Cervantes e o Dia Internacional do Livro em Manaus

Quem ainda não leu o livro ‘Dom Quixote‘, do espanhol Miguel de Cervantes está deixando de conhecer o melhor livro de todos os tempos. O reconhecimento foi feito há pouco tempo por uma comissão internacional de escritores. Mas enquanto você procura um ‘Dom Quixote’ para ler, prepare-se para a exposição ‘Dom Quixote – sonhando um sonho impossível’, que estreará na segunda-feira (17) no Paço da Liberdade, no Centro Histórico de Manaus.

A exposição, inédita em Manaus, conta com peças da coleção particular do professor José Seráfico, um apaoxinado pela obra de Cervantes. A coleção completa do professor possui aproximadamente 80 diferentes versões do ‘cavaleiro andante’ feitas de materiais como acrílico, origami (dobradura de papel), arame, parafusos, colher, garfo, cerâmica italiana, vidro e até vidro soprado.

As peças vieram de países como Argentina, Uruguai, Itália, Chile, Peri, além de diversas cidades brasileiras. “Em qualquer lugar que eu encontre uma peça retratando o personagem maior de Cervantes, desde que seja de um material que eu ainda não tenha, eu adquiro para aminha coleção. Agora, por exemplo, estou à procura de uma feita de juta”, contou. 

Foto: Reprodução/Shutterstock
Seráfico é advogado, professor e poeta. Hoje com 75 anos é um amante da literatura desde a infância, quando teve o primeiro contato com ‘Dom Quixote de La Mancha’. “Sou auto alfabetizado, gosto de ler desde quando tomei ciência do mundo. Meus pais sempre me estimularam a ler. Li pela prim eira vez Dom Quixote ainda menino e me marcou muito. Toda a história é interessante”, relembrou.

Mas a coleção de peças do cavaleiro aventureiro de Seráfico só começou no início da década de 1980. “Desde então estou sempre à procura de novidades para o meu acervo. A maior estátua que possuo tem cerca de 60 centímetros de altura por um metro de comprimento e é toda feita com peças de uma máquina de escrever. Já a menos é esculpida um palito de dentes e, detalhe, o Dom Quixote ainda está montado no Rocinante”, riu.

Além das estátuas, José Seráfico possui livros de Miguel de Cervantes, telas, talhas com a figura de Dom Quixote e a reprodução de várias ilustrações do francês Gustave Doré (1832/1883), o mais famoso ilustrador do livro publicado em 1605.

A abertura da exposição marca as comemorações do Dia Internacional do Livro, no dia 23 de abril, data em que se homenageia a morte de Miguel de Cervantes e do escritor William Shakespeare e, coincidentemente, de José Seráfico.

A exposição ficará em cartaz até o dia 19 de maio e o Paço da Liberdade receberá ainda um circuito de palestras, seminários e mesas-redondas, enriquecidas com exibição de filmes sobre a temática ‘Dom Quixote’. No dia 18, às 9h, uma palestra sobre o personagem será apresentada no Café Teatro, liderada pelo poeta e professor-doutor Saturnino Valladares.

“Após a palestra, meus alunos do curso de Letras – Espanhol realizarão uma leitura dramatizada de ‘La guarda cuidadosa’, um entremês de Cervantes. Por último, meus alunos e eu leremos uma série de poemas de Quixote e outros poemas de autores reconhecidos, feitos em homenagem a Quixote’, avisa o professor, que também irá apresentar na ocasião o poema ‘De cuando Don Quijote recuperó la cordura y del dolor de su escudero‘, de sua autoria.

No dia 20 haverá um seminário sobre sobre Cervantes e sua obra com os professores e escritores Saturnino Valladares, Márcio Souza, José Seráfico, Wagner Teixeira e Luiz Souza no Café Teatro. A exposição funcionará de segunda aos sábados de 9h às 12h30, com entrada gratuita.

Cervantes vs Doré

‘Dom Quixote de La Mancha’, publicado em 1605, cujo título original era ‘El ingenioso hidalgo Don Quixote de La Mancha’, conta a história de um ingênuo senhor rural cujo passatempo favorito era a leitura de livros de cavalaria. Na sua obsessão, acreditava literalmente nas aventuras escritas e decide tornar-se um cavaleiro andante.

Suas viagens sucedem-se sob a alucinação de que estava vivendo na era da cavalaria; pessoas que encontrava nas estradas pareciam-lhe como cavaleiro em armas, damas em apuros, gigantes e monstros; até moinhos de vento na sua imaginação eram seres vivos. Combatendo as injustiças, o personagem enfrenta situações penosas e ridículas, mantendo, porém, uma figura nobre e patética. Ao final, Dom Quixote volta à razão, renuncia aos romances de cavalaria e morre como piedoso cristão.

Quase 150 anos depois de publicada a primeira edição de Dom Quixote, o ilustrador Gustave Doré estabeleceu uma marca tão forte em relação ao personagem que os dois são, hoje, indissociáveis. Não é possível mais idealizar outra figura de Dom Quixote sendo a de Doré. Talvez seja esse um acontecimento único no mundo da literatura, uma vez que não houve uma composição combinada e os dois autores viveram em tempos diferentes, com dois séculos de diferença.

Com 375 ilustrações, Doré dividiu seu trabalho em três blocos bem distintos: pequenos desenhos de personagens secundários ou mesmo do protagonista, espalhados com recorte no texto; desenhos mais elaborados de cenas da trama e do cotidiano em formato horizontal mediano; e grandes gravuras em pranchas meticulosamente construídas, cerca de uma centena, sempre com a retratação de alguma cena na qual Dom Quixote aparecia na companhia de seu fiel Sancho Pança ou de outros personagens.

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