Segundo a OMS, o radônio é um elemento radioativo considerado o segundo maior fator de risco para câncer de pulmão, após o tabagismo, e o principal fator em não fumantes.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o radônio é um elemento radioativo considerado o segundo maior fator de risco para câncer de pulmão, após o tabagismo, e o principal fator em não fumantes. Originado do Urânio e do Tório, o radônio está presente na água, em rochas e no solo, podendo se concentrar em ambientes fechados e representar um risco à saúde.
Com os resultados, o SGB contribui para um estudo nacional que tem a finalidade de mapear áreas com maior exposição ao radônio no país e subsidiar políticas públicas de prevenção ao câncer de pulmão, conforme explica o geólogo do Centro de Geociências Aplicada (CGA) e coordenador do programa, Oderson Souza. Até o final de abril, após a disponibilização dos resultados dos estudos na Bahia, será possível realizar as primeiras comparações entre municípios brasileiros.
“Os mapas de exposição ao radônio e as informações epidemiológicas são uma das ferramentas que auxiliarão no planejamento assertivo das políticas de prevenção do câncer de pulmão causado pelo radônio e planos de mitigação das residências. Visto que não se dispõe de uma estimativa da patologia induzida pelo radônio, o programa tem potencial para evitar que centenas de brasileiros sejam vitimados pela doença”, destacou o coordenador.
Os dados também auxiliam na elaboração de normativas de construção civil para evitar concentração de radônio em áreas de risco e desenvolver condutas para diminuir as concentrações em residências. Isso porque algumas matérias-primas (como fosfogesso, argila e pedras ornamentais) podem conter elementos como urânio e, portanto, exalar o radônio para dentro dos ambientes fechados, esclareceu o coordenador.
Ação no Amapá
No início de 2024, os pesquisadores Oderson Souza e Marcela de Lima, do Centro de Geociências Aplicadas (CGA) do SGB, visitaram os municípios de Macapá, Ferreira Gomes, Porto Grande, Santana e Serra do Navio para apresentar aos gestores da Vigilância em Saúde a proposta de avaliação da exposição à radiação no solo e a medição da concentração de gás radônio em residências.
“O objetivo do projeto no Amapá é avaliar a exposição ao radônio em residências representativas das condições climáticas e de solos da região amazônica”,
explica o pesquisador Oderson Souza.
A proposta do SGB será submetida aos Comitês de Ética em Pesquisa do IEPA. Após a aprovação, serão instalados – e mantidos por seis meses – 160 detectores passivos de radônio em 80 residências pré-selecionadas, em bairros escolhidos conforme a setorização censitária do IBGE e a geologia de superfície. Os pesquisadores também analisaram os dados aerogamaespectrométricos de concentração de urânio e de contagem total no solo.
Os detectores para medição da concentração de radônio foram fornecidos – sem custos para o projeto – pelo Laboratório de Radônio do Instituto de Radioproteção e Dosimetria da Comissão Nacional de Energia Nuclear (IRD/CNEN). A revelação dos dados dos equipamentos será realizada no Laboratório do IRD. Após a análise, serão geradas informações sobre as áreas com maior exposição para radônio, que deverão ser monitoradas, e indicadas as práticas de mitigação, se necessário.
Além da instalação dos detectores, será aplicado aos moradores um questionário epidemiológico orientado. O SGB também distribuirá, nessas cidades, cartilhas informativas sobre o risco do radônio para a saúde e maneiras de prevenção.