Entenda como é realizada a utilização sustentável de recursos aplicada pelo ESG

O desenvolvimento sustentável é uma das principais características em organizações que buscam desenvolver projetos por meio da implementação dos ODS.

Encontrar o equilíbrio entre a preservação ambiental e o desenvolvimento econômico. Esse é um dos principais desafios quando se fala de sustentabilidade, que consiste na capacidade de utilizar recursos naturais sem prejudicar a sobrevivência de futuras gerações nem potencializar mais ainda as mudanças climáticas.

Esse aspecto ambiental é um dos três pilares do ESG (Environmental, Social and Governance). A sigla, em inglês, representa a governança ambiental, social e corporativa. A letra ‘E’ da sigla trata de vários aspectos envolvendo ações das grandes corporações: começa pelo consumo consciente de recursos naturais e passa pelo descarte adequado de resíduos danosos, eficiência energética e até a diminuição da emissão de gases poluentes.

Mas como as empresas na Amazônia tem olhado para essa renovação de objetivos?

Uma das preocupações atuais das empresas, inclusive na região amazônica, é o entendimento do que é o ESG, assunto que tem ganhado cada vez mais destaque e debates sobre sua implementação. Um exemplo em Manaus (AM) é o trabalho desenvolvido pela Tutiplast, uma empresa que oferece soluções em injeção plástica. Prestes a fazer 30 anos de existência, a empresa tem implementado e se reestruturado no mercado dentro das práticas ESG.

O Head de Pessoas e Cultura Organizacional, Jonivaldo Miranda, conta um pouco do processo:

“A Tutiplast, nos últimos quatro anos, vem se ambientando para se adequar a todas as melhores práticas de ESG. Uma das nossas ações foi realizar uma parceria com o Instituto Soka, em 2019. Nós começamos através do plantio de mudas nativas e também a educação ambiental em escolas nas proximidades”,

relata o Head em entrevista ao Portal Amazônia.

Jonivaldo explica que esse trabalho foi iniciado sem a matriz de materialidade da empresa, que consiste em pontuar um ‘norte’ para a organização pautados em alguns objetivos. Mas, a partir do entendimento sobre a importância das práticas ESG e como a matriz seria uma das principais ferramentas para o desenvolvimento dos projetos seguintes, conta Jonivaldo, mudanças aconteceram: “fizemos [a matriz de materialidade] através da nossa avaliação de riscos, entrevistas com nossos acionistas, gestores, nossos clientes nacionais e internacionais e principalmente nossos fornecedores, que atuam no nosso processo”.

De acordo com ele, diante da construção da matriz de materialidade, surgiram os temas trabalhados desde então, que foram sete, mas os três principais são: gestão de recursos naturais; tecnologia e inovação; ética e transparência. 

Implementação dos ODS

Esses temas norteadores são colocados em prática por meio dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecido pela Organização das Nações Unidas (ONU). Dos 17 ODS existentes, a Tutiplast desenvolve 9.

Porém, os voltados ao aspecto ambiental são: 

12 – Consumo e produção responsáveis; 

15 – Vida sobre a Terra; 

17 – Parcerias em prol das metas.

Consumo responsável 

Em relação ao ODS 12, a supervisora de Sistema de Gestão Integrada (SGI), Elen Nunes, afirma que já foram estabelecidos alguns indicadores para garantir que prática tenha um percentual elevado de aproveitamento.

“Já estamos com o indicador de garantia com 80% de reciclagem dos resíduos gerados no processo produtivo até 2025. Funciona assim: dentro da nossa central de resíduos foi estruturado um setor de triagem, então a coleta seletiva é feita nos setores, em cada área, onde é proporcionado uma melhor destinação desses resíduos”,

explica a supervisora.

Todos esses processos são estruturados dentro de um projeto macro intitulado ‘Moara’, que em tupi-guarani significa “ajudar a nascer”. O Moara abrange todos os projetos ambientais da Tutiplast, como o ‘Segunda Chance’.

O Segunda Chance consiste em fazer uma avaliação do resíduo descartado e verificar se ele pode ser reaproveitado dentro de algum outro processo na empresa. 

“Nós temos vários exemplos de coletores que são feitos a partir de garrafão de água, a partir de botija de gás de ar-condicionado, caixas de madeira, que utilizamos dentro do nosso processo”,

pontua Elen.

Em paralelo a isso, ela conta que outras atividades são realizadas, como a implementação de jardins verticais, “trazendo o embelezamento e a questão da sustentabilidade com itens recicláveis”, a doação de monoblocos para confecção de composteira orgânica doméstica, dentre outros.

A meta até 2030 é reduzir em 50% a emissão de gases que contribuem para mudanças climáticas. 

