Jovem cafeicultor indígena segue leva o 3º lugar no Concafé 2020

Tecnologias de produção sustentável transformam indígenas em produtores de café

O jovem cafeicultor Tawã Aruá, de 22 anos, conquistou o terceiro lugar no Concurso de Qualidade e Sustentabilidade do Café de Rondônia – Concafé 2020. Ele segue os passos do pai, Valdir Aruá, que, em 2018, ficou em segundo lugar no mesmo concurso e se tornou símbolo de uma cafeicultura inclusiva e sustentável na Amazônia. Eles são da aldeia São Luís, na Terra Indígena Rio Branco, no município de Alta Floresta D’Oeste, que fica cerca de 600 quilômetros da capital de Rondônia.

“Esta conquista é fruto de muita dedicação. O café é hoje pra gente a valorização e o reconhecimento do nosso trabalho e do nosso povo. Estamos provando que o indígena é capaz e que buscamos evoluir sempre”, comemora Tawã”.

Em 2018, a conquista de Valdir Aruá deu início a um processo de transformação que tem mudado a forma de enxergar a cafeicultura indígena na própria aldeia, no estado e no Brasil. Uma conquista partilhada por toda a cadeia, já que os holofotes da qualidade e da sustentabilidade dos cafés do Brasil se voltaram para a produção de Robustas Amazônicos em Rondônia.  

“Tenho muito orgulho pelo café especial que produzimos e por levar o povo indígena neste produto, que respeita a natureza. A floresta é muito importante, não só para nós indígenas como para o mundo todo. Não queremos e não precisamos desmatar. A área que temos aqui já é suficiente para uma boa produção e com qualidade”, afirma o cafeicultor Valdir Aruá.

Qualidade que transforma sonho em realidade

No início de 2018, o senhor Valdir viu a oportunidade de dar continuidade passos mais largos rumo ao seu desejo. Por meio de um projeto de parceria entre a Embrapa Rondônia e a Secretaria de Agricultura de Alta Floresta D’Oeste – Semagri, com apoio da Funai, ele recebeu instruções técnicas e ajuda para construir o primeiro terreiro suspenso com cobertura de plástico transparente da aldeia. Mal sabia ele que, naquele momento, seu sonho ganhava forma e outros tantos passaram a sonhar junto.

Como resultado desse trabalho quase artesanal da família Aruá, ainda no primeiro ano de projeto, os microlotes de quase dez sacas participaram do Concafé e ganharam o prêmio de segundo lugar, assim como ficou entre os 20 melhores do Brasil, no Coffee of the Year – Conilon e Robusta, também em 2018.

Um projeto que começou em 2018, timidamente, com apenas três famílias, hoje atende 132. São indígenas de oito etnias, que residem em duas reservas e que estão recebendo apoio para produzir Robustas Amazônicos com qualidade, de forma sustentável ao tempo em que ganham uma fonte de renda com muito valor agregado.

Para Enrique Alves, pesquisador da Embrapa Rondônia, a cafeicultura na Amazônia é feita de sonhos e superação. Um verdadeiro exército de 17 mil famílias indígenas e pioneiras vindas de outros estados que têm em comum o amor a terra, ao ambiente amazônico e ao café. “Nem em seus melhores sonhos acredito que o senhor Valdir poderia imaginar que se tornaria mais que um cafeicultor. Seria um dos símbolos de uma cafeicultura que se reinventa para se tornar uma referência. Talvez não imaginasse que o seu amor pelo café pudesse perpetuar por gerações. Seus filhos têm orgulho dos pais que ajudaram a dar visibilidade ao cafeicultor indígena e à cafeicultura de Rondônia. Talvez esteja aí o maior prêmio que um pai pode receber: ver o seu filho dando prosseguimento ao seu sonho”, comenta Alves.

Confira vídeo sobre o café da Família Aruá:

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