O Estado é pioneiro e referência quando o assunto é geoglifos, pois tem registrado mais de mil monumentos do tipo.
O Acre é pioneiro e referência quando o assunto é geoglifos. O Estado tem registrado mais de mil monumentos do tipo, conhecidos por serem estruturas geométricas escavadas na terra, em formato de quadrados, retângulos ou círculos.
Escavações encontraram pedaços de cerâmicas e ferramentas dentro dos geoglifos, mas ainda há muito a ser estudado e descoberto. Antônia Barbosa, arqueóloga do Iphan, destaca ainda que além das pesquisas, os monumentos podem movimentar o turismo no Estado.
“A gente ainda não descobriu o verdadeiro potencial turístico que tem esses sítios arqueológicos. Os próprios acreanos não conhecem esses sítios arqueológicos, às vezes a gente mora no entorno de um sítio arqueológico, conhece as pirâmides do Egito, as múmias, sambaquis do Sul, mas não conhece o que está no nosso território, o que é nosso patrimônio, então falta conhecimento das pessoas que moram na localidade, de se apropriar disso tudo e a gente descobrir realmente o verdadeiro potencial turístico. Vem muito turista, sim, mas mais de fora do Brasil. A gente precisa descobrir uma ferramenta, assim como o pessoal de Machu Picchu descobriu, das Linhas de Nasca, para começar a se apropriar disso tudo para o desenvolvimento desse turismo no Estado”,
destaca.
Durante séculos os geoglifos permaneceram escondidos pela floresta e só começaram a ser descobertos com o avanço da ocupação e o consequente desmatamento dessas áreas, principalmente a partir da década de 70.
Existem algumas teorias sobre a funcionalidade e como essas estruturas foram feitas na era pré-colombiana. A mais aceita pelos cientistas e estudiosos do tema é que, além de serem espaços para rituais sagrados e de sociabilidade, os geoglifos foram feitos em uma época em que a floresta amazônica não era como a conhecemos hoje.
“A teoria mais aceita atualmente é a de que esses sítios seriam lugares de encontros, cerimônias e celebrações, porque pra defesa não seria. A parte interna é mais baixa do que a parte externa, você não tem uma visão do que está fora da estrutura. Tem uma pesquisa que foi feita pelos pesquisadores da Inglaterra, da Universidade de Exeter, que fez o estudo de fitólitos, então conseguiram recompor essa paisagem até três milênios e prova que naquela época existia uma vegetação sazonal, que não era uma vegetação densa, floresta densa. É possível que eles pudessem, nessa época que estavam abertas as clareiras, ter construído essa estrutura porque são gigantescas, então não tinha como se construir no meio da vegetação”, explica a arqueóloga.
As figuras, ao serem feitas, teriam entre 6 a 10 metros, segundo os estudos. Os estudantes que participaram da visita guiada aprovaram a ação e falaram da importância desse conhecimento.
“É uma experiência muito boa, porque uma coisa é você olhar nos livros e outra coisa é você visitar, ouvir e conhecer. É uma experiência muito boa e tem algo mais profundo, mais do que a gente já descobriu, acho que se aprofundarmos mais os estudos, a gente consegue descobrir muito mais coisas interessante, coisas novas”, avalia Vitória Lopes, uma das estudantes.
Para Cairo Tavares, a experiência foi incrível e seria muito bom se todos pudessem conhecer um pouco dessa história do Estado. “A gente percebe que o conhecimento histórico dentro do nosso contexto acreano é pouco discutido, pouco pesquisado, então é bom termos essa chance maravilhosa de vermos o geoglifos e saber mais da história dos povos indígenas, que povoaram nosso estado, nosso país, há muito tempo atrás antes mesmo da colonização dos portugueses, é maravilhoso estar aqui incrível mesmo”.
*Por Andryo Amaral, do Grupo Rede Amazônica