No Baixo Amazonas, onde quatro pessoas morreram com a enfermidade, o governo do Estado põe em prática um plano emergencial.
“As mortes de macacos sinalizam os locais onde o vírus pode estar circulando. Em um raio de dois quilômetros de onde essas mortes foram registradas, independente do resultado ser positivo ou não para febre amarela, estamos fazendo o bloqueio vacinal, isto é, imunizando as pessoas que ainda não são imunizadas, conforme determina o protocolo do Ministério da Saúde”, explica o diretor do Departamento de Controle de Endemias da Sespa, Bernardo Cardoso.
Sentinelas
Muitos relatos de mortes de macacos têm chegado à Sespa nas últimas semanas. Em alguns casos, é possível coletar material dos animais para envio ao Instituto Evandro Chagas, que faz a análise para confirmar (ou não) a febre amarela; noutros, são encontradas apenas as carcaças, já em decomposição. Em muitas comunidades rurais, encontrar primatas sem vida é novidade.
O veterinário Fernando Esteves, que coordena o Grupo de Trabalho de Zoonoses da Sespa, admite que muitos primatas encontrados na zona rural – pelo menos 57 municípios já relataram essas ocorrências – podem estar morrendo de febre amarela, mas é possível também que alguns estejam sendo mortos por pessoas que, erroneamente, acreditam serem os macacos os grandes vilões da febre amarela – um engano tão perigoso quanto irresponsável.
O diretor do Controle de Endemias, Bernardo Cardoso, afirma que é preciso alertar a população, sobretudo a que mora nas áreas de floresta, que os macacos são sentinelas, não transmissores da febre amarela. Eles cumprem a função de mostrar onde a vacinação deve ser feita primeiro. “Não se deve matar o macaco, pois ele é tão vítima quanto nós, seres humanos. O vírus da febre amarela é transmitido pelos mosquitos, não pelos primatas”, reforça Bernardo Cardoso.
Os mitos e verdades envolvendo a febre amarela serão abordados por campanha que será lançada na próxima semana nas redes sociais pela Secretaria de Estado de Comunicação (Secom). Perguntas e respostas serão ilustradas para ajudar a esclarecer a população sobre as particularidades da doença, que não é registrada em centros urbanos no Brasil desde 1942. “É importante que as pessoas saibam onde e como a endemia é transmitida e quais as formas de prevenção, para que, junto do trabalho feito nos municípios, esse mal possa ser controlado”, conclui o diretor.