Tradição marajoara do carimbó será resgatada em festival

O município de Cachoeira do Arari, no Marajó, quer resgatar a essência dos batuques oriundos da microrregião dos campos a partir da realização da primeira edição do Festival de Carimbó Marajoara – o Marakimbó, nos dias 15, 16 e 17 de setembro. A proposta é reunir os ritmos, as danças e gingados de 15 grupos culturais de vários municípios do estado, para reacender uma tradição marajoara que ainda é pouco difundida.

O coordenador da Associação Amigos da Cultura Fazendo Acontecer, Nil Marajó, que está à frente da organização do evento, explica que ainda não existe no Marajó um festival dessa natureza. Ele garante, no entanto, que do ritmo musical amazônico o arquipélago entende, sobretudo cidades como Soure, Salvaterra, Santa Cruz do Arari, Anajás, Ponta de Pedras e Muaná, e que fazem confluência com a cidade de Cachoeira do Arari, escolhida para abrigar o evento.

“Não se trata de um concurso, mas de uma mostra de dança que tem como objetivo despertar a cultura do carimbó marajoara. Quando se fala em carimbó, o foco é grande para a região de Marapanim, mas o surgimento do carimbó ocorreu no arquipélago do Marajó. Então, o que queremos é fazer esse resgate desse ritmo marajoara, que nasceu na microrregião dos campos”, reforçou Nil Marajó.

Foto: Reprodução/Ag. Pará
Além de reunir os grupos que estão ativos, ele explica que a intenção da organização do evento é incentivar outros grupos que estão parados a voltarem a tocar, promovendo também palestras sobre a importância do carimbó e, após o evento, oficinas de instrumentos musicais para o público infantil.

Já confirmaram presença na programação do Marakimbó os grupos Eco Marajoara e Aruãs (Soure), Paracauary, Sabor da Ilha e Nativos (Salvaterra), Ananatuba (Santa Cruz do Arari), Sedução Marajoara (Anajás), Itaguary e Nuaruaques (Ponta de Pedras) e Os Muanás, de Muaná.

A programação dos três dias do evento terá início a partir das 18h, sempre na praça central de Cachoeira do Arari. Além da mostra cultural, os grupos folclóricos participarão de palestras e visitas ao Museu do Marajó. A programação encerra com um arrastão cultural no domingo, 17, a partir 17h, com a presença de todos os grupos caracterizados pelas ruas da cidade. Mais informações pelos telefones: (91) 98483-1533/98424-4224 ou riomarajo77@gmail.com.
Campos marajoaras são atração da rodovia PA-154

Além de participar de uma programação voltada para o ritmo marajoara, a cidade de Cachoeira do Arari oferece atrativos naturais, históricos e culturais que merecem registro. O principal acesso à cidade já é motivo para se impressionar com os quilômetros de campos marajoaras, tendo os búfalos como a melhor atração da paisagem. Entregue recentemente pelo Governo do Pará à população marajoara, a rodovia PA-154 interliga os principais municípios turísticos do Marajó: Soure, Salvaterra e Cachoeira do Arari.

Cidade simples, mas rica em hospitalidade, Cachoeira do Arari tem uma população estimada de quase 22,5 mil habitantes, distribuídos em uma área de 3.100 km² e uma economia para a criação do gado bubalino, a pesca artesanal e a venda de peixes e mariscos.

O centro da cidade é simples, formado basicamente por pequenos comércios e o mercado municipal, onde se pode observar a chegada do caboclo marajoara com o ‘peixe na vara’, uma tradição que merece registro, e a praça central, que será palco do primeiro Festival de Carimbó Marajoara. Tudo na rua principal de acesso ao município, a José Rodrigues Viana.

Também merece registro a casa em que cresceu o escritor paraense Dalcídio Jurandir. Localizada a cinco minutos de caminhada da praça, no bairro de Petrópolis, a casa não está aberta a visitação, pois continua como residência da família do escritor. O escritor nasceu na cidade de Ponta de Pedras, também no Marajó, e se criou em Cachoeira do Arari, ambiente rico para a produção de sua primeira obra literária, “Chove dos Campos de Cachoeira”.

Foto: Reprodução/Ag. Agência
A principal atração da cidade está a uma quadra da praça central. Fundado em 1972 pelo padre jesuíta Giovani Gallo, o Museu do Marajó é uma referência no mundo inteiro por reunir um rico acervo da cultura marajoara. O museu registra toda a vida do caboclo marajoara, de forma interativa e lúdica, constituindo-se de um bom arquivo para estudantes e pesquisadores.

De tradição e criatividade em gastronomia, Cachoeira do Arari entende bem, como é o caso dos pratos que dona Zezé prepara no restaurante “Fundo de Quintal”. Entre as opções estão o “frito do vaqueiro”, a linguiça de búfala, a coalhada e o açaí, além do charque frito com pirão do leite da búfala e a “cunhapira”, uma comida produzida com o caldo do tucumã.

Como chegar

Pelo Terminal Hidroviário de Belém “Luiz Rebelo Neto”, lanchas (R$ 40) saem todos os dias às 12h30, exceto aos sábados e domingos, quando saem às 9h. A viagem dura 2h30. De navio (R$ 24), a saída é às 6h30 e às 14h40 com destino à Foz do Rio Camará, com duração de 3h. Depois, é só pegar van (R$ 20) ou ônibus (R$ 15), e seguir pela rodovia PA-154. A viagem dura uma hora. Para quem vai de carro, balsas saem do Porto da empresa Henvil, na rua Siqueira Mendes, 1096, em Icoaraci. Mais informações noOpens external link in new window link.
Onde ficar

Hotel Fazenda: Rua Cel. Guilherme Feio, s/n. Tel. Chalés com central de ar, wifi e estacionamento para 1p (R$ 96) e 2p (R$ 130), com adicional de R$ 30 por pessoa. Mais informações: (91) 98425-4933 (Falar com Lenice).
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