Tudo começou quando Cícero Moraes entrou em contato com o Museu da Memória Rondoniense com a intenção de fazer reconstrução facial em 3D.
Rondônia faz parte do currículo de pesquisas do designer gráfico brasileiro Cícero Moraes. Ele acabou de entrar para a Mensa International, um “clube de gênios”, considerada a maior sociedade de alto QI do mundo.
Há quatro anos, durante a Campus Party em Rondônia, Cícero divulgou um estudo que unia tecnologia, história e arqueologia. O projeto ajudou na análise sobre o processo de ocupação humana no Estado.
Tudo começou quando Cícero entrou em contato com o Museu da Memória Rondoniense para ter acesso a artefatos do acervo local: crânios humanos encontrados em áreas de garimpo nas margens do Rio Madeira, entre o Porto do Cai n’água até o Belmonte. O material foi coletado por arqueólogos e garimpeiros.
A intenção era fazer a reconstrução facial em 3D. Essa técnica recria a face de um indivíduo a partir de um crânio, seja ele completo ou não. Com os recursos tecnológicos atuais, a reconstrução acontece geralmente após a digitalização da ossada.
Durante o projeto, Cícero reconstruiu, a partir do crânio coletado no Rio Madeira, o rosto de um indígena. A datação relativa dos crânios é de aproximadamente 3 mil anos.
Com a ajuda dessa reconstrução foi possível ter uma noção básica das características étnicas da população originária da época. A pesquisa é uma das peças que ajuda na memória do Estado.
“Com acesso a tecnologia eu posso estar em Mato Grosso fazendo pesquisas com o pessoal da Espanha, até da Malásia, que é tão distante. As riquezas arqueológicas, aí de Rondônia, por exemplo, são interessantes e podem ser acessadas, da parte informativa, por pessoas do mundo inteiro. Com a tecnologia que eu desenvolvo tenho a alegria de trocar informações com o mundo inteiro”,
comentou Cícero.
Quem é Cícero?
Cícero é morador de Sinop, no norte de Mato Grosso. Ele é professor, palestrante e especializado em reconstrução facial. Ele entrou para o Guinness Book 2022 – o livro dos recordes –, após reconstruir o casco de um jabuti que perdeu a proteção durante um incêndio em 2015.
Ele também participou de outra empreitada: um estudo arqueológico iniciado 25 anos atrás que somado a um minucioso trabalho de animação gráfica, revelou a face de uma das primeiras pessoas a ter habitado o Brasil, é Zuzu.
A história de Zuzu começou a ser contada em 1997, quando pesquisadores encontraram no Parque Nacional da Serra das Capivaras – onde existem mais de 1.000 sítios arqueológicos no coração da caatinga do Piauí – partes de um crânio de um indivíduo que integrou um grupo de paleoíndios.
Foi descoberto que o crânio encontrado pela equipe da pesquisadora Niède Guidon no final dos anos 1990 era de um indivíduo que viveu 10 mil anos atrás. Nomeado de Zuzu, o crânio passou a ser exibido em um dos museus do parque, e teve a sua história estudada a partir dos fragmentos encontrados e das pinturas feitas nas rochas da região.
*Por Ana Kézia Gomes, do g1 Rondônia