Com garrafas pet, latas e até TVs, João Gomes usou itens recicláveis durante três anos para enfeitar as paredes e até o chão da própria casa.
O que garrafas pet, peças de carro, latas, espelho velho e até televisores têm em comum? Todos esses objetos compõem a estrutura da casa do pedreiro João Gomes, que durante três anos usou itens recicláveis para enfeitar as paredes e até o chão de seu lar. O resultado encanta pelo colorido e chama a atenção de quem passa no bairro Jardim Floresta, na Zona Oeste de Boa Vista. “É a minha arte, tenho muito orgulho”, diz o pedreiro.
O muro e o chão do local são repletos de objetos que João encontrou na rua. Entre os itens estão 30 televisões, centenas de garrafas, rádios, toca fitas. Ele conta que ainda não terminou as obras, mas fala com orgulho da beleza do local.
A ideia para enfeitar sua casa de forma totalmente reciclável surgiu pelo costume de João em ver documentários na televisão. Em um desses momentos, o pedreiro viu a ideia e resolveu fazer algo parecido em sua casa.
“A ideia surgiu por que eu gosto muito de ver televisão à noite, eu vejo aquelas coisas coloridas no estrangeiro e eu pensei ‘eu vou erguer um muro para ficar com as cores bonitas também’, pois as cores sempre me chamaram muita a atenção, eu queria cores bem fortes”,
relata o pedreiro.
Quando ele ergueu seu muro, viu que o concreto ficava sempre destruído pelo sol e sujo por conta do lodo das chuvas. Foi aí que resolveu colocar em prática sua ideia: “Esse muro vivia sujo, vivia cheio de lodo e eu pensei em fazer com as coisas que eu achasse por aí então tudo o que achava bonito, que me chamava a atenção eu colocava no muro. Foram uns três anos fazendo sozinho”.
Durante a semana, João trabalha como pedreiro, por isso, dedica os finais de semana para enfeitar sua casa com os objetos. Uma das atrações da casa é uma parede com televisões velhas, dentro dela, João colocou pisca-pisca de natal.
“Faço devagarzinho, pegava uma coisinha e trazia. Tem garrafa, tem copo, tem de tudo um pouco. Essas televisões foram todas achada na rua também. Acho que o mais inusitado é as televisões, são 30 TVs velhas. Tem até tampa de máquina de lavar”, revela.
“É tanta coisa que eu não consigo nem dizer de cabeça quantas coisas que têm aqui na parede. Tem raquete de mosquito, garrafa pet, vidro de perfume, som de carro, lata de óleo, de tinta… tudo me dá inspiração pra decorar minha casa”,
completa.
O trabalho é feito com muito cuidado e conta com ajuda e apoio de seus filhos e da esposa, a zeladora Maria da Conceição, de 45 anos. Ela confessa que ver o marido fazer o que sempre teve vontade é algo “inspirador de se ver” e, por isso, chama a atenção de todos que passam.
“Para mim é legal essas coisas na nossa casa deixando tudo colorido. É bom, pois ele gosta muito, se inspira e traz alegria para todos. Aqui ficou um muro de destaque. Todo mundo que passa aqui quer bater uma foto e isso é inspirador. Eu ajudei ele também a fazer o muro, como eu posso, mas ajudei”, relata a zeladora.
Para João, o recado que ele deseja passar é o de valorização das pequenas coisas e, levando como mantra “do lixo ao luxo”, ele acredita que sua casa ensina as pessoas de que a beleza pode estar em todos os lugares, até em coisas abandonadas.
“Eu quero passar a mensagem de valorizar as pequenas coisas. Antes as coisas estavam jogadas agora, na minha parede, virou atração. As vezes, as pessoas passam na rua e pedem até para eu abrir o portão para dar uma olhadinha falando ‘caramba, achei tão bonita sua obra de arte’. Isso é bom demais. E tudo é reciclado, é uma coisa até do meio ambiente, de reaproveitamento”, explica o pedreiro.
A família de João atualiza uma página no Instagram chamada “João e Seu Muro“. Para conferir o conteúdo e os próximos passos na obra do pedreiro, acesse a rede social.
*Por Caíque Rodrigues, do g1 Roraima
