“A minha família se sentiu impactada. A gente acha que nunca vai acontecer com a gente”. O diagnóstico de um tumor na bexiga fez a família de Abelardo Júnior reviver toda a aflição e o medo de ter um familiar acometido por um câncer. Atualmente, ele está em tratamento no Hospital Regional do Baixo Amazonas, em Santarém, que é considerado referência no tratamento oncológico para aquela região. Anos antes, ele viu o pai morrer vítima da doença.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o número de mortes por câncer no Brasil aumentou 31% desde 2000 e chegou a 223,4 mil pessoas por ano, no final de 2015. Os dados, divulgados pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), mostram a importância da mobilização social em torno do tema.
O caso de Abelardo, que tem 45 anos, foi detectado no estágio inicial da doença durante uma cirurgia para eliminação de cálculos renais. O diagnóstico precoce é uma das principais orientações reforçadas pela OMS para conter o avanço do câncer. “No HRBA fazemos uma medicina preventiva, levando os serviços e programas do hospital diretamente à comunidade por meio de palestras e acompanhamentos. A prevenção diminui a entrada de pacientes com neoplasias avançadas. Com ela, conseguimos tratar o nosso usuário e garantir um atendimento eficaz, sem que ele precise se afastar do convívio familiar”, explicou o coordenador de Oncologia da instituição, Marcos Fortes.
O serviço de Oncologia no HRBA, que é referência para uma população estimada em 1,1 milhão de pessoas, residentes em 20 municípios do oeste paraense, mudou a realidade na região. Funcionando desde 2010, o parque radioterápico da unidade reduziu distâncias e facilitou o acesso ao tratamento. “Verifiquei que o mesmo tratamento que seria ofertado em Belém, eu poderia ter aqui em Santarém, e sem os custos de estar longe de casa”, avaliou Abelardo.
“Hoje, nós somos o segundo maior polo de atendimento oncológico no Pará. Aqui, o serviço de oncologia cresce a cada dia, com o envolvimento de excelentes profissionais e com uma estrutura de ponta. Quem ganha com isso é a população”, destaca o diretor geral do HRBA, Hebert Moreschi.
Atualmente, 1.308 pessoas fazem tratamento oncológico no HRBA. No mesmo período do ano passado foram atendidos 1.060 pacientes e realizadas 17.772 consultas, 10.366 sessões de quimioterapia, além de quase 24 mil sessões de radioterapia.
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Os tipos mais comuns de câncer, entre as mulheres em tratamento no HRBA, são os de colo de útero (34%), mama (26%) e pele (14%). A faixa etária com maior incidência é entre 40 e 59 anos, com 41% dos casos. Já os casos registrados em mulheres com mais de 60 anos representam 39% dessa estatística. A amazonense Sirley Bezerra faz parte dela. Aos 46 anos, durante um autoexame de mama, sentiu um nódulo. “O câncer é uma doença silenciosa. Eu tento superar ele todo dia e estou muito melhor com o tratamento no hospital”, disse.
Nos homens, os tipos de câncer mais comuns em tratamento na unidade são: próstata (27%), pele (23%) e estômago (17%). Quase 60% dos atendidos têm mais de 60 anos. Homens de 40 a 59 anos somam 27% dos pacientes.
Reconhecido nacionalmente como um dos dez melhores hospitais públicos do Brasil, o HRBA oferece tratamento gratuito. Gerenciado pela Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar, sob contrato com a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), oferece na área de oncologia a os seguintes serviços: oncologia cirúrgica, oncologia clínica, hematologia, mastologia, ginecologia oncológica, oncopediatria, cirurgia plástica reparadora, cabeça e pescoço, consultas e sessões de radioterapia, sessões de quimioterapia e atendimentos para reabilitação em especialidades como Fonoaudiologia, Fisioterapia, Ortopedia e Terapia Ocupacional.
Conflitos gerados por invasões de terras configuram hoje o principal eixo estruturante da violência na Amazônia Legal, segundo conclui o estudo Cartografia das Violências na Amazônia.