Vida sobre a Terra

Dentro do ODS 15, Elen informa que a empresa trabalha com o replantio de mudas. “Estabelecemos uma meta semestral de 500 mudas de plantas. Já fizemos um projeto com a Rede Amazônica em três escolas do plantio de mudas”.

Correspondente a essas ações, a empresa trabalha na redução de 100% do descarte de efluentes contaminados e na introdução de treinamentos sobre educação ambiental em espaços escolares.

Parceria em prol das metas

Em relação ao ODS 17, a organização realiza palestras anuais para divulgação dos 5 P’s da sustentabilidade: Pessoas, Planeta, Prosperidade, Paz e Parceria.

Outro projeto é a promoção do crédito de reciclagem, que consiste na geração de créditos para pessoas físicas e jurídicas.

“A empresa comprova através de notas fiscais a reciclagem dos itens e a partir dessa comprovação é feito um pagamento com base em uma tabela de valores para cada item reciclado seja saco plástico, papel, vidro ou metal”,

finaliza Elen.

Aterro Zero

Ainda visando respeitar o meio ambiente destro das práticas ESG, desde 2021 a Tutiplast deixou de enviar os resíduos classe I e II para o aterro de Manaus.

A norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) considera os resíduos de Classe 1 os que apresentam características de periculosidade (inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade) e os Classe 2 são os Não Perigosos, mas que também requerem manejo seguro (Não Inertes: são os que podem apresentar características como biodegradabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água; e Inertes são os resíduos que possuem propriedades que não são biodegradáveis, nem inflamáveis ou solúveis).

Com essa medida, evita-se contribuir para a emissão de gases do efeito estufa, o aumento do número de incêndios causados pelos gases que são gerados a partir da decomposição dos resíduos depositados nos aterros controlados, a contaminação das águas subterrâneas com a penetração do chorume no solo e a contaminação do solo pelo chorume. 

ESG e ODS 

ESG é uma sigla em inglês (environmental, social and governance) que une práticas ambientais, sociais e de governança em uma organização. O termo surgiu desde 2004, timidamente, mas ganhou cada vez mais atenção por estar relacionado com as práticas socioambientais e credibilidade empresarial.

De acordo com o Pacto Global, “uma empresa que está em conformidade com práticas ESG entende quais são seus impactos negativos e positivos na sociedade e consegue agir sobre eles”.

Aquecimento global, poluição, energias renováveis, responsabilidade social, direitos humanos, equidade de gênero, luta contra a fome, medidas anticorrupção, estrutura organizacional, são apenas alguns aspectos ligados às práticas ESG e também às ODS.

A Agenda 2030 é o principal guia para empresas ou organizações se adequarem às práticas ESG. Os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), criados em 2015 pela Organização das Nações Unidas (ONU), definem quais desafios sociais, ambientais e de governança o planeta enfrenta, que devem ser colocados como prioridades na agenda para orientar o futuro da humanidade até o ano de 2030. Conheça os ODS: 

Glocal Experience Amazônia

A Glocal Experience nasceu em maio de 2022 no Rio de Janeiro. Em Manaus (AM), acontece pela primeira vez entre os dias 26 e 28 de agosto, com realização da Fundação Rede Amazônica (FRAM).

O evento ocupa o Centro Histórico da cidade com uma vasta programação com classificação livre e que passeia pelo universo das artes, temas socioambientais e discute uma Amazônia com proporções globais e que olha para o território propondo soluções locais, pautadas em ESG e ODS.

Para a diretora executiva na FRAM, Marcya Lira, o evento é uma das formas de transformar a capital amazonense em um das cidades que pauta a sociedade civil e a esfera governamental tanto nos 17 ODS quanto no ESG de modo geral.

“A Fundação tomou conhecimento sobre o evento que aconteceu no Rio de Janeiro no ano passado, onde nós estivemos presentes inclusive com a participação do presidente do Grupo Rede Amazônica, Phelippe Daou Júnior. Através dessa participação nós pudemos ver a grandeza desse evento e foi quando decidimos nos aproximar da Dream Factory e fazer uma parceria. Hoje estamos com esse evento na cidade de Manaus com vistas a trazer cada vez mais essa discussão a cerca do desenvolvimento sustentável e ancorar essas ações também para a COP 30, que acontece em 2025, em Belém, no Pará”, explica.

Ainda segundo Marcya, incluir a população amazônida no protagonismo desses eventos se torna uma missão em direção aos propósitos da instituição, mas principalmente do desenvolvimento da região.

“A Glocal fomenta, cada vez mais, a importância da Amazônia, e faz com que o mundo possa enxergar a Amazônia com os olhos de quem vive na região, que fala com a propriedade com que lhe é devida”, afirma.

A Glocal Experience Amazônia tem o apoio do Governo do Amazonas, Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Secretaria do Meio Ambiente, Navegam e Parque Mosaico; idealização e operação Dream Factory; e realização Fundação Rede Amazônica.

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