O reconhecimento foi decidido na tarde desta quinta-feira (8), em Belém (PA), durante a 90ª reunião do Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), instituição vinculada ao Ministério da Cultura. A reunião continua nesta sexta-feira (9), quando os conselheiros decidem ainda o pedido de reconhecimento do Geoglifo do Sitio Arqueológico Jacó Sá, no Acre.
Marabaixo
Fruto da organização e identificação predominante entre as comunidades negras do Amapá, o Marabaixo é uma expressão cultural de devoção e resistência que representa tradições e costumes locais e reúne ritmo, dança, vestimentas, comidas e literatura. A origem do nome da manifestação remete aos escravos que morriam nos navios negreiros; seus corpos eram jogados na água e os negros cantavam hinos de lamento mar abaixo e mar acima.
Os negros escravizados passaram a fazer promessas aos santos que consagravam e, quando a graça era alcançada, se fazia um Marabaixo. Sua herança é deixada de pai para filho e está associada ao fazer religioso do catolicismo popular em louvor a diversos santos padroeiros. A forma de expressão reúne referências culturais vivenciadas e atualizadas pelos amapaenses, além de compor a memória, a identidade e a formação da sociedade brasileira.
Complexo do Boi Bumbá
São muitos os modos de brincar que celebram o Boi Bumbá pelo Brasil. Na região Norte, o folguedo se estabeleceu de forma marcante nas regiões do Médio Amazonas e Parintins (AM), misturando uma série de danças, músicas, drama e enredo que faz o coração dos brincantes e do público pulsar forte. O Complexo é uma das mais tradicionais e reconhecidas expressões culturais do país.
Com influências das missões jesuíticas, agregando referências indígenas, negras e de outras regiões, como o Nordeste, os Bois se caracterizam por fortes elementos marcados na transmissão do folguedo. Essas características estão presentes na construção das identidades sociais e no intenso envolvimento das comunidades na preparação de seus três formatos – Boi de Arena, Boi de Terreiro e Boi de Rua – e dos inúmeros saberes que constituem o chamado Complexo do Boi Bumbá do Médio Amazonas e Parintins.
Conselho Consultivo
O Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural é o órgão colegiado de decisão máxima do Iphan para as questões relativas ao patrimônio material e imaterial. São 22 conselheiros que representam o Ministério da Educação, o Ministério das Cidades, o Ministério do Turismo, o Ministério do Meio Ambiente, o Instituto Brasileiro dos Museus (Ibram), o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos), o Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), a Sociedade de Arqueologia Brasileira (SAB), a Associação Brasileira de Antropologia (ABA), e mais 13 representantes da sociedade civil, com especial conhecimento nos campos de atuação do Iphan.
Prêmio Rodrigo Melo Franco
A reunião do Conselho Consultivo realizada no Pará é parte integrante de um ciclo de atividades desenvolvido pelo Iphan para celebrar e promover o Patrimônio Cultural da Região Norte do Brasil.
A programação inclui a realização de um seminário, lançamento de uma revista e a realização da cerimônia de premiação da 31ª edição do Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, que acontece nesta sexta-feira (9), no Theatro da Paz, em Belém.
Os oito premiados deste ano vêm de vários cantos do Brasil. São projetos que se destacaram por sua contribuição com a promoção, valorização, proteção e gestão do Patrimônio Cultural Brasileiro.