Entenda a importância histórica da Vila Cunani para o Amapá

Além de ser conhecido pela sua importância histórica, o local tem como uma de suas principais comemorações a festa em honra a São Benedito.

O nome ‘Cunani’ é Tupi, e relembra a forma que indígenas Palikur chamavam o peixe da espécie Tucunaré. Foto: Reprodução/Fundação Marabaixo

O Estado do Amapá é rico em diversidade. Em sua extensão é possível apreciar desde a cultura do Marabaixo até as tradições dos povos indígenas. Como parte do Estado, a Vila Cunani reserva histórias que nem sempre são conhecidas pelo imaginário popular.

 Localizada na parte norte do Amapá, no município de Calçoene, aproximadamente a 374 quilômetros de Macapá, Cunani ou Vila Cunani, tem como sua principal característica econômica o extrativismo, pesca e plantação de cacau. A população estimada da região é de 1200 habitantes e é administrada pelo Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa).

O local, além de ser conhecido pela sua importância histórica, tem como uma de suas principais comemorações a festa em honra a São Benedito. A festividade inicia no dia 13 de dezembro com o levantamento do mastro e termina no dia 26 de dezembro com o derrubamento.

Hoje é uma comunidade pacata, que ainda reflete traços de sua criação, no século 18, quando serviu como refúgio para franceses e por um tempo foi uma “república independente”.

A festividade inicia no dia 13 de dezembro com o levantamento do mastro e termina no dia 26 de dezembro com o derrubamento. Foto: Reprodução/Fundação Marabaixo

Sobre Cunani

Na região, há o conhecido Stonehenge da Amazônia e os Sítios Arqueológicos. Esses são frutos de pesquisas feitas pelo autorizados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), segundo a gerência do Núcleo de Pesquisa Arqueológica (NuPArq) do IEPA.

Lei também: Rochas milenares eram usadas como calendário solar por povos indígenas: conheça Stonehenge da Amazônia

O Parque Arqueológico do Solstício fica na área rural de Calçoene. O acesso é feito pelo ramal que liga a sede do município à Vila do Cunani, percorrendo 30 quilômetros.

Pesquisas ainda buscam encontrar mais precisas sobre o megálito. Os indícios encontrados são de que ele foi construído por indígenas há cerca de 1 mil anos antes de Cristo, para observação astronômica e também para rituais.

O Parque Arqueológico do Solstício fica na área rural de Calçoene. Foto: Reprodução/Acervo IPHAN

Em relação aos sítios arqueológico, o Iphan , faz escavações exponenciais no local. O que se sabe, de acordo com o historiador Gil Barbosa, é que o local era usado como cemitério indígena.

Parte do material encontrado no local, pode ser visto no Museu Histórico Joaquim Caetano da Silva, localizado na área central de Macapá. Outra parte é do acervo do NuPArq/Iepa.

No início das escavações a ideia era transformar o local em uma opção turística, o que não ocorreu.

Conheça a história

O nome é em Tupi e relembra a forma que indígenas Palikur chamavam o peixe da espécie Tucunaré. A Vila Cunani, na época parte do Contestado do Oiapoque, foi criada no século 18 com a vinda dos jesuítas francesa. Nos registros históricos a região aparece, criada em 1858, já no século 19. Todas as histórias reforçam a presença indígena na região, antes mesmo do contato com europeus.

“A Vila já existia quando os jesuítas chegaram, mas com a chegada deles o local começa a se desenvolver. Temos neste momento, outros povos que começam a habitar a região”,

afirma o historiador.

A Vila Cunani, na época parte do Contestado do Oiapoque, foi criada no século 18 com a vinda dos jesuítas francesa. Foto: Reprodução/Fundação Marabaixo

Cunani por várias vezes foi palco de disputas entre aventureiros que viram na área um grande potencial de exploração de ouro. Conhecida como a ‘febre do ouro na região do Cunani’, nessa época, a sua função era servir de apoio para os garimpeiros da região.

Por duas vezes, os franceses Jules Gross e Adolph Brezet, transformaram essa região em república independente. À época a vila tinha selo postal e sua própria moeda. A república não foi reconhecida pelos governantes, tanto francês quanto do Brasil.

Os povos que hoje habitam o local são uma mistura de indígenas e crioulos. “Cunani tem uma importância sociocultural enorme para o Amapá. Temos livros e canções que contam a história deste lugar”, destaca o professor.

Quer conhecer o local?

Para conhecer a vila é necessário enfrentar algumas horas de estrada até o município de Calçoene partindo de Macapá. Chegando lá, o acesso é pela área rural do município.

No local não há energia elétrica, o fornecimento é feito através de gerador. Para quem quer um passeio cheio de histórias, cultura e apreciação da Amazônia amapaense ir até a Vila Cunani é uma boa pedida.  

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Novo grupo de indígenas isolados no Amazonas está sem proteção há mais de um ano

Funai não publica portaria de restrição de uso nem monta base para monitorar isolados; empresa madeireira e de exploração de gás e óleo atuam na região.

Leia também

Publicidade