A inauguração também contou com a presença do titular da Sesai, do Ministério da Saúde, Robson Silva; da secretária de Saúde do Amazonas, Simone Papaiz; e de lideranças indígenas
O governador Wilson Lima e o ministro interino da Saúde, Eduardo Pazuello, inauguraram, nesta terça-feira (26/05), a primeira ala hospitalar do Brasil para tratamento de pacientes indígenas com o novo coronavírus. O espaço foi montado no Hospital de Combate à Covid-19, na Nilton Lins, que oferecerá 53 leitos exclusivos para indígenas e atendimento humanizado de acordo com cada etnia.
“O estado do Amazonas tem a maior população indígena do país, e a montagem dessa ala aqui ajuda e muito a atender essas populações tradicionais, esses nossos irmãos que agora estão sofrendo com a Covid-19. Esse é um trabalho que faz parte daquela parceria entre o Governo do Estado e o Governo Federal, que tem uma parcela significativa na montagem dessa estrutura”, afirmou Wilson Lima.
Para abrir os leitos, o Governo Federal enviou 20 respiradores para o Hospital de Combate, administrado pelo Estado. Durante visita à ala, o ministro interino Eduardo Pazuello destacou os esforços do Governo do Amazonas para ampliar a assistência às populações indígenas locais, principalmente do interior.
“Acredito que isso vai ser realmente um marco na nossa virada do combate à Covid-19. (Aqui temos) espaço reservado, capacidade de atendimento, e é importante nessa etapa em que a capital já cumpriu sua grande missão e agora temos que apoiar o interior. Vamos ter capacidade de receber o pessoal do interior, que em sua maioria é indígena, no local preparado para eles, na sua cultura, na sua essência de povo indígena”, disse o ministro interino.
A inauguração também contou com a presença do titular da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde, Robson Silva; da secretária de Saúde do Amazonas, Simone Papaiz; e de lideranças indígenas.
Regulação
A ala indígena do Hospital de Combate à Covid-19 disponibilizará 33 leitos clínicos e 20 de alta complexidade. Com isso, a unidade de referência para o novo coronavírus, inaugurada no dia 18 de abril, passa a contar com 148 leitos no total.
A Secretaria de Estado de Saúde (Susam) será responsável pela administração da nova ala e disponibilizará, além da estrutura física, pessoal e Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), além de demais insumos e medicamentos.
Segundo a secretária Simone Papaiz, as transferências para a ala vão ser realizadas por meio da Central de Regulação do Amazonas. Os indígenas agravados serão prioritariamente referenciados para o Hospital de Combate, após atendimento inicial pela atenção primária, e removidos com base na avaliação clínica e no protocolo da unidade. No caso de pacientes do interior, as remoções são realizadas por UTI aérea.
““A sequência do fluxo de cessão de vagas vem pela prioridade da gravidade da doença do paciente, e essa ala com os leitos de alta complexidade e os leitos clínicos vão ser direcionadas para o povo indígena, é assim que vai funcionar. Hoje já funciona dessa forma, o que nós temos de acréscimo é realmente a implantação desse serviço direcionado à população indígena”, explicou Simone.
Atendimento diferenciado
Além dos profissionais de saúde contratados pelo Estado, entre eles os aprovados no concurso público do Corpo de Bombeiros Militar, que já estão atuando na unidade desde a inauguração, também vão atuar no local 53 profissionais, entre enfermeiros, fisioterapeutas e farmacêuticos, contratados pelo Ministério da Saúde por meio do Programa “Brasil Conta Comigo”.
Todos os profissionais receberam orientações da Susam quanto ao atendimento humanizado que será oferecido aos pacientes indígenas. Entre os diferenciais estão a observação de hábitos alimentares, viabilização de protocolos clínicos e o compartilhamento de diagnósticos e condutas de saúde, respeitando as etnias e o quadro clínico de cada paciente.
Para proporcionar uma melhor adaptação dos indígenas ao tratamento hospitalar, o local contará com espaço destinado a um pajé, para que também seja oferecido aos pacientes o acompanhamento tradicional conforme cada cultura, além dos protocolos médicos convencionais.
A técnica de enfermagem Vanda Ortega, da etnia witoto, conheceu as instalações e destacou a importância da iniciativa. “A gente está na expectativa de que consiga se atender esse indígena da melhor forma possível para minimizar os impactos do Covid-19 na vida dos nossos povos”, afirmou.