Acre é o estado que menos investe em saneamento no país, aponta estudo

Levantamento do Instituto Trata Brasil aponta que o Acre investiu cerca de R$ 55 milhões entre 2019 e 2023. Atendimento de esgoto chega apenas a 20% da população.

Rede de tratamento de esgoto de Rio Branco atende 20% da população, aponta Trata Brasil. Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

O Acre foi o estado que menos investiu em saneamento básico no Brasil entre 2019 e 2023. Isto é o que aponta os dados do Instituto Trata Brasil, divulgados nesta semana.

No período, o estado aplicou R$ 55,58 milhões, valor que representa menos de 0,1% do total nacional, que superou a casa dos R$ 25 bilhões.

Do valor investido no Acre, R$ 6,76 milhões vieram de recursos próprios, R$ 34,21 milhões de fontes onerosas (empréstimos e financiamentos) e R$ 14,58 milhões de recursos não onerosos, como repasses da União.

Leia também: Região Norte ainda vive cenário crítico de saneamento básico, aponta levantamento do Trata Brasil

Entre as capitais brasileiras, Rio Branco está na terceira pior posição de pior capital do Brasil em atendimento de saneamento básico, atrás somente de Porto Velho (1º) e Macapá (2º), todas do Norte.

Já no ranking geral das cidades, a capital acreana aparece na quarta posição, atrás de Santarém (1º), Porto Vellho (2º) e Macapá (3º).

Os indicadores de Rio Branco revelaram ainda baixa cobertura de água, esgoto e desperdício elevado.

  • Coleta de esgoto: caiu de 21,65% em 2019 para 19,91% em 2023;
  • Atendimento de água: passou de 54,23% para 53,13% no mesmo período;
  • Esgoto tratado: apenas 40,49% do volume coletado;
  • Perdas na distribuição: chegam a 56,06%;
  • Desperdício diário: cada ligação perde, em média, 829 litros de água.

A capital acreana também registrou o menor valor médio anual de investimento por habitante entre todas as capitais: R$ 8,09. Para alcançar a universalização prevista no Marco Legal do Saneamento, seriam necessários R$ 223,82 por habitante ao ano.

Leia também: Perdas de água crescem nas 100 maiores cidades do país, aponta Ranking do Saneamento 2025

Situação no Acre

No Acre, apenas 48% da população tem acesso a água potável e pouco mais de 10% contam com coleta de esgoto. Menos de 1% do esgoto é tratado, segundo dados complementares do setor.

rede de esgoto e saneamento acre
Maior parte dos moradores do Acre não são contemplados pela rede de esgoto. Foto: Aleksandro Soares/Saneacre

O levantamento também revela que o Acre não apresentou a documentação exigida pelo Decreto 11.598/2023 para comprovar a capacidade econômico-financeira da empresa responsável pelo serviço de saneamento, o Departamento Estadual de Água e Saneamento do Acre (Depasa).

Além disso, o estado não possui projetos estruturados ou licitações em andamento para ampliar a rede de água e esgoto. Houve apenas um acordo de cooperação com o BNDES em 2017 para preparar um projeto, mas ele não saiu do papel.

O Grupo Rede Amazônica entrou em contato com o órgão e aguarda retorno.

Leia também: Cinco municípios da região Norte apresentam piores índices de saneamento básico em 2025

Região Norte

A região Norte registrou o menor volume de investimentos do país entre 2019 e 2023, com apenas R$ 4,87 bilhões, cerca de 4,7% do total nacional.

Cidades como Macapá (AP), Porto Velho (RO) e Santarém (PA) têm desempenho ainda mais crítico que Rio Branco.

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Segundo o Instituto Trata Brasil, 67% dos investimentos na macrorregião Norte vêm dos prestadores de serviço, percentual bem abaixo da média nacional. Os 33% restantes dependem de prefeituras e governos estaduais, que nem sempre possuem capacidade fiscal para bancar obras de grande porte.

Essa limitação estrutural ajuda a explicar por que os indicadores de saneamento da região são os piores do Brasil, com cobertura de abastecimento de água e coleta de esgoto muito abaixo das metas do Marco Legal, que prevê 99% de cobertura de água e 90% de esgoto até 2033.

*Por Jhenyfer de Souza, da Rede Amazônica AC

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