O desembarque foi no trapiche de Icoaraci, onde os visitantes estrangeiros puderam conhecer o artesanato paraense e a cultura popular, com apresentação de brincantes do Arraial do Pavulagem. De lá, 21 ônibus saíram para iniciar as rotas pelos pontos turísticos. Uma delas percorreu o centro histórico e os patrimônios culturais e arquitetônicos, como Teatro da Paz e Museu de Arte Sacra.
A temporada de cruzeiros que recoloca o Pará no roteiro turístico mundial tem o receptivo coordenado pelo governo do Estado, por meio da Secretaria de Turismo (Setur). “Nossa temporada começou em dezembro com dois cruzeiros e termina em maio com 13 cruzeiros em 2020, desembarcando em Icoaraci e Belém. Portanto, o trabalho continua sempre melhorando a cada recepção”, ressalta o secretário de Estado de Turismo, André Dias.
A ação é articulada com outras instituições, como a Secretaria de Estado de Cultura (Secult), Polícia Militar, Prefeitura Municipal de Belém e Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). No Theatro da Paz, os turistas tiveram uma visita guiada onde conheceram um pouco mais sobre o patrimônio histórico e a elite paraense que viveu na época da borracha. Eles foram surpreendidos com uma apresentação especial, no palco, de um quarteto de cordas que tocou um recital de músicas clássicas. “Great” (ótimo), “Wonderful” (maravilhoso), elogiaram os visitantes.
O americano e planejador urbano aposentado, Bill Oman, que esteve em Belém em 2016, estava ansioso para visitar os atrativos arquitetônicos e históricos da cidade, que completou 404 anos neste último domingo (12). “Gostei tanto que voltei. E, por isso, escolhi um tour cultural, para poder entrar nos teatros e museus”, afirma o turista que veio de São Francisco, na Califórnia (EUA).
A portuguesa e professora aposentada Ana Maria Carolino não perdia a chance de fotografar cada detalhe do monumento arquitetônico. “Estou adorando, é uma maravilha. Me surpreendeu positivamente. É a primeira vez em Belém, muito bonito aqui. O Teatro eu não esperava ser tão bonito como realmente é. Tudo lindo. O teto, o chão e as paredes, as pinturas, adorei”, contou entusiasmada.
Turismo
Segundo o titular da Setur, André Dias, o turista de cruzeiro gasta cerca de 100 dólares em compra de souvenirs, artesanatos e passeios em geral. “O navio traz mais de mil pessoas, ou seja, mais de 100 mil dólares são injetados na economia em uma única visita”, prospecta.Para o artesão Rodrigo Miranda, que trabalha há 20 anos como ceramista em Icoaraci, esse novo momento do turismo na cidade dá mais gás e incentivo para quem trabalha com artesanato. “É gratificante. A gente vende pouco artesanato para quem é daqui. O turista que vem de fora do Brasil valoriza mais, eles gostam das cerâmicas com pinturas de araras, pássaros, algo que lembra a floresta. Pra gente, está sendo muito bom, porque nos sentimos valorizados com o nosso produto circulando pelo mundo”, diz.
Mas, para impulsionar ainda mais a atividade turística em Belém, a cidade precisa sair do abandono, sobretudo, em estrutura receptiva. O presidente da Companhia de Portos e Hidrovias, Abraão Benassuly, que também participou das boas vindas aos visitantes, afirma que o Estado já trabalha para readequar o porto de Icoaraci.
”Nunca houve nada aqui em Icoaraci, de estrutura, que pudesse proporcionar para o nosso turista conforto e segurança. É um desembarque improvisado. Preocupado com essa situação, o secretário André Dias encaminhou o pedido de estudos pra CPH, para instalarmos uma estrutura adequada para os transatlânticos. O nosso governador já autorizou que iniciássemos os procedimentos para contratação da empresa que fará esse estudo, para assim elaborarmos o projeto e a executarmos a obra”, afirma Benassuly.