Letícia Santos, de 20 anos, é do povo Macuxi e foi eleita segunda miss indígena de Boa Vista. A jovem planeja ser Miss Roraima Indígena, posto ocupado atualmente por Mari Wapichana.
Quando criança, a jovem do povo Macuxi, Letícia Santos, de 20 anos, sempre acompanhava a mãe nos encontros que tratavam sobre os direitos indígenas em Roraima. Mesmo muito pequena, ela sabia que era importante, mas não tinha dimensão do que o movimento se tornaria. Hoje, coroada miss indígena da capital Boa Vista, quer ser mais uma voz em defesa do povos originários.
“Quero manter essa identidade, essa autoafirmação indígena em todo canto que eu for”,
declarou.
Letícia nasceu na comunidade Beira Rio, zona Rural de Boa Vista. Com a mãe Dirlaine Santana Dias, que também é Macuxi e integra Organização de Mulheres Indígenas de Roraima (OMI), fundada em 1986, herdou a herança cultural e a importância de para dar visibilidade e manter viva a causa indígena no país.
“Prezo muito por isso, pela resistência e ocupação de espaços, em qualquer lugar, por pessoas indígenas”, afirma ela que é a segunda miss indígena de Boa Vista.
Ligada em política, como miss indígena, pretende incentivar os jovens que vivem na capital a estudarem, conhecer e entender seus direitos, para cobrar ou até mesmo apoiar organizações indígenas junto com o governo. “Hoje temos um ministério indígena, uma presidente da Funai atuante e um secretário da Saúde Indígena que vai estar nos ouvindo através das demandas dos nossos povos”, diz.
Escolha para ser Miss Indígena Boa Vista
Letícia foi escolhida como Miss Indígena Boa Vista em dezembro de 2022. Ela concorria com outra duas jovens. Agora, tem como meta se tornar a próxima Miss Indígena Roraima, cargo ocupado pela jovem Mari Wapichana. Ela concorreu ao posto com o nome indígena Parauîjamarî, que significa indígena guerreira na língua Macuxi.
A nova miss conta que a maior motivação para competir foi ter nascido e crescido no movimento indígena. O resultado, ela dedicou à mãe, a sua Pajé, tia e outras pessoas mais experientes que contribuíram para que ela tivesse conhecimento sobre a ancestralidade.
“O movimento indígena ele cresce a cada momento. Eu faço parte desse movimento desde pequena, então é muito massa ver esse movimento crescendo. Na época quando eu era menorzinha este movimento não estava tão grande como está agora. Então, é lindo ver que está acontecendo”, diz a miss.
A coordenação explicou que a ideia do concurso, de forma geral, é escolher meninas empoderadas, com opinião formada sobre temas importantes, com carisma, responsáveis e com personalidade.
Os jurados avaliaram os seguintes critérios: carisma, empatia com o público e o júri, teste de conhecimento da realidade indígena, com respostas das perguntas, criatividade e performance de passarela.
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Pintura com jenipapo
Uma das atividades favoritas da jovem é a pintura com sumo de jenipapo – a fruta tropical é uma fonte natural de corante. Com a tinta, ela faz pintura corporal com grafismos indígenas e também personaliza ecogabs e roupas. “A pintura é uma armadura de guerra, traz muita ancestralidade, muita força, é como uma terapia”, conta.
O próximo passo de Letícia é participar do Miss Indígena de Roraima, que acontece no dia 4 de março, em Boa Vista. A disputa tem oito participantes. O prêmio é de R$ 2 mil para a primeira colocada, R$ 1,2 mil para a segunda, e R$ 700 para a terceira.
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