Cerimônia coletiva em Roraima celebra casamento de 300 casais

Fabíola Costa e Jéssica Pereira estão juntas há 6 anos e oficializaram a união. Foto: Inaê Brandão/G1 Roraima

Trezentos casais disseram ‘sim’ à vida a dois na noite desta sexta-feira (28) no Parque Anauá, em Boa Vista (RR). Entre eles Fabíola Costa, de 22 anos, e Jessica Pereira, de 23. As duas moram juntas há cinco anos e optaram por casar em uma cerimônia coletiva por ‘se sentirem mais à vontade’. Este foi o maior casamento coletivo já feito em Roraima, conforme o governo do Estado.

“Estamos juntas há seis anos e há cinco moramos juntas. Sempre quisemos casar, mas pela questão financeira nunca deu. Também tínhamos um pouco de vergonha de ir e todo mundo ficar olhando. Aqui, no casamento coletivo, a gente se sentiu mais à vontade”, disse Fabíola.

As duas contaram que se sentiram acolhidas desde a inscrição para participar do casamento. Isso fez com elas se sentissem encorajadas a enfrentar os “olhos tortos que pudessem surgir”. “Estamos muito felizes, fomos muito bem atendidas pelo pessoal da organização. Aqui tiveram uns ‘olhos tortos’, mas é como se estivéssemos só nós duas. Daqui pra frente é só erguer a cabeça e enfrentar o preconceito e tudo que possa surgir. Se é para ser feliz, então vamos ser”, acrescentou Jessica.

Mais de duas mil pessoas participaram do evento. Foto: Inaê Brandão/G1 Roraima
No parque, as flores, tapete vermelho e a música clássica transformaram o ambiente em um local ideal para a realização do sonho de muitos casais e de suas famílias. A jovem Adriana Lima, de 19 anos, e o militar José Ribamar, de 23, também resolveram se casar na cerimônia coletiva. Adriana disse que fez questão de ir vestida de noiva: “Era meu sonho casar de noiva. Me disseram que não precisava vir assim, que era simples, mas fiz de tudo pra vir e consegui”.

Emocionada, a mãe dela, Maria da Penha, disse estar orgulhosa e que fez de tudo para que o momento fosse especial para a filha. “Estou muito feliz em ver ela assim, realizada. Tive que apertar o orçamento para alugar o vestido, mas é a primeira filha que caso. Fiz de tudo”, disse.

‘Filha casou a mãe’

A mesma emoção foi compartilhada entre Wirleanna Karla, de 26 anos, e a mãe dela, Lilian Grace, de 46, que se casou com o Josué Quintaz, de 36. Porém, no caso delas, o papel foi invertido: a filha casou a mãe. “Fiz o buquê da minha mãe e o penteado. Estou muito emocionada de ver ela se casando. Sempre quis isso, pois sei que é a felicidade dela. Hoje os papéis se inverteram: a filha casou a mãe'”, brincou.

Casal mais novo e mais velho da cerimônia

O casamento civil para o aposentado Stimpson Moraes, de 74 anos, garante mais compromisso para a vida a dois. Ele oficializou a união com a cabeleireira Valdirene Silva, de 50, com quem vive há 10 anos. “Somos casados na igreja e temos união estável. Isso nos traz mais responsabilidade diante dos filhos e de Deus”, disse. “Com o casamento vai ficar melhor. Teremos mais compromisso, mais respeito, cuidado”, complementou Valdirene.

O casal mais jovem da cerimônia foi Rangel Pereira, de 18 anos, e Raquel de Oliveira, de 16 anos. Eles contaram que são religiosos e que resolveram se casar para viver de acordo com as crenças da igreja que frequentam. “Não fomos obrigados, mas estamos casando em razão da nossa igreja. Muitas pessoas acham estranho estarmos casando novos, me perguntam se estou grávida, mas não vemos problema nisso”, garantiu Raquel. Para que os dois casassem, os pais de Raquel tiveram de autorizar a união perante o juiz.

Amiga disse ‘ter obrigado’ casal de amigos a oficializar matrimônio

As amigas Luanna Brito e Mickelle Tenires escolheram se casar no mesmo dia. Luanna disse ter praticamente obrigado Andre Felipe a se inscrever para o casamento e oficializar a união com Mickelle. “Soube que as inscrições estavam abertas e falei para a Mickelle. Me inscrevi e eles nada. Até que ‘obriguei’ eles a irem se inscrever”, brincou.

O casamento coletivo foi promovido pela Secretaria de Bem Estar Social do governo do estado, em parceria com cartórios da capital, Defensoria Pública e Tribunal de Justiça. Ao final, cada casal recebeu um minibolo de casamento.

Mais de duas mil pessoas, segundo a Secretaria, prestigiaram a cerimônia que foi conduzida pelo juiz de paz Josiel Loureiro e pelo juiz de direito Erick Linhares. “Fica a lição de que as instituições unidas fazem coisas maravilhosas pela sociedade. O que desejo a esses casais é amor e muitos anos de união e de paz”, disse.

Para quebrar a ansiedade e o nervosismo dos casais, Loureiro optou por uma cerimônia descontraída. “Procuramos transformar a formalidade em descontração, porque o momento do casamento é um momento de alegria, de júbilo. Muitas vezes é uma vida inteira que estamos consagrando, então, a alegria tem que fazer parte da celebração”, disse.

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