos particulares e privados. Tem muita coisa embaixo daquela peruca e em cima daquele salto que nem eu mesmo a conheço por completo ainda, mas é uma personagem muito querida pelo nosso público”, afirmou o criador e intérprete da personagem.

O início 

Criada originalmente em 2006 por alunos do extinto Curso Técnico em Artes Cênicas da Rede Amazônica, desde 2008 a Cia de Atores Escalafobéticos dedica-se a produção de um teatro popular, voltado para a comédia e o humor. Desde então, vários técnicos e artistas passaram pelo elenco da Cia. “Tive o prazer de oportunizar o fazer teatral para muitos jovens, que como eu, tinham esse interesse e anseio pelo fazer artístico. Hoje estou muito satisfeito e realizado com o alcance que tivemos nesses dez anos. Foram anos de muitos experimentos e aprendizados, mas que certamente foram importantes para a cena artística e teatral local”, destacou Abreu.

“Certa vez li em algum lugar que o Brasil é o último país alegre do mundo, mesmo com tantos acontecimentos tristes e trágicos. E esse foi sempre o nosso pensamento dentro da companhia, no nosso palco. Levar o riso para quem precisa dele e rir também. A gente por vezes se diverte tanto quanto o próprio público. A gente se sente muito bem desenvolvendo esse trabalho e esperamos ter espaço para continuar trabalhando, sejam por mais dez, vinte ou trinta anos”, afirmou Omã Freire, ator da Cia desde 2011.

Por diversas vezes nesses dez anos os Escalafobéticos representaram o Amazonas em mostras, eventos e festivais no Brasil, já tendo passado pelo Rio de Janeiro, Paraná, Ceará, Acre, Rondônia, Roraima, Pará, Amapá e diversos municípios do interior do Amazonas. Para o ator Branco Souza, os Escalafobéticos tiveram o devido reconhecimento pelo trabalhado desenvolvido, conforme foram amadurecendo técnica e artisticamente. “Esse reconhecimento é muito importante, por vezes, maior do que o retorno financeiro, já que o fazer artístico ainda não possui o devido reconhecimento no Brasil de uma foram em geral”, pontuou.

Nos últimos anos, a companhia deu um salto e passou a atuar também em uma nova vertente do campo teatral, sem deixar de lado as produções cômicas. Neste outro campo, estrearam os espetáculos Amores Urbanos (2013), Vocês Viram o meu cachorro (2015), e recentemente, A última dança de Cátia Bolerão (2016).

A atriz Tharcila Martins, que deu vida às protagonistas de dois desses trabalhos falou sobre a necessidade de buscar o novo dentro da companhia. “Chegamos num momento em que não podíamos nos acomodar com o ‘sucesso’ que tínhamos alcançado com as produções cômicas. Embora fosse muito gratificante, não queríamos nos acomodar e ficar rotulados como a companhia que só faz humor. Queríamos então mostrar que poderíamos fazer mais. E fizemos”, ressaltou.

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