Após 18 anos sem registros na capital amazonense, a partir de fevereiro deste ano o sarampo voltou a causar dores de cabeça na população manauara. Só neste ano, de acordo com dados divulgados pela Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), foram confirmados 602 casos da doença em Manaus e outros 4.167 casos estão em investigação aguardando resultado laboratorial.
Para a Infectologia Pediátrica e Representante da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM) no Amazonas, Solange Dourado, a ação mais eficaz para controle da doença é a vacinação. O Brasil sempre teve um programa exemplar de vacinação, mas agora registra uma grande queda na cobertura vacinal.
“A vacinação de crianças atingiu o nível mais baixo no Brasil em pelo menos 16 anos. Em 2017, pela primeira vez, todas as vacinas indicadas para crianças com menos de um ano ficaram abaixo da meta (que é imunizar 95% das crianças dessa idade)”, afirma a médica.
O sarampo é uma doença bastante contagiosa e se dissemina rapidamente quando há pessoas não imunizadas. É preciso manter a vacinação com ampla cobertura para que a doença não volte em larga escala. Se todas as pessoas forem vacinadas com as duas doses, mesmo que o vírus seja introduzido no país por algum viajante, não terá como circular, e o sarampo ficará restrito ao caso inicial. Notícias veiculadas com informações equivocadas sobre a vacina podem atrapalhar a ampla imunização.
Segundo a Solange, uma explicação do porque as pessoas não estão mais vacinando as crianças, é justamente o sucesso da erradicação de doenças. “A cobertura vacinal fez desaparecer doenças, criando uma falsa sensação de segurança. As pessoas não se veem mais sob risco de sarampo, difteria ou pólio, por exemplo. As últimas gerações de brasileiros não sabem o que são essas doenças, não conhecem ninguém que teve, nunca viram no noticiário. Com isso, relaxam sua percepção de risco e consequentemente a busca pela vacina”.
A médica reforça que pessoas de todas as idades podem tomar a vacina. No Brasil, o Ministério da Saúde disponibiliza duas doses para indivíduos entre 12 meses e 20 anos. Na rede pública, também é possível a vacinação gratuita até os 49 anos.
Somente gestantes, casos suspeitos de sarampo, crianças menores de seis meses de idade e pessoas imunocomprometidas (com doenças que abalam fortemente o sistema imune) não podem ser vacinar.
A vacina oferecida na rede pública é a tríplice viral, que protege contra o sarampo, caxumba e rubéola. Dentro da vacina, há os três vírus enfraquecidos, albumina e aminoácidos (proteínas), sulfato de neomicina (medicamento usado contra infecções), sorbitol (um tipo de açúcar derivado do álcool) e gelatina.
Sintomas
Os sintomas começam com febre acompanhada de tosse persistente, irritação ocular e corrimento no nariz, informa a Fiocruz. Pode causar infecção nos ouvidos, pneumonia e convulsões. No limite, a doença provoca lesão cerebral e morte.
Manchas vermelhas na pele é uma característica conhecida da doença. Elas aparecem primeiro no rosto e vão em direção aos pés.
Como complicações da doença, pois é uma doença que imunodeprime o indivíduo afetado, o vírus também pode atingir as vias respiratórias, causar diarreias e até infecções no encéfalo.