Natureza exuberante e cultura centenária colocam o Marajó na rota do turismo nacional e internacional

Com uma natureza exuberante e que encanta facilmente qualquer pessoa, a Ilha do Marajó, com seus 49.606 KMs de extensão, localizada a 90 KMs da capital paraense, é a maior ilha fluviomarítima do mundo. O local revela paisagens belas e distintas. Campos, florestas e praias formam um tesouro de vastas e raras espécies da fauna e flora amazônica, algumas, inclusive, em extinção. Veja mais imagens.

Segundo o último boletim da Secretaria Estadual de Turismo (Setur), divulgado em 2018, o Marajó atraiu mais de 60 mil turistas em um ano, que geraram para a economia cerca de R$ 15 milhões, quantidade ainda pequena, de acordo com a avaliação da Secretaria de Turismo do Estado, o que pode ser modificado em breve.

Das pessoas que procuram o Pará, apenas 6% escolhem como destino o Marajó, por este motivo, para melhorar a infraestrutura turística dos municípios marajoaras e assim aumentar a receita gerada pelo segmento para as cidades.

Foto: Divulgação

De acordo com o secretário da Setur, André Dias, uma estratégia para alavancar as visitas foi dividir a região em dois ecossistemas dominantes e criar estratégias de fomento do turismo, cada uma com sua especificidade. “Criamos duas frentes para atuar de forma específica: a ‘Campos do Marajó’ e a ‘Floresta do Marajó’, alcançando mais os turistas que estão atrás das belezas naturais e de conhecer a floresta amazônica. Estamos começando um novo processo de gestão do turismo para intensificar as visitas não só em praias, mas em todas as áreas”, explicou.Uma recente pesquisa de turismo receptivo, realizada em dezembro de 2018 pelo Instituto Ambiental e Profissionalizante da Amazônia (Iapam), concluiu que 82% das pessoas que viajaram para Soure e Salvaterra, municípios de entrada da Ilha, buscavam lazer. Deste total, a maior parte aproveitou o tempo livre para conhecer os atrativos naturais da região.Durante a pesquisa foi descoberto, ainda, que a maior parte desses turistas são oriundos de estados da região Norte, em seguida do Rio de Janeiro e depois de São Paulo, que ainda não tiveram a oportunidade de conhecer mais afundo toda essa riqueza natural existente.

Outra estratégia para atrair o turismo na região é a inclusão das praias da ilha no Programa Internacional de Certificação Ambiental Bandeira Azul. O programa, do Instituto Ambientes em Rede, qualifica as praias e orienta sobre sua balneabilidade, assim como as melhores épocas do ano para banho. A Praia do Pesqueiro, em Soure, e a Praia Grande, em Salvaterra, são as preferidas.

Foto: Divulgação

Por estar entre os rio Amazonas, Pará e também ter o oceano Atlântico ao ser redor, o Marajó dispõe de praias de água doce e salgada, alcançando dessa forma todos os gostos. Além das praias, os animais também convivem em harmonia no local. Garças-brancas, maçariquinhos, quero-quero e guarás complementam o visual exuberante da região pelo ar.

Por terra, búfalos convivem com as pessoas tranquilamente. Fazendas centenárias de criação desses animais estão por toda a parte. Esses mamíferos, inclusive, servem de locomoção para a Polícia local. Conhecer o diferente modo de vida dos marajoaras é uma experiência a parte.

O mineiro, André Lemos, ficou encantado justamente por isso. “Estou adorando. É incrível! A natureza é realmente intocada, a simplicidade das pessoas, esse tom rústico que a ilha tem é um atrativo a mais”, disse o turista.

Para seu Antônio Santiago, proprietário da Pousada dos Guarás, em Salvaterra, “a rede hoteleira movimenta toda cadeia produtiva do município, atingindo pescadores, agricultores e comerciantes. Mas ainda há muito o que avançar no fluxo turístico. No período de alta temporada, que coincide com as poucas chuvas, a ocupação da pousada não chega a lotar, atingindo uma média de 40%”.

Gastronomia – Os restaurantes da região oferecem o melhor da gastronomia paraense. Iguarias como peixes e camarões são retirados em abundância. O queijo de búfalo, uma iguaria típica do Marajó, também atrai bastante o turista. O rota turística do queijo, por exemplo, está sendo desenvolvida pelo Estado, em uma parceria entre Setur e Sebrae/Pa. Este ano, o queijo fresco de leite de búfala foi reconhecido internacionalmente por sua qualidade e sabor.

Foto: Divulgação

“Uma das nossas estratégias principais são a criação das Rotas Turísticas e Gastronômicas, que serão estruturadas para diversificar a oferta turística, trabalhando também na qualificação dos empresários e profissionais do setor que atuarão nas rotas, atraindo mais turistas aos municípios por qual passam”, revela o secretário.

Há 9 anos, Dona Celilda Vitelli apostou no sorvete regional com base no queijo e no leite de búfala. A sorveteria que mantém no centro de Soure faz sucesso entre os visitantes do município.

“Os turistas adoram os nossos sabores. Aqui vem muita gente de São Paulo, também já recebi da Itália e da França. Eles querem saber como o sorvete é feito, ficam enlouquecidos. Meus sorvetes são feitos da nata do leite e da mussarela de búfala. Uso somente ingredientes produzidos aqui”, revela a comerciante.
Cerâmica Marajoara –
Caminhando no fortalecimento da produção associada ao turismo, não podemos esquecer da cultura marajoara. A cerâmica artesanal, por exemplo, preserva a história e as tradições do povo marajoara que remonta a era pré-colombiana. Um dos lugares onde é possível conhecer essa arte é a ‘Instituição Caruanas do Marajó, Cultura e Ecologia’, em Soure. No local são produzidas peças em barro, entre elas pratos, tigelas, vasos e tangas, altamente elaborados com grafismos geométricos, conhecimento passado por várias gerações. Essa arte, feita pelos primeiros povos indígenas da Ilha, é considerada a mais antiga arte em cerâmica do Brasil.

Um esforço conjunto entre Estado, municípios, comerciantes e produtores locais, pode abrir novas oportunidades. Ações de requalificação da mão-de-obra local para receber os visitantes também são realizadas. O objetivo é gerar negócios, emprego e renda para a região.

“Estamos apresentando o Marajó em feiras e eventos pelo Brasil. A região, inclusive, já está inclusa em roteiros turísticos. Já realizamos várias press-trips, levamos jornalistas e blogueiros para lá. Inclusive a TV Record que retransmite para 150 países, produziu uma reportagem de 22 minutos mostrando as belezas do Marajó”, conta André Dias.
Mobilidade –
A partir do ano que vem, a Companhia de Portos e Hidrovias (CPH) dará início as obras de construção e revitalização dos terminais hidroviários de Salvaterra e Soure. O aeroporto de Soure também será reformado. Assim como está prevista a reforma da Praça Paes de Carvalho, em Icoaraci, de onde saem balsas para o Marajó.

Como chegar ao Marajó:

O turista tem pode chegar a Ilha de carro ou de barco. A viagem dura cerca de 3h30 até o Porto do Camará, distante 25 KM de Salvaterra e 31 KM de Soure.

Há também a opção de barco rápido (catamarã), a travessia leva 2 horas e o visitante vai direto pra Soure, a principal cidade do Marajó. A viagem inicia no Terminal Hidroviário de Belém, localizado na Avenida Marechal Hermes nº 901.

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