Após mortes de macacos, Pará vacina contra febre amarela

Sete municípios do Pará registraram , somente este ano, mortes de primatas sob suspeita de febre amarela. A informação foi confirmada nesta quarta-feira (5) pela Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa). De acordo com a secretaria, foram anotadas mortes de macacos nas cidades de Belém, Marituba, Rurópolis, Concórdia do Pará, Alenquer, Oriximiná e Monte Alegre. As mortes dos animais acendeu o alerta e equipes de saúde foram mobilizadas no combate à febre amarela nas localidades que registraram os óbitos.

No Baixo Amazonas, onde quatro pessoas morreram com a enfermidade, o governo do Estado põe em prática um plano emergencial.

“As mortes de macacos sinalizam os locais onde o vírus pode estar circulando. Em um raio de dois quilômetros de onde essas mortes foram registradas, independente do resultado ser positivo ou não para febre amarela, estamos fazendo o bloqueio vacinal, isto é, imunizando as pessoas que ainda não são imunizadas, conforme determina o protocolo do Ministério da Saúde”, explica o diretor do Departamento de Controle de Endemias da Sespa, Bernardo Cardoso.

Foto:Divulgação/Agência Pará
Para garantir que a vacina chegue às localidades mais distantes da cidade, agentes de saúde do Estado reforçam o trabalho junto aos municípios, que também receberam novo aporte de vacinas. Somente para o oeste do Pará, o governo já destinou cerca de 50 mil doses, para imunizar, prioritariamente, as populações da zona rural, onde as mortes dos macacos ocorrem. O maior reforço foi para os municípios de Alenquer, Curuá, Monte Alegre, Óbidos e Oriximiná.

Sentinelas

Muitos relatos de mortes de macacos têm chegado à Sespa nas últimas semanas. Em alguns casos, é possível coletar material dos animais para envio ao Instituto Evandro Chagas, que faz a análise para confirmar (ou não) a febre amarela; noutros, são encontradas apenas as carcaças, já em decomposição. Em muitas comunidades rurais, encontrar primatas sem vida é novidade.

O veterinário Fernando Esteves, que coordena o Grupo de Trabalho de Zoonoses da Sespa, admite que muitos primatas encontrados na zona rural – pelo menos 57 municípios já relataram essas ocorrências – podem estar morrendo de febre amarela, mas é possível também que alguns estejam sendo mortos por pessoas que, erroneamente, acreditam serem os macacos os grandes vilões da febre amarela – um engano tão perigoso quanto irresponsável.

O diretor do Controle de Endemias, Bernardo Cardoso, afirma que é preciso alertar a população, sobretudo a que mora nas áreas de floresta, que os macacos são sentinelas, não transmissores da febre amarela. Eles cumprem a função de mostrar onde a vacinação deve ser feita primeiro. “Não se deve matar o macaco, pois ele é tão vítima quanto nós, seres humanos. O vírus da febre amarela é transmitido pelos mosquitos, não pelos primatas”, reforça Bernardo Cardoso.

Os mitos e verdades envolvendo a febre amarela serão abordados por campanha que será lançada na próxima semana nas redes sociais pela Secretaria de Estado de Comunicação (Secom). Perguntas e respostas serão ilustradas para ajudar a esclarecer a população sobre as particularidades da doença, que não é registrada em centros urbanos no Brasil desde 1942. “É importante que as pessoas saibam onde e como a endemia é transmitida e quais as formas de prevenção, para que, junto do trabalho feito nos municípios, esse mal possa ser controlado”, conclui o diretor.

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