Pugmil, Tartarugalzinho, Feliz Natal: saiba a origem dos nomes “diferentões” de 27 cidades da Amazônia Legal

Nomes curiosos como Pugmil, Tartarugalzinho, Garrafão do Norte, Brejinho de Nazaré e Feliz Natal estão entre os mais estranhos.

Durante expedições pela Amazônia, famílias de várias regiões do Brasil migraram para o Norte, algumas atrás do cultivo e sobrevivência e outras para exploração das riquezas presentes na região, como o ouro. 

Assim, com a mistura de diversas culturas e vínculos com tribos indígenas, surgiram comunidades e, posteriormente, cidade, com alguns dos nomes mais diferentes e até estranhos.

O Portal Amazônia listou 24 dos mais diferentes nomes e as histórias curiosas sobre suas origens com base nos sites das próprias prefeituras. Confira:

Acre 

Tarauacá. Foto: Reprodução/Governo do Acre

Tarauacá: A região era habitada por indígenas das etnias Kaxinawás e Jaminauas, e fica às margens dos Rios Tarauacá e Murú. Fundado em 1º de outubro de 1907, o município foi transformado em vila e batizado de “Seabra”. Tarauacá ficou conhecida como “a terra do abacaxi gigante”. A cidade atrai diversos turistas e possui pratos à base de peixes da região. O município de Tarauacá se tornou famoso no Brasil e no mundo após o programa Globo Repórter ter exibido uma matéria sobre as “Riquezas Amazônicas”.

Epitaciolândia: O município começou como um pequeno vilarejo, recebendo o nome Epitaciolândia como uma homenagem ao ex-Presidente da República Epitácio Pessoa. A sua origem é baseada em projetos de colonização estadual instalados na década de 80. Nessa época a cidade começou a se desenvolver, com a presença de habitações e agricultura familiar. A população é constituída por famílias de agricultores que migram de outras regiões do país. Estima-se cerca de 18.979 habitantes (IBGE, 2021).

Feijó: É conhecido por ser a terra do açaí, a “Princesinha do Acre” e é repleta de tribos como Jaminawás, Kaxinawás e Chacauwás. Sua população é de 34.986 (IBGE,2021). Em 1879, em decorrência da migração nordestina, houve uma “desbravação” da região e a demarcação de lotes de terras e ‘seringais’. No entanto, ocorreram vários conflitos na selva, entre os nordestinos e índios, por conta da ocupação dessas áreas de terras, que pouco tempo depois transformaram-se em seringais. É neste contexto que surge à margem esquerda do rio Envira, o Seringal Porto Alegre que mais tarde deu origem ao município de Feijó. Após alguns anos de desenvolvimento, o seringal se tornou vilarejo, e em 13 de maio de 1906, foi elevado à categoria de vila sob denominação de Feijó, em homenagem ao sacerdote católico, Diogo Feijó, nome que se conserva até hoje. 

Amapá

Tartarugalzinho. Foto: Reprodução/Prefeitura de Tartarugalzinho

Tartarugalzinho: Cidade localizada na região leste do Amapá, recebeu esse nome por se tratar de um município afluente do Rio Tartarugal Grande. Sendo elevado à categoria de município em 17 de dezembro de 1987. O município possui desenvolvimento pecuário, sendo uma das principais bases produtivas na região. Possui também uma selva preservada, onde os quelônios se reproduzem, além de possuir áreas que realizam passeios ecológicos e pesca esportiva, tornando Tartarugalzinho um lugar com grande potencial para o turismo ecológico. Isso se fortalece também com os banhos nos lagos próximos ao município.

Oiapoque: Ligada ao tupi, a origem do nome Oiapoque significa Casa (Oca, Occo, Oque) dos guerreiros, ou parentes (Oiapi, Waiap). O nome Waiãpi, que lembra os indígenas da reserva atual do Amapari, também significa “parentes”. Os primeiros habitantes da região são antepassados dos povos Waiãpi, que ocupavam extensão territorial do rio Oiapoque. Durante o período colonial, Oiapoque era parte da Capitania do Cabo Norte. Os portugueses lutaram contra outros europeus, com intuito de estabelecer domínio territorial ao sul do rio Oiapoque, e ao norte do rio Amazonas, para expandir os impérios colonizadores que cada grupo representava. 

O município foi criado em 23 de maio de 1945, através da lei 7578. É a única cidade do Amapá que possui fronteira internacional, fazendo limite com a Guiana Francesa, por isso é a única cidade do Amapá, além de Macapá, que possui uma unidade do Exército Brasileiro. A economia concentra-se, principalmente, na criação dos gados bovino, bubalino e suíno e na cultura da mandioca, laranja, milho, cana-de-açúcar e outros.

