Foto: Divulgação/ADAF
A Fiocruz Amazônia trabalha no mapeamento de áreas de risco para surtos de raiva no Estado do Amazonas, a partir da criação de um modelo preditivo – ferramenta analítica que utiliza dados históricos e técnicas estatísticas para prever comportamentos futuros ou eventos – que está sendo construído com a parceria da Fundação de Vigilância em Saúde Dra Rosemary Costa Pinto (FVSRCP) e a Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado do Amazonas (ADAF).
O estudo, conduzido pela médica veterinária Alessandra Nava e o biólogo José Joaquin Carvajal, ambos pesquisadores do Laboratório Ecologia de Doenças Transmissíveis na Amazônia (EDTA) da Fiocruz, foi apresentado na última quarta-feira, 6/11, durante a mesa-redonda “Raiva: uma Questão de Saúde Única”, promovida pela Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Estado do Amazonas (ADAF), com a finalidade de discutir pontos importantes relacionados à raiva humana/animal e o papel das instituições envolvidas no processo de enfrentamento da doença.
“Esse trabalho em que estamos tentando construir se trata de um modelo preditivo de áreas de risco para surtos de raiva no estado do Amazonas e sem a parceria da FVS (Fundação de Vigilância em Saúde) e ADAF, bem como o apoio da CAPES e Fapeam (Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado do Amazonas), não seria possível realizar”, afirmou Alessandra Nava.
Segundo ela, a invasão de áreas de floresta e o consequente desmatamento ou queimada para a inserção de gado bovino pode influenciar nos padrões de agressão e aumentar as ocorrências de mordeduras e casos de contaminação pelo vírus da raiva, sendo de extrema relevância o acesso ágil à informação qualificada acerca da doença.
O evento da ADAF ocorreu no auditório do Bosque da Ciência, no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), com a participação de estudantes, profissionais da área de saúde animal e humana, pesquisadores e autoridades locais. Atuaram como palestrantes também representantes da FVS e ADAF, que expuseram pontos sensíveis acerca da questão da raiva no Estado e do ponto de vista global, tendo em vista que a doença é responsável por 60 mil mortes/ano em todo o Mundo.
Alessandra Nava encerrou o ciclo de palestras abordando a importância do levantamento de dados de mordeduras de morcegos no Amazonas e avaliando o desmatamento como um dos principais fatores que levam ao possível aumento de ocorrências ao influenciar o comportamento dos morcegos hematófagos, um dos vetores da doença.
Rede
A Fiocruz Amazônia integra a Rede de Iniciativa Amazônica para Investigação de Mordeduras Tropicais, um grupo internacional formado por especialistas e pesquisadores que trabalham com a questão das mordeduras tropicais e as diferentes formas de contágio, visando estabelecer parâmetros que permitam identificar o perfil epidemiológico dos casos de mordeduras em humanos e animais em determinada região, bem como prevenir possíveis ocorrências de surtos causados por zoonoses emergentes que possam vir a ser transmitidas pela mordedura de animais como primatas e, sobretudo, morcegos que estejam contaminados com vírus e venham a transmitir para as pessoas.
Sobre a raiva
A raiva, ou hidrofobia, é uma doença que acomete todos os mamíferos e é considerada uma das zoonoses de maior importância no mundo, com elevado custo social e econômico. A doença é causada por um vírus que se propaga via sistema nervoso e a infecção se dissemina rapidamente alcançando o sistema nervoso central.
O vírus está presente na saliva do mamífero infectado e a transmissão acontece principalmente por meio de mordeduras ou lambeduras. A raiva é letal com raríssimos casos de sobrevivência, acompanhados de sequelas graves. É importante manter distância de animais silvestres e estar em dia com a vacinação de gatos e cachorros.
*Com informações da Fiocruz Amazônia