Todas as espécies identificadas estavam em municípios do Amapá e não são transmitidas para humanos, de acordo com os pesquisadores.
Um grupo de pesquisadores da Universidade do Estado do Amapá (Ueap) identificou desde 2020 a existência de quatro microparasitos que afetam a saúde de peixes na Amazônia. Todas as espécies identificadas estavam em municípios do Amapá e não são transmitidas para humanos, de acordo com os cientistas.
O estudo é realizado há 10 anos pelo grupo de pesquisa em Sanidade de Organismos Aquáticos na Amazônia (SOAA). A coleta de animais para as verificações é realizada em áreas de Macapá, Santana, Mazagão, Calçoene, Ferreira Gomes e Tartarugalzinho.
Os microparasitos descritos foram Henneguya sacacaensis, Ellipsomyxa tucujuensis, Sphaerospora festivus e o Ceratomyxa macapaenses.
Segundo a coordenadora do grupo, a pesquisadora Marcela Videira, são estudados animais de cultivo e de ambientes naturais.
“A gente estuda na perspectiva do que a gente chama de saúde única, que é quando você consegue juntar a saúde animal, a saúde humana e a saúde ambiental. Porque se tiver um ambiente adequado, possivelmente o peixe vai ter uma saúde boa e assim vai garantir uma seguridade alimentar para o consumidor”, explicou a pesquisadora.
Além de peixes encontrados em ambientes naturais, os trabalhos também são realizados com orientações aos aquicultores.
De acordo com Roger Ferreira, que é estudante de doutorado da Universidade Federal do Pará (UFPA), as pesquisas de campo são realizadas com o apoio de pescadores.
“Temos pesquisas na APA do Curiaú, onde identificamos duas das novas espécies, assim como no distrito do Corre Água, onde as outras duas outras espécies foram descritas. Atualmente também fazemos pesquisas na praia do Goiabal, em Calçoene”, disse o cientista.
Nessa região litorânea na costa do Amapá, os estudos são direcionados apenas para peixes de interesse comercial como bandeirado, piramutaba, bagres, douradas e pescada gó.
Laboratório de sanidade
Após as coletas, os animais são levados para o laboratório do grupo na Ueap. Os peixes recebem climatação e são colocados em aquários até o início das análises. Para o início das análises os peixes são submetidos a anestesia, segundo o protocolo do Comitê de Ética no Uso de Animais.
Os estudos sobre sanidade animal tem foco no diagnóstico, o controle e a prevenção e/ou erradicação de agentes de doenças animais, por meio de pesquisa, desenvolvimento e transferência de tecnologia.
O grupo tem ainda a participação de cientistas da Universidade Federal do Amapá (Unifap), Embrapa Amapá e do Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas do Amapá (Iepa).
*Por Rafael Aleixo, do g1 Amapá