O Estado do Amazonas registrou a maior cobertura de genomas do SARS-CoV-2 sequenciados, em função do número de casos diagnosticados no País.
Durante o 1º Simpósio da Rede Genômica da Fiocruz foi destacado o desempenho da Vigilância Genômica no Amazonas, Estado que registrou a maior cobertura de genomas do SARS-CoV-2 sequenciados, em função do número de casos diagnosticados no País. O virologista Felipe Naveca destacou que a Fiocruz Amazônia contribuiu com metade dos genomas do vírus da Covid-19 sequenciados na Região Norte.
O Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), por meio do Núcleo de Vigilância Genômica de Vírus Emergentes, Reemergentes e Negligenciados, esteve presente no simpósio, que aconteceu ao longo de três dias (8,9 e 10/03), em Fortaleza. O encontro teve como finalidade disseminar conhecimento sobre a importância da vigilância genômica e laboratorial, bem como apresentar as principais inovações na área de genômica com vistas ao enfrentamento de desafios futuros.
O pesquisador da Fiocruz Amazônia, Naveca ressaltou que foi criada em resposta à pandemia de Covid-19, num momento em que ficou claro ser necessário um esforço no sequenciamento genômico do vírus para que fosse possível entender como se daria a evolução do ‘novo’ patógeno ao longo do tempo em todo o Mundo e em especial no Brasil, onde a Rede Genômica Fiocruz atua.
“Nós, do ILMD/Fiocruz Amazônia, assumimos o protagonismo de fazer não apenas a Vigilância Genômica do Amazonas, onde já fizemos quase 90% dos genomas sequenciados, disponíveis em banco de dados públicos, mas também de dar suporte aos estados de Roraima, Rondônia, Acre e Mato Grosso do Sul”, explicou, salientando a importância da iniciativa do simpósio para troca de experiências.
O virologista lembrou que, na Região Norte, nos últimos dois anos, a Fiocruz Amazônia foi responsável por 48% dos genomas sequenciados.
“Atualmente, o papel do ILMD/Fiocruz Amazônia é bastante relevante e deixou o Amazonas como o Estado com o maior número de genomas sequenciados, se dividirmos pelo número de casos confirmados, que é o critério observado pela OMS, uma vez que não podemos comparar lugares com populações diferentes e a contagem absoluta, então, não seria mais adequada”,
observou Naveca.
A Fiocruz Amazônia tem trabalhado também na vigilância genômica de outros patógenos, a exemplo da Dengue e Oropouche. “Temos uma estreita parceria com a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS) do Amazonas e com os estados de Roraima e Rondônia, além de gerar dados e desenvolvido protocolos para a geração desses dados, alguns inclusive utilizados por diversos países, inclusive protocolos não só de sequenciamento, mas também de inferência por PCR em tempo real”, afirmou, destacando o papel do ILMD/Fiocruz Amazônia na Rede Genômica Fiocruz como um dos centros que têm mais produzido genomas do SARs COV 2 e agora também de outros vírus.
O 1º Simpósio da Rede Genômica Fiocruz teve como público-alvo profissionais do setor de saúde, público e privado, gestores de saúde e profissionais que atuam em vigilância laboratorial e/ou genômica. O evento reuniu autoridades como a ministra da Saúde, Nísia Trindade, que participou de forma remota, o presidente da Fiocruz Mário Moreira, além de representantes da Organização Panamericana de Saúde (OPAS), Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA), Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC), Instituto Todos pela Saúde e Governo do Estado do Ceará.
Rede Genômica
A Rede Genômica Fiocruz reúne especialistas de todas as unidades da Fundação Oswaldo Cruz no Brasil e de institutos parceiros que se empenham diariamente em gerar dados mais robustos sobre o comportamento do SARS-CoV-2, por meio da decodificação do genoma viral. Dessa forma, é possível acompanhar as linhagens e mutações genéticos do novo coronavírus e contribuir para um melhor preparo do país no enfrentamento da pandemia em termos de diagnósticos mais precisos e vacinas eficazes.
Desde março de 2020, o grupo, nacionalmente representado, está atuando na vigilância genômica do SARS-CoV-2. A Rede participa da iniciativa internacional de acesso aberto a informações sobre genomas de vírus influenza e coronavírus, o GISAID, sendo um dos grupos curadores da iniciativa na América do Sul.
A Rede fornece capacitação e suporte técnico em sequenciamento e geração de dados para técnicos e especialistas de instituições de todo o País e da América do Sul, a partir de cooperação com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS).