ESG: qual a relação da governança com a Amazônia?

A governança é uma prioridade mundial e a Amazônia é um dos pilares fundamentais para seu desenvolvimento devido sua importância na manutenção de ecossistemas no planeta.

Com o avanço das mudanças climáticas no planeta e suas intensas consequências, algumas pautas têm ganhado visibilidade no contexto das grandes corporações. Discussões sobre sustentabilidade e impacto ambiental, direitos humanos e diversidade corporativa são alguns dos temas em destaque.

E essas questões estão diretamente relacionadas ao ESG (Environmental, Social and Governance). A sigla, em inglês, representa a governança ambiental, social e corporativa. Foi criada em 2004, em uma publicação do Pacto Global, em parceria com o Banco Mundial, chamada ‘Who Cares Wins’.

Foto: Reprodução/IBGC

O movimento é mundial e tem se tornado o foco atual. Na área de governança, ainda há muita “nebulosidade” sobre sua aplicação e propósito, mas a diretora de Vocalização e Influência do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), Valéria Café,  explica que a ação existe, na verdade, há séculos. Só não havia sido nomeada com atualmente.

“A governança é a forma como uma organização é estruturada, como ela é formada, quais são os princípios, as regras e estruturas. Mais do que isso, é a forma como você dirige, monitora, acompanha e constrói uma estratégia dessa organização visando sustentabilidade a longo prazo e um olhar pela busca constante do equilíbrio entre os interesses dos acionistas, líderes, da organização, dos fornecedores e de toda sociedade”,

esclareceu Valéria, em entrevista ao Portal Amazônia.

Espalhando o conhecimento

Fundado em novembro de 1995, o IBGC é uma das principais referências no assunto nacionalmente em governança corporativa. Sua principal finalidade é produzir e compartilhar conhecimento em governança a fim de influenciar diversos agentes na adoção de práticas sociais e ambientais (os outros aspectos que compõem o ESG), contribuindo para um desenvolvimento sustentável das organizações.

Esses objetivos, na prática, são desenvolvidos por meio da implementação dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), uma coleção de metas globais estabelecidas pela Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) em 2015.

O IBGC tem como principais ODS, por exemplo, a 4 – Educação de qualidade, 5 – Igualdade de gênero e 10 – Redução das Desigualdades.

Em relação à ODS de Educação, Valéria explica que o Instituto desenvolve uma série de conteúdos sobre governança corporativa para seus mais de 3.500 associados, dentre pessoas físicas e jurídicas. Todo conteúdo produzido pode ser acessado no Portal do Conhecimento do IBGC. Além disso, o instituto tem um trabalho de ‘advocacy‘, que auxilia o governo brasileiro na manutenção e na melhoria de regras e regulações voltadas à governança no mundo todo. 

“A gente trabalha com os ODS de desigualdades, porque a gente acredita que uma governança corporativa melhor começa com empresas que atuam na redução das desigualdades”, declarou.

“O IBGC também trabalha com a questão de gênero, porque a gente tem um programa que fala da importância da inclusão de mulheres em conselhos de administração e na liderança. Então a gente acredita que quanto mais diversidade você tiver na liderança de empresas, mais as empresas vão ter o olhar da sociedade e isso também traz melhores resultados”,

complementa.

A governança na Amazônia é uma prioridade?

A diretora relata que a governança é uma prioridade mundial, mas que a Amazônia é um dos pilares fundamentais para a mesma devido a sua importância na manutenção de ecossistemas no mundo inteiro e, por isso, é de “extrema relevância manter a floresta em pé”.

“As empresas da Amazônia tem uma vantagem competitiva com relação ao mundo inteiro. Se elas trabalharem com a floresta em pé elas podem agregar valor ao mundo inteiro oferecendo tudo que a floresta tem de bom. A começar : a floresta em pé garante que haja chuva no sul, garante que haja menor emissão de carbono e consequentemente um aumento de temperatura no mundo. Revitalizar e reflorestar aquilo que foi perdido é um compromisso essencial”,

justificou.

