Segundo o historiador Otoni Mesquita, a construção do shopping foi muito rápida. Ele conta que estava fora da cidade no dia da inauguração, em 1991. “Naquela época, algumas coisas mudaram rapidamente. Depois de inaugurado, por anos era o shopping que animava a população e havia também, claro, investimento no espaço cultural. Eles usavam partes das praças para fazer exposições, apresentações de teatro e música, era muito animado”, recorda.Mesquita afirma que lembra, “com precisão”, sobretudo do impacto que a criação do local causou na população. “Entre 1993 e 1994, lembro de atividades fortes. Mas depois de 1998 começaram a deixar de lado, por causa da atividade comercial, que se tornou predominante. Não vi com bons olhos a princípio, já que descaracterizava nossas ações culturais, mas faz parte das gerações”, avalia.
Impactos
Segundo o presidente da Associação Comercial do Amazonas (ACA), Ismael Bicharra, a primeira coisa a se observar é que o comércio “é a riqueza das nações”. “Quero dizer que onde se planta um comércio, o local se desenvolve, isso é milenar. E isso aconteceu com o Amazonas Shopping”, diz.No local onde a construção foi erguida, na Avenida Djalma Batista, ficava a extinta boate Brilho. O ponto era, desde então, considerado estratégico. Hoje recebe fluxos de trânsito de diversos bairros da cidade. “Quando o shopping se instalou a rua era deserta, era uma aventura chegar lá. Fez sucesso com a localização e foi um dos que mais amadureceu com o passar do tempo”, avalia Bicharra. “Além disso, o empreendimento conseguiu pagar o investimento rapidamente, em apenas um ano. Um shopping desse porte, um dos maiores da região Norte, precisa de pelo menos uns cinco anos para se pagar”, revela.ConsumoCom dezenas de lojas, o centro de compras é também um espaço de encontros e descontração. Segundo a psicóloga Dilza Santos, dois fatores podem ser levados em consideração na simbologia de um local como este: social e vício. Para a cidade, o lugar é uma forma de manter os círculos sociais. Passeio em família, encontro de amigos, lugar para namorar, tudo isso é possível ser visto, diariamente, no Amazonas Shopping.
“Hoje, principalmente, existem vários fatores, como a segurança, o conforto, a comodidade, o status, a interação familiar, a questão cultural, tudo isso influencia no comportamento dos frequentadores. Em cidades que possuem galerias, as pessoas estão ali assíduas, com crianças, como se realmente fosse um grande shopping. O comportamento é muito mais ligado à questão cultural, de fato”, explica.
Outro ponto que a psicóloga levanta é o vício daqueles que fazem as compras por satisfação, compulsão, e que depois não conseguem arcar com as despesas. “As pessoas, nessa questão da compra, têm essa necessidade de satisfazer seus desejos ou sanar frustrações. A compra faz parte do individuo, ela é uma recompensa, é uma satisfação, mas não pode ser descontrolada”, alerta, ao lembrar que a máquina econômica depende do comércio, mas que não se deve criar dívidas em função de frustrações.
“Aqui em Manaus, percebi que as pessoas preferem determinados shoppings por acharem mais seletivos. Mas há outros que preferem os mais populares. Aqui o que manda é o status, mas realmente é uma questão pessoal”, opina. LembrançasCarmem Assis tem 47 anos e é dona de casa. Na época da inauguração do shopping, estava grávida da primeira filha, Ana Carolina. “Lembro que logo que inaugurou, fiquei com receio de ir. Mas depois que fui, gostei muito, achei muito divertido. Depois que minha filha nasceu, passei a ir com ela e, até hoje, sempre que dá, vamos juntas. Um lembrança forte que tenho do local é dos ‘laguinhos’ no meio do corredor. Se Deus quiser ainda conto essas histórias para os meus netos”, conta entre risos.
Mudanças
A primeira expansão do Amazonas Shopping aconteceu em 24 de novembro de 2000. O local ganhou mais espaço e recebeu mais lojas. Em 2007, quando passou a ser administrado pela BRMALLS, o shopping modernizou a arquitetura. Em 31 de maio de 2012, ganhou uma nova expansão e ainda nova fachada.
Atualmente, segundo Bicharra, o mall possui uma administração parceira com os lojistas, o que mantém viva a chama comercial do local. “Estamos passando uma crise e sofremos duplamente porque dependemos do Polo Industrial de Manaus. Mas independente disso, eles são parceiros e entendem suas dificuldades. Para mim, esse é um dos segredos do sucesso e o shopping não só viverá 25 anos, viverá muito mais de 100″, defende.