A EFMM não só é parte da história do estado, como também ajudou a construí-lo
Neste domingo, 1º de agosto, a Estrada de Ferro Madeira Mamoré (EFMM), localizada na capital de Rondônia, completa 109 anos. Para Manoel Paixão, de 76 anos, a data também é sinônimo de saudade.
Ele começou a trabalhar na estrada aos 15 anos. Para alguns, a profissão era somente um ofício, já para Manoel era um tipo de herança familiar. “Eu viajava era de graça. Meu pai era capataz, meu tio era condutor”, conta bem humorado.
E no trabalho não tinha tempo ruim. Ele começou trocando dormentes na ferrovia e foi passando por vários outros serviços. “Nivelar, roçar, capinar… todo serviço a gente fazia”.
Hoje ele se entristece um pouco ao lembrar que as locomotivas não funcionam mais e o que acontece com algumas das peças que restaram. Frequentemente são registrados casos de roubos ou furtos das peças.
No últimos casos, várias partes que foram cortadas por criminosos estavam amontoadas na região da vila candelária para ser vendidas como sucata. Peças do patrimônio histórico e cultural de Rondônia, que foi bravamente construída pelas mãos do Manoel e vários outros trabalhadores.
A EFMM não só é parte da história do estado, como também ajudou a construí-lo, transportando os seringueiros, garimpeiros, passageiros e mercadorias que fizeram a região se desenvolver.
Obras
Em 2019, o completo foi fechado para visitação, para que fossem iniciadas obras de revitalização. Em dezembro de 2020, parte da obra, que custou R$ 23 milhões através de compensação social da Santo Antônio Energia, foi entregue à Prefeitura de Porto Velho.
O espaço não foi reaberto na época porque ainda faltavam algumas finalizações, como o processo de licitação para a escolha da empresa que irá administrar a área, segundo o Município. No entanto, até este mês a EFMM ainda não foi aberta ao público. Enquanto isso, o sonho do Manoel é novamente o apito das locomotivas, anunciando o funcionamento.
A reportagem questionou a Prefeitura de Porto Velho sobre um prazo para que a estrada seja reaberta a visitação, mas ainda não obteve resposta.
*escrito por André Oliveira e Jaíne Quele Cruz, Rede Amazônica