Foto: Ingrid Reis da Silva/Acervo pessoal
Uma pesquisa foi realizada em Manaus (AM), com o objetivo de integrar o diagnóstico da poluição do Igarapé do Mindu e analisar o uso de uma solução sustentável altamente eficaz baseada em fungos nativos da região como alternativa sustentável para o biotratamento da água.
Amparada pelo Programa Biodiversa/Fapeam, a pesquisa intitulada ‘Características Físico-Químicas, Microbiológicas e Utilização de Fungos Filamentosos na Melhoria da Qualidade das Águas do Igarapé do Mindu da Cidade de Manaus’ avaliou o nível de poluição das águas ocasionada pelo despejo de agentes poluentes, por meio de análises físico-químicas e microbiológicas, e verificou a viabilidade da utilização de fungos filamentosos no seu tratamento e melhoria.
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Após a aplicação dos biotratamentos com os consórcios de fungos filamentosos, os resultados foram bastante promissores, demonstrando que a própria biodiversidade local pode ser uma aliada na recuperação ambiental e na melhoria da qualidade de vida nas cidades. Além de trazer benefícios concretos para a saúde pública, reduzir riscos de contaminação e contribuir para a recuperação ambiental de corpos hídricos degradados, como o Igarapé do Mindu.

A bacia Hidrográfica do Igarapé do Mindu ocupa aproximadamente 1/4 do território urbano de Manaus. A nascente, localizada na Cidade de Deus, Zona Leste, sofre com expansão urbana desregulada, lançamento de esgoto doméstico e resíduos sólidos.
A coordenadora do estudo e doutora em biotecnologia, Ingrid Reis da Silva, do Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA), explicou que foram realizadas três coletas de água em diferentes pontos do Igarapé do Mindu, abrangendo áreas urbanas com diferentes níveis de impacto ambiental. A água coletada foi analisada em laboratório para verificar a presença de poluentes físico-químicos e microbiológicos, como pH, oxigênio dissolvido (OD), turbidez, DBO (Demanda Bioquímica de Oxigênio) e a presença de bactérias indicadoras de contaminação fecal, como a Escherichia coli.
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Análise da água
Os resultados revelaram um alto nível de poluição da água. Os valores de oxigênio dissolvido, um dos principais parâmetros indicativos da qualidade da água, essencial para a sobrevivência de organismos aeróbios, variaram entre 2 e 3 mg/L, muito abaixo do valor mínimo exigido de 5 mg/L para águas doces de classe II, segundo a Resolução Conama 357/2005.
Já os níveis de Demanda Bioquímica de Oxigênio ultrapassaram 47 mg/L em alguns pontos, enquanto o limite aceitável é de 5 mg/L. Esses valores indicam alta carga de matéria orgânica presente na água. Além disso, a concentração de coliformes termotolerantes chegou a 3 x 10⁵ UFC/100 mL, o que representa um risco à saúde pública e torna a água imprópria para uso humano ou recreativo.

Fungos filamentosos
Após o diagnóstico, foi aplicado o processo de biorremediação, utilizando fungos filamentosos da Coleção Microbiológica do CBA, especialmente dos gêneros Trichoderma, Fusarium e Beauveria. Esses fungos foram organizados em consórcios e incubados com a água contaminada por um período de 10 dias, em condições controladas de temperatura e agitação.
“Ao final do tratamento, realizamos novas análises dos mesmos parâmetros para avaliar a eficácia dos consórcios fúngicos na melhoria da qualidade da água. Os resultados demonstraram uma redução significativa nos níveis de contaminação, especialmente nos indicadores microbiológicos e na carga orgânica da água”, detalhou a pesquisadora.
*Com informações da Fapeam