Pracuúba: Com nome em homenagem a uma árvore típica da região, a Pracuubeira, predominante na reserva ecológica do Lago Piratuba. Localizado na região central do Amapá, o município surgiu como localidade aproximadamente em 1906. Seu crescimento econômico é marcado pela pesca artesanal e pecuária, com destaque na criação de bovinos e bubalinos, enquanto a agricultura é voltada para a subsistência. No dia 1° de maio de 1992, foi elevado à categoria de município com denominação de Pracuúba, desmembrado do município de Tartarugalzinho. 

Amazonas 

Nhamundá. Foto: Reprodução/Prefeitura de Nhamundá

Canutama: Conhecido como um dos municípios mais antigos do Amazonas, inicialmente a cidade foi fundada com o nome de Nova Colônia de Bela Vista. No entanto, de acordo com alguns antigos habitantes, a origem do nome está ligada aos indígenas, quando um indígena do município de Tapauá cortou o pé e gritou “Canutama” com significado de ‘Pé Cortado’. Canutama é um dos municípios mais antigos do Amazonas, com o início das explorações no rio Purus, o município começou a ser povoado e desenvolvido. O rio Purus começou a ser explorado no século XIX, sendo um dos pioneiros alguns coletores das drogas no sertão. Durante a Segunda Guerra Mundial, o município contribui enviando homens para integrar o exército brasileiro e garantir a segurança dos brasileiros.

Nhamundá: O nome é em homenagem ao rio Nhamundá, tendo como primeiros habitantes os povos indígenas conhecidos como Uabois, Jamundás, Cuniris e Guncari. Em 1758 passou a ser considerado uma vila. Atualmente fica localizado ao Norte-Leste de Parintins, porém em 1911 apareceu na divisão administrativa do Brasil como integrante de Parintins. A ilha foi desmembrada e se transformou no município autônomo somente no dia 19 de dezembro de 1955. Depois de alguns meses, no dia 31 de janeiro de 1956, a cidade foi registrada oficialmente, data marcada com a posse do primeiro prefeito da cidade, tenente Pedro Macedo de Albuquerque, nomeado pelo então governador do Estado do Amazonas, Doutor Plínio Ramos Coelho.

O rio Nhamundá, ficou marcado pelo encontro entre Francisco Orellana e as guerreiras indígenas conhecidas como Ycamiabas. O fato aconteceu em 1541, o espanhol Orellana as chamava de Amazonas, tais como as mulheres guerreiras presentes na mitologia grega. Esse encontro originou o nome do Estado do Amazonas.

Urucurituba: Os índios das tribos Mundurucus e Maués foram os primeiros habitantes da região. O nome da cidade faz parte de um vocábulo indígena que significa ‘palmeiral’, o ‘lugar onde há muitas palmeiras’. O município foi fundado em 1976 pelo então prefeito Félix Vital, sendo necessária a participação de 400 homens para a construção da cidade. 

Maranhão 

Pastos Bons. Foto: Reprodução/Prefeitura de Pastos Bons

Icatu: O nome da cidade possui o significado de ‘Pontes Boas’. Em 1614, durante a Batalha de Guaxenduba, após a vitória dos portugueses sobre os franceses, foi realizada uma procissão em ação de graças a Nossa Senhora da Ajuda e construção de sua igreja. A vila de Icatu foi fundada em 1688, que posteriormente foi transferida para outro local, na margem direita do rio Munim. A Vila de Icatu, inicialmente, chamou-se Arrayal de Santa Maria de Guaxenduba e só adquiriu a categoria de cidade em 1924.

Pastos Bons: Inicialmente a vila foi fundada por pernambucanos e baianos, que chegaram por volta de 1764. Esses primeiros povoadores possuíam criação de gado com fazendas em toda a região, desde São José dos Matões até Paratinga. Após o povoamento do alto sertão, somente o ponto inicial das estradas continuou sendo chamado de Pastos Bons.

Axixá: O nome é em homenagem a uma árvore grande, de frutos avermelhados, encontrada às margens do rio Munim. O município foi colonizado por portugueses, que mandaram buscar em Portugal uma imagem de Nossa Senhora da Saúde, Padroeira da Cidade, para a igreja ali edificada. Em 1930, Axixá foi reintegrado a Icatu, só reconquistando a sua autonomia anos depois. 

Mato Grosso 

Feliz Natal. Foto: Reprodução/Prefeitura de Feliz Natal

Feliz Natal: A origem do nome do Feliz Natal possui ligação com o município de Sinop, também no Mato Grosso. Em 1978, empresários do ramo madeireiro se deslocaram até a região do Rio Ferro, na intenção de explorar as madeiras e a fertilidade do local. Alguns empresários das fazendas Bandeirantes e Uirapuru investiram na região, que até então estava inexplorada. Após alguns dias, os trabalhadores decidiram retornar a Sinop e visitar as suas famílias durante os festejos natalinos. Porém, como a estrada era intrafegável e estava em período de chuva, decidiram interromper o trajeto. 

