Hospital Geral de Feijó tem aparelho de raio-X apontado para a frente provisória da unidade, que está em reforma. Foto: Diego Gurgel/Secom AC
Após detectar suspeitas de vazamento de radiação por aparelhos de raio-X, o Sindicato dos Médicos do Acre (Sindmed-AC) vai pedir que a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) fiscalize as unidades estaduais Hospital Geral de Feijó e o Hospital João Câncio Fernandes, em Sena Madureira. A CNEN é a autarquia federal responsável por regular, licenciar e fiscalizar a produção e a utilização da energia nuclear no país.
Conforme divulgado pelo órgão no dia 27 de setembro, as suspeitas chegaram ao sindicato por meio de denúncias de servidores e foram constatadas por visitas técnicas às unidades. Foi constatado pelos profissionais que há falta de barita, um mineral utilizado nas paredes para proteção radiológica e a ausência de portas adequadas, o que leva ao risco de “contaminação silenciosa”.
Em Feijó, segundo o sindicato, o aparelho de Raio-X está no almoxarifado, apontado para a frente provisória do hospital, e deixa pacientes, acompanhantes e servidores vulneráveis à radiação primária, além do acúmulo de radiação secundária no interior da sala.
Já em Sena Madureira, o equipamento está voltado a uma parede que dá para o lado da rua, o que pode expor o público desta região à radiação primária, além da disseminação de radiação secundária que, apesar de ser menos intensa, pode ser prejudicial à saúde se for frequente.
Com isso, a instituição encaminhou a denúncias ao Ministério Público do Acre (MP-AC), Conselho Regional de Medicina do Acre (CRM-AC), Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) e também à CNEN.
“Essa é uma situação gravíssima que deve ser investigada pelas autoridades competentes na área, por isso pediremos ajuda à Comissão Nacional de Energia Nuclear”, disse o vice-presidente do Sindmed, Rodrigo Prado.
Ainda segundo o sindicato, a contaminação pode afetar até mesmo a unidade do MP-AC em Sena Madureira, por ser localizada próxima ao hospital. De acordo com a instituição existem suspeitas semelhantes em outros municípios, como Manoel Urbano, e por isso o caso é considerado grave.
“O objetivo da denúncia é evitar algo semelhante à catástrofe ocorrida em 1987, em Goiânia, quando a exposição ao Césio-137 (137Cs) resultou na morte de pessoas. Na época, indivíduos acabaram violando uma máquina abandonada em uma unidade de saúde, levando o material radiológico para casa por acreditar que era um objeto de valor”, ressaltou o Sindmed.
Por meio de nota, a Sesacre afirmou que uma análise técnica demonstrou que não há indícios de risco à saúde pública nos municípios citados pelo Sindmed. Segundo a pasta, as unidades utilizam aparelhos portáteis, que não precisam de paredes baritadas para operar, e que estão em conformidade com os padrões de segurança radiológica.
“Informamos ainda que as unidades de Feijó e Sena Madureira estão passando por reformas, com a unidade de Manoel Urbano prestes a iniciar a manutenção para a instalação de um raio-X fixo, o que proporcionará ainda mais segurança e qualidade nos exames. As unidades de saúde estão sendo monitoradas por equipes técnicas especializadas, que seguem todas as normas e protocolos de segurança para garantir a integridade de pacientes e profissionais”, afirma o texto.
*Com informações da Rede Amazônica AC