Valéria comentou ainda, que o IBGC tem desenvolvido um projeto chamado ‘Conselheiros pela Amazônia’. Nele tem sido realizadas uma série de rodadas de conversas com vários profissionais da região ou que a estudam, sejam executivos, professores ou membros do governo.

O projeto tem como objetivo identificar quais são as grandes questões de negócio que afetam a região para desenvolver propostas com agentes locais. “Com essa pesquisa a gente vai conseguir identificar como essas organizações impactam a Amazônia, quais são as grandes questões que devem ser abordadas, para que a gente ajude e trabalhe junto com as organizações locais em outros movimentos e soluções”, afirmou.

Os encontros são realizados de modo virtual com profissionais de todo o Brasil, mas a expectativa, comentou Valéria, é trazer para a região eventos presenciais em 2024.

“A gente acredita que é papel das empresas privadas trabalharem para o bem da sociedade e que isso se consegue por meio da governança. Quanto maior a governança de uma empresa, mais longeva essa empresa é e melhor o impacto que ela causa na sociedade em geral”,

finalizou.

ESG e ODS

ESG é uma sigla em inglês (environmental, social and governance) que une práticas ambientais, sociais e de governança em uma organização. O termo surgiu desde 2004, timidamente, mas ganhou cada vez mais atenção por estar relacionado com as práticas socioambientais e credibilidade empresarial.

De acordo com o Pacto Global, “uma empresa que está em conformidade com práticas ESG entende quais são seus impactos negativos e positivos na sociedade e consegue agir sobre eles”.

Aquecimento global, poluição, energias renováveis, responsabilidade social, direitos humanos, equidade de gênero, luta contra a fome, medidas anticorrupção, estrutura organizacional, são apenas alguns aspectos ligados às práticas ESG. A Agenda 2030 é o principal guia para empresas ou organizações se adequarem a essas práticas. 

Práticas essas que incluem os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), criados em 2015 pela Organização das Nações Unidas (ONU), que definem quais desafios sociais, ambientais e de governança o planeta enfrenta, que devem ser colocados como prioridades na agenda para orientar o futuro da humanidade até o ano de 2030. Conheça os ODS:

Glocal Experience Amazônia 

A Glocal Experience nasceu em maio de 2022 no Rio de Janeiro. Em Manaus (AM), acontece pela primeira vez entre os dias 26 e 28 de agosto, com realização da Fundação Rede Amazônica (FRAM). 

O evento ocupa o Centro Histórico da cidade com uma vasta programação com classificação livre e que passeia pelo universo das artes, temas socioambientais e discute uma Amazônia com proporções globais e que olha para o território propondo soluções locais, pautadas em ESG e ODS.

Para a diretora executiva na FRAM, Marcya Lira, o evento é uma das formas de transformar a capital amazonense em um das cidades que pauta a sociedade civil e a esfera governamental tanto nos 17 ODS quanto no ESG de modo geral.

“A Fundação tomou conhecimento sobre o evento que aconteceu no Rio de Janeiro no ano passado, onde nós estivemos presentes inclusive com a participação do presidente do Grupo Rede Amazônica, Phelippe Daou Júnior. Através dessa participação nós pudemos ver a grandeza desse evento e foi quando decidimos nos aproximar da Dream Factory e fazer uma parceria. Hoje estamos com esse evento na cidade de Manaus com vistas a trazer cada vez mais essa discussão a cerca do desenvolvimento sustentável e ancorar essas ações também para a COP 30, que acontece em 2025, em Belém, no Pará”, explica.

Ainda segundo Marcya, incluir a população amazônida no protagonismo desses eventos se torna uma missão em direção aos propósitos da instituição, mas principalmente do desenvolvimento da região.

“A Glocal fomenta, cada vez mais, a importância da Amazônia, e faz com que o mundo possa enxergar a Amazônia com os olhos de quem vive na região, que fala com a propriedade com que lhe é devida”, afirma.

A Glocal Experience Amazônia tem o apoio do Governo do Amazonas, Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Secretaria do Meio Ambiente, Navegam e Parque Mosaico; idealização e operação Dream Factory; e realização Fundação Rede Amazônica.

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