Tecnologia desenvolvida pela Fiocruz Amazônia se torna política pública para controle do Aedes no Brasil

A estratégia já foi testada e aprovada com resultados comprovados em 14 cidades brasileiras, de diferentes regiões do País.

O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, emitiu a nota técnica informativa Nº 25/2024-CGARB/DEDT/SVSA/MS no último dia 27/06, em que oficializa a utilização das Estações Disseminadores de Larvicidas tecnologia desenvolvida pelo Núcleo de Patógenos, Reservatórios e Vetores na Amazônia (PReV Amazônia), do Laboratório Ecologia de Doenças Transmissíveis na Amazônia (EDTA), da Fiocruz Amazônia – como estratégia nacional para o controle do Aedes aegypti e Aedes albopictus, vetores da dengue e outras arboviroses, em áreas estratificadas de risco de cidades de todo o País.

A medida visa expandir a tecnologia das EDLs, com o acompanhamento do Ministério da Saúde e apoio técnico da Fiocruz, a partir dos resultados dos estudos coordenados pelo Núcleo Prev Amazônia, com apoio do Ministério da Saúde e a oficina de Representação da OPAS no Brasil.

As Estações DIsseminadoras utilizam a fêmea do mosquito como aliada na dispersão de larvicida, capaz de impedir a proliferação dos focos do transmissor da dengue, Zika e chikungunya. O objetivo do Ministério da Saúde é replicar em nível nacional a tecnologia, que utiliza água em um pote plástico de dois litros recoberto por um tecido sintético impregnado de larvicida.

A armadilha atrai as fêmeas do Aedes aegypti para colocar ovos e ao pousar elas se impregnam com o larvicida presente nas estações. Essas fêmeas, impregnadas com larvicida, ao visitarem outros criadouros acabam contaminando outros recipientes com o inseticida, que impede o desenvolvimento das larvas e pupas, reduzindo a infestação e, por conseguinte, o avanço da doença.

A nota explica ainda que a reunião possibilitou a publicação do Boletim Epidemiológico Volume 47, Nº 15. Foto: Reprodução/Fiocruz Amazônia

A estratégia já foi testada e aprovada com resultados comprovados em 14 cidades brasileiras, de diferentes regiões do País. A nota técnica explica que o Ministério da Saúde tem fomentado e acompanhado o desenvolvimento de novas estratégias para vigilância entomológica e controle de Aedes aegypti.

“Em 2016, com a declaração de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional em decorrência da epidemia por Zika, foi realizada a Reunião Internacional para Implementação de alternativas para o Controle do Aedes aegypti no Brasil,realizada em fevereiro de 2016, com a participação do Governo Federal, instituições de referência nacionais e internacionais e pesquisadores”, relata o documento.

A nota explica ainda que a reunião possibilitou a publicação do Boletim Epidemiológico Volume 47, Nº 15, que recomendou a avaliação de novas tecnologias de controle de vetores, dentre elas as EDLs. “No Brasil, estudos realizados com o financiamento do MS entre 2016 e 2022, pelo Instituto Leônidas e Maria Deane – Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz-Amazônia), testaram com sucesso a disseminação de piriproxifeno (PPF) em ambientes de laboratório e em áreas abertas de extensão reduzida, onde se demonstrou que a eficácia da estratégia é adequada na escala de ‘bairro’ e de municípios. A partir desses resultados, as EDLs passaram a incorporar o rol de metodologias recomendadas pelo Ministério da Saúde, conforme apresenta a Nota Informativa N° 37/2023CGARB/DEDT/SVSA/MS (0037799369)”.

Contextualização

A Coordenação-Geral de Vigilância de Arboviroes – CGARB, do Departamento de DoençasTransmissíveis – DEDT, da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente – SVSA, informa que, com o apoio técnico da Fiocruz, iniciará a expansão da tecnologia de controle populacional  de Aedes com a realização de um ensaio pragmático utilizando a auto disseminação de larvicida em áreas de risco no Brasil. Neste primeiro momento, será implementada em 15 cidades.

Nas EDLs, as micropartículas do larvicida em pó aderem-se ao corpo do mosquito. Como as fêmeas de Aedes spp. visitam muitos criadouros para colocar poucos ovos em cada um, elas disseminam o larvicida para esses criadouros, em um raio aproximado que pode variar entre 3 e 400 metros.

Quando as fêmeas pousam nos reservatórios para realizar a postura de ovos, ocorre a contaminação da água por meio das partículas dos inseticidas deixadas pelas fêmeas. Desta forma, a água dos criadouros passa a ter o potencial de interferir no desenvolvimento das larvas que, dependendo da concentração do larvicida que houver no criadouro, não alcançarão a fase adulta.

Fiocruz Amazônia

Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia). Foto: Reprodução/Fiocruz Amazônia

O Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) é a unidade técnico-científica da Fundação Oswaldo Cruz no Amazonas.  Sediado em Manaus, sua missão é contribuir para a melhoria das condições de vida e saúde das populações amazônicas e para o desenvolvimento científico e tecnológico regional e do País, integrando a pesquisa, a educação e ações de saúde pública.

Para o desenvolvimento de suas ações conta com instituições parceiras que apoiam projetos de caráter multidisciplinar e interinstitucional, gerando conhecimentos essenciais para a criação de políticas públicas, que contribuam para a melhoria da qualidade de vida da sociedade.

*Com informações da Fiocruz Amazônia

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