Os dados do Cimi são obtidos junto à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), o Sistema de Informação Sobre Mortalidade (SIM) e às secretarias estaduais de saúde.
De janeiro de 2019 a dezembro de 2022, 208 indígenas foram assassinados em Roraima, o maior número de mortes de indígenas registradas no Brasil, segundo o Relatório Violência Contra os Povos Indígenas do Brasil, elaborado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi).
Conforme o levantamento, o Estado ficou a frente do Amazonas, que registrou 163, e do Mato Grosso do Sul, com 146 mortes. Com Roraima, esses Estados concentraram 65% dos homicídios praticados contra indígenas entre 2019 e 2022.
Nos quatros anos, separadamente, Roraima sempre teve o maior número de homicídios entre os estados. Em 2019, foram registrados 51. No ano seguinte, em 2020, o estado apresentou um salto de 31,3% – 67 novos assassinatos.
Em 2021 houve uma queda de 26,8% em comparação com 2020, com um registro de 49 homicídios. No ano passado houve uma redução de oito assassinatos, foram 41, segundo os dados do relatório.
O levantamento também detalhou que, em 2022, os homens figuravam entre a maioria das vítimas de assassinato em Roraima. Dos 41 homicídios do ano passado, 26 foram contra pessoas do sexo masculino e 15 contra mulheres.
Os dados do Cimi são obtidos junto à Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), o Sistema de Informação Sobre Mortalidade (SIM) e às secretarias estaduais de saúde.
Segundo o Cimi, a média de indígenas assassinados no período de 2019 a 2022 em todo o Brasil foi de 198,75 por ano. “O ano foi marcado por uma série de conflitos e de assassinatos de lideranças e de indígenas ligados à luta pela terra e pela proteção de seus territórios”, afirma trecho do levantamento.
Violência sexual e suicídio
Com dados da Lei de Acesso à Informação (LAI), o Cimi também recebeu da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) dados sobre violência sexual cometida contra crianças, adolescentes e mulheres indígenas. Os números revelaram que ao menos 20 indígenas foram vítimas dessa violência em 2022.
“Os relatos causam espanto e indignação não apenas pela crueldade dos casos, mas também pela característica das vítimas: dos 20 casos registrados, 18 foram cometidos contra crianças e adolescentes, quase todas com idades entre 5 e 14 anos; num dos casos, uma adolescente relata ser estuprada desde os 6 anos. Uma das vítimas, no entanto, era uma bebê de apenas 1 ano e 11 meses de idade”,
explica o Cimi em trecho do relatório.
Dados do Sistema de Informação Sobre Mortalidade (SIM) e de secretarias estaduais de saúde registraram ainda 535 suicídios de indígenas entre os anos de 2019 e 2022. Os estados com mais casos foram Amazonas (208), Mato Grosso do Sul (131) e Roraima, com 57 registros nos quatro últimos anos.
Desde 1972, o Cimi, em parceria com a CNBB, atua na promoção da diversidade étnico-cultural e dos direitos dos indígenas. O Conselho, com sede em Brasília, conta com 11 regionais espalhadas pelo país e atua junto a mais de 180 povos originários em todos os 26 estados.