Campanha estimula o pré-natal entre os homens no Pará

Como parte da Política Nacional de Atenção à Saúde Integral do Homem, do Governo Federal, a Secretaria Estadual de Saúde (Sespa) implantou o projeto ‘Pré-Natal do Parceiro’. O programa tem o objetivo de fortalecer o vínculo do pai com o bebê e a mãe da criança e também é uma oportunidade de trazer o homem para dentro do serviço. 

Segundo o coordenador estadual da saúde do homem, Carlos Sales Júnior, o grande problema, hoje, é que os homens não tem o costume de procurar o serviço de saúde. “Eles só buscam ajuda quando passam mal. Então, o Pré Natal do Parceiro é um movimento que aproveita o momento mais suscetível do homem na questão familiar para trazê-lo para dentro do serviço”, explicou o coordenador estadual da saúde do homem, Carlos Sales Júnior.

Pais participam dos exames de pré-natal no Pará. Foto: Sidney Oliveira/Agência Pará
Por meio do programa são feitas ações educativas que ensinam como proceder com a gestante durante a gravidez e o parto. Depois do pré-natal, inicia o estímulo para que o pai continue frequentando a unidade de saúde, fazendo os check ups anuais e os exames periódicos.

O programa é dividido nos seguintes passos:
– Trazer o homem para dentro do serviço, explicando o que é o Pré- Natal do parceiro e como ele pode ajudar sua companheira.

– Realização de exames como hemograma, HIV, hepatite e sífilis, que impactam diretamente na saúde do bebê.

– Atualizar a carteira de vacinação. Prática pouco comum entre os homens, que normalmente só procuram os postos de vacinação quando são requisitados em seu novo trabalho.
O trabalho está sendo implantado dentro do programa Saúde da Família, nas unidades básicas de saúde, com o apoio de uma equipe formada por médico, enfermeiro, odontólogo e, se for preciso, psicólogo. Em Belém, são 99 unidades de saúde da família existentes e nos quais os profissionais de saúde já receberam treinamento. Também é feito por meio dos agentes de saúde, que buscam os possíveis futuros pais em abordagens diretas às mães durante as consultas.

O Pré Natal do Parceiro está sendo desenvolvido em Parauapebas, Tucurui, Breu Branco, Conceição do Araguaia, Benevides, Ananindeua e Belém. Até o final de 2017 o programa já deverá ter sido implantado em 50% dos municípios paraenses.
“O início vai ser complicado porque temos uma cultura onde o homem acredita que serviço de saúde ‘é coisa de mulher’. Mas a gente confia que, através do conhecimento e de estímulos, os homens possam romper essa barreira”, ressalta Carlos Júnior.

Foto: Sidney Oliveira/Agência Pará

Pai presente

Um dos objetivos do programa Pré-Natal do Parceiro é reforçar os laços entre pai e filho, estimulando o homem a uma participação efetiva durante a gravidez, parto e pós-parto.

O advogado Antônio Carlos dos Santos, 37 anos, trocou as horas de expediente por no mínimo oito horas por dia na Unidade de Cuidados Intensivos (UCI), da Santa Casa de Misericórdia do Pará. Há 12 dias, nasceu seu filho Lorenzo, com 2,300kg, abaixo do peso mínimo ideal que é de 2,500kg. Durante a noite ele ainda dorme sentado na poltrona ao lado da incubadora onde está o filho.

“Esse é o momento de criar laços. Quando se espera o nascimento de um filho você imagina que ele vai logo pra casa. Infelizmente nem sempre é assim. Também não acho justo a mãe ficar com toda a responsabilidade. Nós, pais, também temos que ajudar efetivamente”, relatou Antônio Carlos.

A participação efetiva dos pais na recuperação e desenvolvimento dos bebês é incentivada  pela Fundação Santa Casa através do Método Canguru. A Santa Casa é referência paraense da política nacional de humanização, criada pelo Ministério da Saúde. Com o Método Canguru, o delicado tratamento de assistência perinatal da Santa Casa tem o reforço dos pais. Através do contato físico com o corpo do pai, o bebê tem sua imunidade fortalecida e ganha peso com mais facilidade.

“A gente vê que os bebês se recuperam melhor e ganham peso com maior rapidez quando o pai está presente. Os pais não são visitas, eles são os provedores dos bebês e fundamentais em sua recuperação”, destacou  Vilma Hutim, pediatra neonatal.
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