Indígenas reativam barreira para impedir entrada de garimpeiros na Raposa Serra do Sol

Conselho Indígena que tem acompanhado a situação da barreira, disse que não foi proibida a entrada de alimentação, agentes de segurança pública, saúde e serviços essenciais

O Movimento Indígena da Etnoregião Serras, da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, reativou por tempo indeterminado o posto de vigilância e monitoramento, próximo a ponte do Urucuri, que dá acesso ao municipio de Uiramutã.

A medida foi realizada no dia 1º deste mês. Segundo o movimento, a intenção é impedir a entrada de bebidas alcoólicas e de garimpeiros na região.

Foto: Emily Costa/Arquivo/G1 RR

A Polícia Militar (PM) esteve no local após ser acionada por moradores que afirmaram terem sido impedidos de passar com mantimentos para o município.

Procurado, o Governo de Roraima disse que o estado está dialogando com as autoridades municipais e indígenas, sobre a melhor forma de resolver a situação e que está “fazendo o possível para desmobilizar a barreira colocada na rodovia de forma harmoniosa”. (Veja a nota completa abaixo).

O G1 teve acesso à carta escrita pelo movimento relatando a situação na região. Os indígenas dizem que o aumento no número de garimpeiros tem causado violências, como o consumo de bebidas alcoólicas, invasões, ameaças de morte contra lideranças, aliciamento de indígenas e a contaminação dos rios e igarapés.

Nesta quarta-feira (3) o Conselho Indígena de Roraima (CIR) afirmou que garimpeiros formaram “favelas” com comércios ilegais dentro da Raposa Serra do Sol. Lideranças afirmam que há um bar e um mercado, ambos ilegais, atendendo os invasores. Dizem, ainda, que houve o aumento de barracões com lonas na região, além do número de garimpeiros na área passar de mil pessoas.

A Raposa Serra do Sol tem 1,7 milhão de hectares e é uma das maiores terras indígenas do país. Ela fica dividida entre os municípios de Normandia, Pacaraima e Uiramutã, todos ao Norte do estado. Segundo o Instituto Socioambiental, há cinco povos que somam 26.048 indígenas vivendo no local.

Ao G1, o CIR disse que tem acompanhado a situação da barreira, e informou que não foi proibida a entrada de alimentação, agentes de segurança pública, saúde e serviços essenciais. Além de, até o momento, não ter informações sobre possíveis conflitos.

Entre as regras da barreira, o Movimento proibiu a entrada de turistas e determinou que todos os veículos, até mesmo os de órgãos oficiais, passem por vistoria.

O que foi determinado

  • Horário de funcionamento em dois turnos: das 6h às 21h e das 21h às 06h;
  • Todos os veículos passarão por identificação e vistoria, inclusive os oficiais, com exceção dos casos de remoção de pacientes;
  • Durante o período noturno, somente os carros oficiais poderão passar (após identificação e vistoria).
  • A entrada de turista está proibida.


Nota do governo 

O Governo de Roraima esclarece que as forças estaduais estão dialogando com as autoridades municipais e indígenas, sobre a melhor forma de resolver a situação, para evitar possíveis conflitos entre moradores não indígenas do município de Uiramutã que precisam levar alimentos pela estrada e indígenas aldeados.

O Governo de Roraima respeita todos os posicionamentos e está fazendo o possível para desmobilizar a barreira colocada na rodovia de forma harmoniosa.

Esclarece ainda que não compactua com nenhuma ilegalidade em terras indígenas, que devem ser preservadas, conforme determina a Constituição, mas que o direito de ir e vir dos cidadãos deve ser respeitado. 
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