Você já ouviu falar sobre o sangue de dragão? Com propriedades, comprovadas clinicamente como antiinflamatório, cicatrizante, inibidor das células cancerígenas, antimicótica e antiviral, o sangue de dragão, também conhecido como sangue de grado, tem atraído a atenção dos extrativistas da calha do rio Madeira. Para incentivar essa nova fonte de renda no campo, o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam) acompanha o potencial da resina e capacita os trabalhadores a desenvolverem a exploração sustentável do produto florestal.
O sangue de dragão (Croton lechleri) é uma resina vermelha, extraída da árvore croton lechleri, muito utilizada na indústria cosmética devido aos benefícios terapêuticos que oferece. A substância é amplamente explorada no Peru e na Colômbia, pois a árvore é abundante nas regiões amazônicas desses países. No Brasil, a espécie é encontrada nos estados do Acre e Rondônia, em áreas próximas aos rios e de florestas secundárias, assim como no Amazonas.
Em território amazonense, a extração do látex dessa árvore pode representar uma importante atividade econômica para as comunidades de Manicoré e Humaitá (a 332 e 590 quilômetros da capital, respectivamente). Nos municípios, há grande potencialidade a ser explorada, conforme o chefe do Departamento de Assistência Técnica e Extensão Florestal (Datef/Idam), Luiz Rocha.
“Detectamos potencial em Manicoré, onde os extrativistas poderão coletar o material e vender para compradores fora do Brasil, principalmente, da Alemanha. É um produto de alto valor comercial de uso farmacêutico, comercializado por diversos países e que coloca nosso estado diante de uma nova fonte de renda para as famílias extrativistas”, ressaltou o chefe do Datef/Idam.
Principais características
O sangue de grado pertence ao gênero Croton da família Euphorbiaceae. Esta família botânica possui espécies de grande importância econômica como, por exemplo, a seringueira (Hevea spp.) e a mandioca (Manihot esculenta). A primeira produz um látex que é usado para fazer borracha. Já a mandioca ou macaxeira é
uma das principais fontes de carboidratos para as comunidades rurais na Amazônia.
Algumas espécies desta família têm despertado interesse pela presença de compostos químicos chamados diterpenóides, que possuem atividades promotoras de tumor. Vários outros terpenóides também são encontrados no látex das euforbiáceas, bem como em diferentes partes das plantas. O Croton lechleri é uma espécie originária da América do Sul, que habita especialmente os bosques úmidos e é utilizado devido suas propriedades antiinflamatórias, cicatrizantes e no tratamento da anemia. No Peru e Bolívia é conhecido como: “sangre de grado”, “sangre de dragon” e “sangre de draco”. Em inglês é denominada “dragon’s blood”. No Brasil é conhecido por “sangue de grado”, “sangue de dragão”, “sangue de galo” e “sangue de pau”.
Uso
O látex de sangue de grado é muito utilizado por populações indígenas da região Amazônica devido suas
propriedades medicinais, como fazem os índios Yaga do Amazonas. Também é largamente utilizada por
populações indígenas e não indígenas do Peru.
Atualmente existem vários medicamentos que são preparados à base do látex de sangue de grado, sendo
utilizados principalmente no tratamento de úlceras e gastrite, bem como no tratamento de pacientes
portadores de AIDS com a finalidade de aumentar a resistência imunológica do organismo. Os principais componentes ativos encontrados no látex são os diterpenos, alcalóides e compostos fenólicos. O alcalóide taspina promove a cicatrização de tecidos celulares enquanto a dimetilcedruzina aumenta a imunidade do organismo através do estimulo à produção de glóbulos brancos.
Expectativa
É esperado que a descoberta da capacidade da região atraia os institutos científicos para realização de estudos, que possam mapear e estimar a capacidade de exploração nos municípios. De antemão, o Idam tem atuado na capacitação dos trabalhadores para aprimorar as técnicas utilizadas por eles, pois muitos atuam hoje na extração da copaíba.
“No entanto, não foram conduzidos estudos científicos ou inventários nessas áreas até o momento. De acordo com extrativistas locais, não é possível estabelecer uma estimativa precisa da disponibilidade desses recursos, pois a falta de estudos limita o conhecimento detalhado de todo potencial. Mas esperamos que isso mude nos próximos anos para que o potencial seja plenamente conhecido e explorado”, explicou Luiz Rocha.
Com informações do IDAM e IPAM*
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