Uma em cada quatro ostras produzidas ao norte de São Luís são impróprias para consumo

Estudo detectou que 26,7% das ostras produzidas na região estão contaminadas com E. coli (causadora de infecções intestinais) ou Salmonella.

A região norte da ilha de São Luís, no Maranhão, conhecida pela pesca, tem 26,7% das ostras produzidas impróprias para consumo, com presença das bactérias E. coli e Salmonella sp. acima dos limites permitidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Estudo publicado na revista ‘Engenharia Sanitária e Ambiental’ também encontrou vestígios de E. coli acima dos limites permitidos pela legislação sanitária em todas as amostras de água.

O trabalho, conduzido por pesquisadores da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), analisou 30 ostras produzidas na região entre os meses de setembro de 2020 e março de 2021. Também foram analisadas 30 amostras de água dos estuários onde são cultivados os moluscos. As coletas foram realizadas em cinco pontos de extração e cultivo das ostras nos quatro municípios que compõem a ilha de São Luís: Paço do Lumiar, São José de Ribamar, São Luís e Raposa.

Foto: Photo-Graphe/Pixabay

Segundo a pesquisa, a situação é preocupante para a saúde pública na região. Como se trata de uma ilha, com ampla região costeira e diversas praias, o consumo de ostras e outros moluscos em restaurantes e bares é amplamente difundido.

“Pode acontecer apenas uma desinteria, uma dor de barriga e isso já traz algum prejuízo para a saúde pública. Mas em se tratando de crianças, idosos ou alguma pessoa com estado imunológico fragilizado, esse quadro pode se agravar e representar um sério risco de saúde”, 

explica Claudio Baltazar de Sousa, biólogo e primeiro autor do estudo.

As ostras são moluscos bivalentes, e esses organismos filtram a água do seu entorno consumindo a matéria orgânica presente na mesma, especialmente fitoplânctons, mas também acumulam outros resíduos como metais pesados, agrotóxicos e patógenos. Os pesquisadores acreditam que a contaminação bacteriana presente nas ostras pode ser atribuída à expansão das comunidades ribeirinhas da região, que também dependem da pesca e da ostreicultura analisada no estudo. “Como essas comunidades começam a crescer de forma exponencial, sem planejamento ou saneamento, todos esses dejetos acabam sendo jogados diretamente nos estuários. Com o aumento da matéria orgânica presente na água há a proliferação de bactérias, de origem fecal, como a E. coli, por exemplo, ou naturais, que já estão presentes na água”, explica Sousa.

A situação demanda o envolvimento de diferentes órgãos para que seja tratada com a devida atenção, segundo o pesquisador. “A ostreicultura ainda é algo novo na região. São pequenos pontos de cultivo provenientes de projetos de extensão de universidades para esses produtores”, observa. “É necessário que haja um monitoramento mais presente da Secretaria de Meio Ambiente, já que é uma região importante de mangue e berçário para várias espécies, além de a Vigilância Sanitária fazer um rastreio das ostras que são pescadas na região, acompanhando toda a cadeia até que cheguem nos consumidores finais para evitar contaminações”, finaliza Sousa. 


*O conteúdo foi originalmente publicado pela Agência Bori

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