Região Norte tem um dos piores acessos ao tratamento da depressão no Brasil

Foto: Reprodução/Shutterstock

Em todo o Brasil, a depressão atinge aproximadamente 7,9% da população. Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), boa parte da população não tem acesso devido tratamento da depressão. Aproximadamente 78,8% dos pacientes com o problema não recebem nenhum tipo de tratamento. A Região Norte sofre com ainda menos atendimento. Aproximadamente 90% de todos os indivíduos que sofrem com a doença sem nenhum tratamento na região.

Outro dado importante levantado pela pesquisa é que no Brasil 47,4% das pessoas com depressão tem acesso aos medicamentos de maneira gratuita no Sistema Único de Saúde. A Região Norte é marcada não só pela falta de tratamento, mas pela falta de acesso aos remédios. Segundo a pesquisa na Região Norte apenas 34,8% da população tem acesso aos remédios do tratamento.

A lei e a realidade

No Brasil a Política Nacional de Saúde Mental apoiada na Lei 10.216, conhecida como lei da reforma psiquiátrica, busca consolidar um modelo de atenção à Saúde Mental aberto e de base comunitária. Segundo a lei a população deve ser inicialmente atendida no Centro de Atenção Psicossocial (Caps), e posteriormente devem ser encaminhadas aos centros de atenção básica.

Segundo a psicóloga, Ronsagela Aufiero, a pesquisa é condizente com o atual contexto amazônico no tratamento de problemas psicossociais. “Se levantarmos os dados do número de Caps, fica claro que Manaus é a segunda pior cidade em cobertura de Caps, perdendo apenas para Brasília”, afirma Rosangela.

Dentro do contexto do Estado do Amazonas a situação é ainda pior. Dos 62 municípios do Amazonas, somente 26 possuem Caps. “Dependendo da importância que a Prefeitura dá a esses serviços, alguns são bem precários. O que faz as pessoas migrarem para a capital em busca de ajuda. Os serviços não são suficientes para oferecer o que a população precisa”, disse a psicóloga.

A falta de atendimento a doenças psicossociais é um sério agravante a saúde mental das pessoas que vivem na região. Para a psicóloga, doenças como a depressão são como a hipertensão e o diabetes, quando não há tratamento adequado o quadro pode ser agravar, muitas vezes necessitando de internação.

“Os males se agravam fazendo a doença avançar. Se a pessoa tem uma tendência suícida, isso só aumenta a chances dela se matar. Outros em estado de crise são abandonados, atropelados ou fogem de casa. Nós já tivemos casos de cárcere privado, onde a família não conseguia atendimento e acabou deixando o indivíduo 14 anos encarcerado na própria casa”, afirma Rosangela.

Suicídio

O Amazonas é um dos Estados com o maior percentual de suicídios do Brasil. Segundo informações do Ministério da Saúde, no Brasil a taxa de mortalidade é de 4,5 suicídios a cada 100 mil habitantes. Entretanto em municípios do Amazonas como Tabatinga,  São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel do Rio Negro o  índice de suicídio chega a ser seis a nove vezes maior que na média nacional.

A Resposta

O estudo propõe algumas estratégias para melhorar o acesso ao tratamento da depressão e outras diminuir a desigualdade de tratamento a doenças psicossociais no Brasil. Uma delas é de quebrar crenças pessoais e os estigmas sociais relacionados aos cuidados que é preciso ter a saúde mental. No Brasil ainda se tem muito preconceito com quem realiza tratamentos de doenças mentais.

Outra estratégia é integrar a saúde mental na atenção primária, ou seja, levar para os postos de saúde básicos de todos os municípios do Brasil consultórios e profissionais para lidar com as doenças psicossociais. “No Brasil, a atenção primária cobre a maior parte da população. No entanto, a equipe de cuidados primários ainda está mal preparada para lidar com problemas de saúde mental. Devem ser desenvolvidas e testadas estratégias de mudança de tarefas que permitam que a equipe de cuidados primários menos especializados forneça um tratamento eficaz”, finaliza o estudo.
Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Mostra de artesanato movimenta economia parintinense nas vésperas do 57° Festival Folclórico

A 19ª Mostra de Artesanato e Economia Solidária, expõe acessórios indígenas, como cocares, brincos, colares, camisas, cestarias e cerâmicas.

Leia também

Publicidade