Como era noite de Natal, os trabalhadores diziam uns aos outros ‘Feliz Natal’. Com o passar do tempo, os trabalhadores dessas fazendas construíram um pequeno vilarejo que rapidamente prosperou, e em homenagem à noite de Natal em plena floresta, o vilarejo próximo ao Rio Ferro foi batizado como Feliz Natal.

Poconé: Ligada a uma tribo indígena que habitava na região, a origem do nome é em homenagem aos indígenas Beripoconé. Em 1777, a região foi descoberta por suas riquezas em ouro. Em 21 de janeiro de 1781, sob ordens de Luís de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, Antonio José Pinto de Figueiredo criou a Ata de fundação do Arraial de São Pedro d’El Rey. O nome Arraial de Beripoconé não foi usado pelo gentílico por ser considerado bárbaro, derivando do gentio “habitou nesta paragem”.

Em 1831, sob Decreto Geral, o Governo Regencial nomeou o município de Villa de Poconé, voltando ao primeiro nome. Neste decreto, ocorreu pela primeira vez a designação de limites em ato de criação de município em Mato Grosso. Em 1 de julho de 1863, Poconé recebeu o estatuto de cidade via Lei Provincial.

Torixoréu: Com nome em homenagem à tribo Bororo, que possui presença histórica em Mato Grosso, foi decretada em 10 de dezembro de 1953 o nome do município que ficou conhecido como Torixoréu. O povoamento da região aconteceu por volta de 1926, com uma família que possuía uma fazenda de gado, onde nomearam a cidade como Balizinha, devido à sua posição geográfica.

Localizava-se às margens do rio Araguaia, em frente à cidade de Baliza, que se situa na margem direita do rio, no Estado de Goiás. No lugar foi construído um posto fiscal para controle do comércio entre os Estados de Mato Grosso e Goiás. Na Divisão Territorial de Mato Grosso, em 1936, o povoado de Balizinha teve a denominação alterada para Baliza de Mato Grosso, tornando-se distrito. 

Pará 

Bannach. Foto: Reprodução/Facebook-Prefeitura Municipal De Bannach

Bannach: Localizada na região sudeste do Pará, Bannach foi elevada à categoria de município no dia 15 de outubro de 1993. Antes a cidade fazia parte de Ourilândia do Norte, e é considerado um dos mais novos municípios do sudeste paraense. A população estimada é de 3.239 (IBGE, 2021). A cidade começou com uma fazenda que pertencia a uma família, que possuía ligação com a indústria madeireira. Sendo um dos primeiros moradores, a família Bannach foi responsável pela transformação da área em município.

Garrafão do Norte: O nome possui vínculo com o igarapé que passa pela sede municipal. Originalmente seu nome era ‘Povoado do Garrafão’, mas como no Estado de Espírito Santo existe um núcleo urbano com a mesma denominação, foi-lhe acrescentado o sufixo ‘do Norte’. A cidade foi povoada por nordestinos e imigrantes, que fizeram parte das chamadas frentes pioneiras, que receberam auxílio do governo estadual para a construção de uma estrada ligando Garrafão e Mamorana, assim como para a construção de cinco pontes consideradas de importância vital para o escoamento da produção agrícola.

No ano de 1988, devido ao crescimento econômico da região, o distrito foi elevado ao Município de Ourém, já com o nome de Garrafão do Norte. Sendo eleito seu primeiro prefeito Milton Xavier.

Cumaru do Norte: Localizada na região sudeste do Pará, em 1991 foi criado o município que começou em torno de um garimpo. Em busca da descoberta de ouro, pessoas vindas de diversas regiões do País começaram a se fixar na região. A atividade garimpeira cresceu e a área onde fica Cumaru do Norte ganhou uma pista de pouso e decolagem de táxis aéreos.

Atraindo olhares para a região, foi preciso criar o ‘Projeto Cumaru’ que ficou sob a responsabilidade do Conselho de Segurança Nacional. Com o intuito de acabar com o contrabando de ouro, dar assistência aos garimpeiros e evitar os conflitos com povos indígenas, durante anos a região foi dominada por militares.

Com o crescimento da garimpagem, surgiu o movimento de emancipação, porque Camaru estava vinculado ao município de Ourilândia do Norte. O desejo de separação virou Projeto de Lei e o município foi criado através da Lei 5.710, de 27 de dezembro de 1991. 

