Universidades pesquisam acesso a medicamentos na Amazônia e assistência farmacêutica

A pesquisa ‘Acesso à medicamentos na Amazônia: influência do fator amazônico sobre a assistência farmacêutica’ é realizada em conjunto pelas Universidades Federais do Amazonas (UFAM), do Oeste do Pará (UFOPA) e Santa Catarina (UFSC) com o objetivo de avaliar a capacidade de gestão da assistência farmacêutica (AF) em municípios da região amazônica, na perspectiva de enfrentamento das características locorregionais.

Foto: Divulgação/Ufam

Essa pesquisa faz parte da iniciativa Amazônia +10 , financiada pela FAPEAM, FAPESPA, FAPESC e CNPQ, e será aplicada no Estado do Pará, em três municípios de regiões de saúde diferentes: Altamira, Jacareacanga e Óbidos.

No Amazonas serão contemplados 18 municípios das nove regionais de saúde: Alto Rio Solimões (Tabatinga e Santo Antônio do Iça); Médio Rio Amazonas (Itacoatiara e Uricurituba); Rio Negro e Rio Solimões (Manacapuru e Beruri) Entorno de Manaus e Alto Rio Negro (São Gabriel da Cachoeira e Santa Isabel do rio Negro); Rio Purus (Lábrea e Boca do Acre); Baixo Rio Amazonas (Parintins e Boa Vista do Ramos); Rio Madeira (Humaitá e Manicoré); Triângulo – médio rio Solimões (Tefé e Maraã) e a Rio Juruá (Eirunepé e Ipixuna).

Até o momento a pesquisa já foi realizada em Itacoatiara, Uricurituba, Manacapuru, Beruri, São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel do Rio Negro, Tefé e Maraã, no Amazonas.

Entre 7 e 13 de abril a equipe do projeto esteve em Manicoré (AM), onde detalhou como é realizado o acesso a medicamentos e soros antiveneno no município. A equipe visitou o hospital e unidades de saúde na sede do município, bem como unidades de saúde ribeirinhas e passou dois dias acompanhando os trabalhos da Unidade de Saúde Fluvial. Foram realizadas coleta de dados por meio de entrevistas com gestores, prescritores e usuários do Sistema Único de Saúde (SUS).

As próximas cidades a serem visitadas serão Eirunepé, Parintins e Boa Vista do Ramos, ainda no mês de maio. A finalização do trabalho de campo está prevista para o final de 2024 e os primeiros resultados já devem ser publicados ainda esse ano. A finalização de todo o processo está prevista para 2026.

Na Ufam, a pesquisa é coordenada pelo prof. Dr. Marcelo Campese, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da UFAM (FCF). A equipe de pesquisa ainda conta com outros professores da FCF, FCA e FES. Até o momento, no projeto, estão sendo desenvolvidas três teses de doutorado em Assistência Farmacêutica e uma dissertação de mestrado no Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da Ufam.

Etapas

A primeira etapa da pesquisa foi adaptar a matriz avaliativa aos municípios do Amazonas e Pará por meio de oficinas com profissionais da região. Isso é necessário, pois existem fatores relevantes na região amazônica que podem comprometer o acesso e a qualidade dos medicamentos disponibilizados à população, principalmente no interior.

Por isso, avaliar as dimensões organizacional, operacional e da sustentabilidade, associada a análise da força de trabalho (perfil do profissional, formação e processo de trabalho) e o percurso do medicamento (forma, tempo, condições e locais) a partir da realidade da região amazônica são fundamentais para compreender a dinâmica do acesso aos medicamentos pela população em qualquer lugar que ela habite, pois o direito ao medicamento correto, de qualidade, na quantidade e tempo necessários deve ser o mesmo a todos os cidadãos.

Foto: Divulgação/Ufam

Além do acesso aos medicamentos, a pesquisa também investiga como são realizados os atendimentos e registros dos casos das pessoas intoxicadas ou que sofreram algum acidente por animal peçonhento. Além do atendimento e notificação, a pesquisa busca saber onde estão e como é realizado o manejo dos soros e antídotos utilizados nestes casos.

Até o momento foi percebido que a grande extensão territorial e baixa densidade demográfica, assim como o acesso a informação e a logística (custo, tempo e modais de transporte) tem sido os principais desafios para que os municípios viabilizem o acesso a medicamentos no interior da Amazônia. Nestes aspectos, concentra-se o fator amazônico, que uma variável de equidade regional que precisa ser considerada no desenvolvimento de políticas públicas de saúde na Região Amazônica.

Pretende-se com o projeto ampliar a formação de recursos humanos e as pesquisas acadêmicas sobre assistência farmacêutica no Amazonas e Pará. Além disso, os resultados produzidos devem fomentar o desenvolvimento de políticas públicas que promovam a equidade no acesso aos medicamentos na região amazônica ao considerar os fatores amazônicos na gestão da assistência farmacêutica municipal, na força de trabalho e no itinerário dos medicamentos até os municípios do interior.

*Com informações da Ufam

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