Serviço de telessaúde é lançado para atender indígenas Yanomami e outros povos em Roraima

Lançado pelo Ministério da Saúde, trata-se do sistema de prestação de serviços de saúde a distância feito com ajuda da tecnologia. 

O Ministério da Saúde anunciou ações de saúde digital que vão levar conectividade e serviços de telessaúde – sistema de prestação de serviços de saúde a distância feito com ajuda da tecnologia – para atender indígenas nas comunidades de Roraima. Um dos focos é o Território Yanomami. A informação foi divulgada nesta segunda-feira (11).

A ministra da Saúde, Nísia Trindade, anunciou a implementação do Núcleo de Telessaúde da Universidade Federal de Roraima (UFRR), que passará a ser o 14º núcleo no país. No total, já são mais de 1.400 municípios atendidos pelo Brasil.

Maior território indígena do Brasil, a Terra Indígena Yanomami está em emergência sanitária na saúde desde janeiro deste ano com autos índices de indígenas com malária, desnutrição, diarreia e complicações causadas pelo mercúrio usado por garimpeiros ilegais na região.

Duas casas de saúde indígena locais serão beneficiadas com as ações: a Casai Yanomami e a Casai Leste. Serão priorizadas na assistência em saúde digital as áreas de Saúde da Criança, da Mulher e Mental – esta última atendendo também aos servidores públicos de saúde.

Mulheres e crianças yanomami em Surucucu, na Terra Indígena Yanomami, que concentra a maior população indígena do país. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Nísia Trindade destacou que a iniciativa é um marco para o Sistema Único de Saúde (SUS). “Há quase um ano da decretação da emergência sanitária no território Yanomami, ter essa atuação hoje é algo muito significativo. E vamos avançar”, salientou.

“Vamos ter, em breve, a reunião dos ministérios da saúde [dos países] que compõem a Amazônia. Lá a gente vai poder incluir não só esse ponto de pauta mas, também, pensar de que maneira podemos estar mais articulados, não só pela solidariedade que deve existir entres nossas ações mas pela sua interdependência e pelo impacto nos sistema de saúde”, 

pontuou a ministra.

Já foi realizado um atendimento de “teleoftalmologia” na Casai do Distrito Sanitário de Saúde Indígena (Dsei) Leste Roraima. Uma paciente servidora do Serviço Único de Saúde (SUS) com glaucoma foi atendida remotamente por especialistas em oftalmologia, que receberam o diagnóstico online, no estado de Goiás.

As duas casas de saúde contempladas com o telessaúde atendem cerca de mil indígenas mensalmente. O serviço vai fortalecer a atenção básica à saúde oferecida, reduzindo os deslocamentos da população de suas aldeias para as Casais, aumentando a resolubilidade, a qualidade, a continuidade e humanização do cuidado.

Saúde Yanomami 

A malária é uma das principais doenças registradas no território Yanomami, entre adultos e crianças. A doença agrava quadros de desnutrição entre todos. Em 2022, ao todo, foram registrados 12.261 casos da doença entre os Yanomami. Destes, as crianças foram as que mais sofreram, já que a faixa etária mais atingida foi entre 0 e 9 anos de idade, que totalizaram 5.799 casos registrados.

O maior número de casos foi o de 2.387, registrados entre bebês com menos de 1 ano e crianças Yanomami de até 4 anos de idade. A segunda faixa etária mais atingida foi a de jovens entre 10 e 19 anos, no total, 2.984 casos foram registrados nesta população.

Os dados são do Relatório Missão Yanomami, publicado em janeiro de 2023 pelo Ministério da Saúde do Governo Federal. Dados do Ministério da Saúde mostram que, de janeiro a outubro de 2023, 215 Yanomami morreram: 90 por causas infecciosas, como pneumonia e malária.

Em outubro deste ano, o governo federal desmontou o Centro de Referência em Saúde Indígena, construído para atender indígenas doentes dentro da Terra Yanomami. Uma outra unidade de saúde, que era operada na Casa de Saúde Indígena (Casai), em Boa Vista, também foi desmontada.

O Centro de Referência era preparado para fazer atendimentos de urgência, consultas, exames e o tratamento de malária e desnutrição – as duas doenças que mais assolam os indígenas que vivem no território.

Montada em Sucurucu, em meio à grave crise humanitária enfrentada pelos indígenas, a unidade funcionava desde abril deste ano — funcionou por quase sete meses.
Garimpo do Rangel, na Terra Yanomami, volta a extrair ouro ilegal da Terra Yanomami. Foto: Alexandro Pereira/Rede Amazônica

Retorno de garimpeiros

Onze meses depois do início da força-tarefa do governo federal, garimpeiros ilegais estão voltando a explorar a Terra Indígena Yanomami, em Roraima.

Uma operação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), na quinta-feira (7), destruiu acampamentos e encontrou até um aparelho de internet via satélite na região conhecida como “garimpo do Rangel”, uma das mais exploradas pelos invasores dentro do território.

A operação do Ibama ocorreu em ao menos cinco pontos de garimpo em operação na região do Rangel. Foram destruídas balsas usadas para desbarrancar o solo em busca de ouro, além de barracos que funcionam como ponto de apoio aos garimpeiros.

Maior território indígena do Brasil, a Terra Indígena Yanomami está em emergência sanitária na saúde desde janeiro deste ano. A medida foi decretada pelo governo federal para levar atendimento de saúde aos indígenas e também para retirar garimpeiros da região.
Durante esta mais recente operação, agentes do Ibama flagraram aviões clandestinos sobrevoando a região. Além, disso, segundo eles, uma aeronave caiu na última quarta-feira (6) e os invasores conseguiram escapar. O espaço aéreo no território Yanomami está fechado e é monitorado pelas Forças Armadas.

O governo federal afirma que a “Força Nacional de Segurança Pública tem intensificado suas atividades na TIY, inclusive realizando atividades na aldeia Homoxi, desde maio de 2023, garantindo a assistência aos indígenas e realizando ações de segurança pública no entorno da aldeia”.

Destacou ainda que o “controle do espaço aéreo sobre o Território Yanomami permanece ativo e é feito exclusivamente pelo Comando da Aeronáutica”.

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Pará perde Mestre Laurentino; artista completaria 99 anos em janeiro de 2025

Natural da cidade de Ponta de Pedras, na Ilha do Marajó, ele era conhecido como o roqueiro mais antigo do Brasil.

Leia também

Publicidade