Rondônia 

Theobroma. Foto: Reprodução/Facebook-Prefeitura Municipal de Theobroma

Theobroma: Com o grande cultivo do cacau, a matéria prima do chocolate, o município recebeu o nome de Theobroma, como homenagem ao nome científico do cacaueiro (Theobroma cacao), árvore que faz parte da família das Esterculiáceas. O município surgiu como um núcleo urbano de apoio rural do Projeto de Colonização Padre Adolpho Rohl, que tinha o intuito de ocupar a Amazônia Legal e formar municípios. Em 2021, a população estimada era de 10.348 habitantes.

Cabixi: Localizado no extremo sul rondoniense, o município faz divisa com os municípios de Cerejeiras, Colorado do Oeste, Pimenteiras do Oeste, Estado do Mato Grosso e fronteira com a Bolívia. Os bandeirantes paulistas, que chegaram na cidade do século XVII, chamaram de Cabixi, em homenagem ao rio que nasce na Chapada dos Parecis e deságua no Rio Guaporé e também aos índios Cabixis que habitavam a região. Em 1988, Cabixi foi desmembrado do Município de Colorado do Oeste e elevado à categoria de município.

Nova Mamoré: O nome original da cidade era Vila Nova do Mamoré, porém em 1993 foi alterado para Nova Mamoré. A região já foi conhecida como Boca, Vila, Vila Nova, tendo como primeiro governador João Clímaco, um dos pioneiros da região, quando Vila Nova ainda era um distrito de Guajará-Mirim. O município se desenvolveu e começou a crescer após a descoberta de ouro no Rio Madeira, e assim surgiu o anseio de populares em busca da emancipação, sendo concretizada em 1988.

Roraima

Caracaraí. Foto: Reprodução/Prefeitura de Caracaraí

Amajari: O rio Amajari, principal curso d’água e afluente do Rio Uraricoera, dá nome ao município. É considerado um município com forte presença da cultura indígena e seus limites são a Venezuela a oeste e norte e Boa Vista ao sudeste. A sua formação aconteceu devido à união de várias vilas, entre elas foi escolhida a Vila Brasil, que passou a ser a sede do município e elevada à categoria de cidade. A região possui diversas etnias, atualmente são cerca de 19 comunidades indígenas. Dentre as etnias presentes na região, estão a Macuxi, Wapichana, Sapará e Taurepang.

Cantá: A região era habitada por indígenas, porém em 1950, através do movimento da Divisão de Produção Terras e Colonização (DPTC), do Estado de Roraima, foi criada a Colônia Brás de Aguiar, que tinha o intuito de produzir alimentos para o mercado consumidor em Boa Vista, capital de Roraima. As terras da cidade faziam parte dos municípios de Bonfim e Caracaraí. Porém, em 1995 foi desmembrada e elevada à categoria de município

Caracaraí: Em homenagem a um pequeno gavião famoso na região, o nome Caracaraí é em alusão a essa ave que habita na região centro-sul de Roraima. Caracaraí era constituído por outros dois distritos, que eram Boiaçu e São José de Anauá, no entanto em 1988 Caracaraí foi constituído como distrito sede. A cidade ficou conhecida como Cidade Porto, sendo suporte de abastecimento de Roraima, principalmente com derivados de petróleo. O mais importante produto era a produção de gado do Estado, que era embarcada em batelões na cidade de Caracaraí, em direção a cidade de Manaus, que abastecia Roraima com aviamentos a bordo dos mesmos batelões ao retornarem. 

Tocantins 

Pugmil. Foto: Reprodução/Prefeitura de Pugmil

Brejinho de Nazaré: A cidade de Brejinho de Nazaré está localizada à margem esquerda do rio Tocantins e à direita do córrego Brejinho que originou o seu nome. O início do povoamento começou em meados do século XIX, quando uma família vinda do Estado Maranhão, começou uma criação de gado bovino e equino. O município possui ligação com a imagem de Nossa Senhora de Nazaré, que ficou famosa como a padroeira do local, sendo construída uma pequena capela em homenagem à Padroeira. Somente em 1958 a cidade foi elevada à categoria de município.

Pugmil: A origem do nome veio de uma máquina estrangeira de moer cascalho. Localizada às margens da Rodovia BR-153, a cidade foi elevada a município no dia 26 de maio de 1994, desmembrada do município de Paraíso do Tocantins. A população estimada é de 2.746 habitantes (IBGE, 2021).

Wanderlândia: O município fica localizado na microrregião de Araguaína, próximo aos estados do Maranhão e Pará. A cidade recebeu esse nome como homenagem à família Wanderleys, que dominou a região no século XVII. Eles também tiveram a colaboração das famílias Siqueira e Barroso. 


Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Indígenas são impedidos de plantar roças devido à venda de créditos de carbono na Amazônia 

Organizações denunciam transações sem consulta que impactam a vida nas aldeias na fronteira Brasil-Colômbia: "viramos vigias da floresta".

Leia também

Publicidade